A Matrioska do Século XXI
Mariana Coelho Russian Doll, ou Boneca Russa em bom português, foi a aposta da Netflix para o mês de fevereiro. Para começar bem, lançaram logo no primeiro dia do mês os oito episódios da série (menos de um ano depois do início das filmagens!).
O facto de cada um durar apenas entre 25 a 30 minutos é a prova de que o tamanho não importa. São poucos, não haja dúvida. Em pouco mais de três horas, conseguimos assistir ao conteúdo na totalidade. Por isso mesmo, se estás à procura de algo para te entreter durante uma tarde, uma noite ou até uma manhã, quem sabe, agarra nas pipocas e devora Russian Doll.
A Boneca Russa é Nadia Vulvokov. Este nome não vos diz nada? Então e se eu vos disser que a atriz que protagoniza é Natasha Lyonne? Ainda nada? É a Nicky Nichols, de Orange Is The New Black! Em OITNB, exibe a sua cabeleira loira, mas desta vez opta por um tom ruivo! Contudo, não é a única cara conhecida e proveniente de OITNB: a atriz Dascha Polanco, que interpreta Dayanara Diaz, também participa em Russian Doll, ainda que não tenha um papel tão relevante.
Russian Doll centra-se na vida de uma engenheira de software que morre no dia do seu 36º aniversário. “Então, mas se ela morre, como é que fazem oito episódios disso?” Pois, aí é que está. Nadia regressa à vida múltiplas vezes, e sempre no seu dia de anos. Não importa a causa da morte, seja ela atropelamento, queda, ataque cardíaco, asfixia ou até hipotermia. A russa vê-se aprisionada a reviver o mesmo dia. Confusa ao início, percebe que tem de existir uma razão para isto lhe estar a acontecer – eis o enredo! Depois de descobrir o porquê, parte à descoberta da solução – como quebrar este ciclo vicioso?
Durante toda esta busca, esbarra com uma revelação chocante: de que não é a única a (re)viver esta situação. Alan Zaveri, personagem retratada por Charlie Barnett, também morre vezes e vezes sem conta. O que ligará estas duas almas perdidas?
O elenco conta também com a presença de Greta Lee e Rebecca Henderson, Maxine e Lizzy, respetivamente, as amigas próximas de Nadia. Dão ainda a conhecer Ruth (Elizabeth Ashley), a tia de Nadia, que permitirá atar as pontas soltas do passado da protagonista.
Para além de dar cara a este fenómeno, Natasha Lyonne foi uma das suas produtoras. Agora com 40 anos, a nova-iorquina é uma matrioska em sentido metafórico. Trata-se de uma boneca russa que contém dentro de si outras matrioskas mais pequenas. Os seus tamanhos vão diminuindo até chegar à última, que não é oca. Para a série, estas bonecas de madeira simbolizam, a meu ver, todas as versões de Nadia que acabam por “renascer” cada vez que esta morre. Vão saindo uma atrás da outra, dia após dia, com cada vez menos espaço e sucessoras. Estás confuso/a? Vê o trailer, pode ser que entendas de que falo: https://www.youtube.com/watch?v=YHcKoAMGGvY
Já está confirmado que teremos mais episódios da Boneca Russa em 2020, provavelmente no início do ano. Até lá, aproveitem para ver os que já saíram, porque só têm a ganhar. Têm de estar realmente concentrados no ecrã, senão vão perder o fio à meada. Esta série, que está há sete anos a ser construída, tem várias camadas, tal como as matrioskas. São muitas drogas, muitos dilemas existenciais e quebra-cabeças. Envolve universos paralelos e entreajuda, WC’s e dilemas existenciais. Mas, acima de tudo, tem lições de moral importantes. Arrisca!
Artigo revisto por Catarina Gramaço
AUTORIA
Depois de integrar a maioria das secções da revista, a Mariana ficou encarregue de incumbir esta paixão aos restantes membros. O gosto pela escrita esteve desde sempre presente no seu percurso e a licenciatura em Jornalismo veio exacerbar isso mesmo. Enquanto descobre aquilo que quer para o futuro, vai experimentando de tudo um pouco.