A questão dos influencers
Hoje em dia, é rara a pessoa que não tem nenhuma rede social, principalmente entre os jovens adultos. Dito isto, sabemos que, de uma forma ou de outra, quando usamos redes sociais, como o TikTok ou o Instagram, vemos vídeos feitos por outras pessoas.
Essas pessoas auto intitulam-se de influencers, na sua maioria. Mas o que é um influencer?
Um influencer é alguém que usa a sua presença online para influenciar o seu público, quer em relação a decisões de compra, quer ideais políticos ou até comportamentos. Se pensarmos nisso, chega a ser um pouco assustador, pessoas que não conhecemos de lado nenhum terem tanta intromissão nas nossas vidas e nos nossos pensamentos.
“Há 300 milhões de pessoas que se identificam como influencers”, diz-nos o artigo do Público, O futuro da publicidade passa por «complementaridade» com influencers. 20 maio 2024
Uma das minhas questões sobre ser influencer é se deve ser considerado um emprego ou não. Creio que fazer vídeos para a internet não deveria ser considerado um emprego (mesmo que alguns influencers ganhem bem mais do que o salário mínimo português). Qualquer emprego em que pensemos tem valor na comunidade: enfermeiros, homens das obras, músicos, jornalistas, advogados, limpadores de rua. Todos estes prestam serviços à comunidade e, na minha opinião, não há um serviço indispensável em que os influencers nos sirvam. No entanto, consigo ver aspetos bons na sua existência. Com a partilha de ideias na internet de uma forma tão fácil, as opiniões são disseminadas, dando-nos perspectivas diferentes sobre variados assuntos.
Penso que, para podermos seguir e ouvir influencers sem deixarmos que a nossa personalidade própria seja substituída por uma criada pela internet, precisamos de ter bases e conhecer o mundo, conhecer o que se passa e o que se passou. De outra maneira, seremos facilmente influenciados a ter opiniões que nunca pensámos ter, apenas porque vimos alguém «de quem gostamos» na internet a falar sobre isso. Não só isso, mas sinto que os próprios influencers, exatamente porque se chamam assim, têm de tomar algum cuidado com aquilo que passam cá para fora, porque, sim, há pessoas que vão tomar isso como exemplo, seja bom ou seja mau, porque foram influenciadas a tal. Acaba por ser uma grande responsabilidade e os influencers têm de ter noção do poder de que dispõem, e não só do dinheiro e mais-valias que recebem.
De alguma forma, sinto que as fake news também estão relacionadas com os influencers. Ora, assim como as opiniões se disseminam, ideias erradas do que se passa também. É muito fácil pegar num telemóvel e gravar um vídeo a partilhar qualquer tipo de informação, verdadeira ou não. Não só gravar vídeos, mas também escrever tweets ou partilhar publicações cuja informação não seja factualmente verificada.
Mas os influencers são mais do que isso. Músicos mundialmente famosos, atores, políticos — todos eles têm o poder de influenciar qualquer sociedade. Por algum motivo é normal pensarmos que, só porque essas pessoas são quem são, de repente sabem mais e o que eles dizem e partilham nas redes sociais ou em Late Night Talks é totalmente certo e irrefutável. Além disso, o que é que nos diz que estas pessoas são mais do que as outras, apenas porque têm fama e rios de dinheiro?
Nunca pensamos em políticos como influencers, a questão é que as campanhas são exatamente isso — maneiras de influenciar a população a votar neles. Neste caso, já acho que seja um emprego. Políticos e publicitários, que estudaram exatamente para publicitar algo e fazer com que seja usado ou comprado, também são influencers.
Consigo concluir que há maneiras diferentes de olhar para influencers, e diferentes tipos dos mesmos. Continuo a ter os influencers (nas redes sociais) como aproveitadores inteligentes daquilo que a internet lhes pode dar. Em relação aos artistas que fazem o mesmo, penso que é preciso ter cuidado com o que se diz e até com o que se pensa, visto que podem ser «cancelados». Os restantes estão apenas a fazer o seu trabalho, apesar de sabermos que na política nem sempre é por um bem maior, mas isso é artigo para outro dia.
Artigo revisto por Constança Alves
Fonte da capa: Pexels
AUTORIA
A Leonor sempre adorou escrever, desde pequenina. Quer fossem histórias de fantasia ou uma notícia, ela escrevia. Era uma menina muito extrovertida e social, mas quando escrevia gostava de o fazer sozinha. Faz rádio desde os 9 anos e adora dar a conhecer a sua opinião. Está neste momento a estudar jornalismo e sabe que a Magazine lhe vai proporcionar uma ótima experiência e permitir à Leonor de 9 anos continuar a escrever como sempre adorou.