A tentação de se ser um atrasado mental – parte 4321: juízos de (muito… pouco) valor
O juiz, alegadamente qualificado para tal, senhor excelentíssimo Neto de Moura é retardado. Num alinhamento de estrelas quase inédito, pode-se dizer que o país inteiro (ou quase) concorda com esta afirmação. A questão em torno destes casos e da ignobilidade e profunda estupidez desta pessoa, que nem deveria ser qualificada para existir, quanto mais para ser pago para impor a lei a partir do seu tremendo apurado sentido de justiça, que se torna inválido quando a sua balança moral e ética está completamente aos papéis, não se trata de feminismo, nem muito menos de questões matrimoniais ou de adultério, etc. É uma questão de lógica e bom-senso, que estão acima de qualquer tópico ou ideologia. O adultério é uma atividade reprovável, dependendo da pessoa com a qual falamos, apesar de muitas das vezes ter origem em sentimentos de abandono, na necessidade de nos sentirmos apreciados, amados, etc. Partindo do princípio de que um relacionamento inclui duas pessoas sensatas e equilibradas, acabar com uma relação antes que esta chegue ao ponto de adultério poupa sempre os sentimentos das pessoas e permite-lhes seguir em frente, mas é, aparentemente, mais difícil. Aproveitarmo-nos de alguém, quer por sermos mais fortes fisicamente ou por estarmos numa situação hierárquica superior, não só é reprovável, como é doentio. Se for ao ponto de agredir alguém e de lhe furar um tímpano, não só é doentio, como é suficiente para nos levar ao xelindró. Resta saber se é por muito tempo ou por muito, muito tempo. Ora bem, nem tudo é opressão, mas isto é, claramente. Não entender isto e justificar a sua distorcida e, neste contexto, ultramachista e supremacista visão da realidade com base num livro de mitologia, escrito pelo George R.R. Martin/J.R. Tolkien da idade clássica, é motivo para se ser erradicado da esfera pública ou, pelo menos, ser despedido.
Mas depois ter a lata de vir chorar em público, porque gozaram com o menino por ser estúpido, dá pena. Louvo a coragem: é preciso não ter qualquer vergonha ou pudor ao processar figuras públicas – na sua maioria com a sua imagem bem vista ou bem recebida pelo público geral –, porque o criticaram no âmbito daquilo que fazem, que é exagerar a realidade em prol do entretenimento e, em alguns casos, da comédia. Isto é, porque nem todos são comediantes, visto que não são muito engraçados, apesar de tentarem. É triste, no entanto, porque pode apenas significar que o senhor queria os seus 15 minutos de fama à custa da sua própria atrasadice. Mostra ainda maior bravura porque, em 2019, é alguém que justifica a violência contra outros seres humanos com base numa retórica medieval, quiçá pré-histórica, o que faz a sua indignação ainda mais audaz e louvável. Não sei se o senhor tem mulher, nem sei se quero saber, porque tanto é uma pessoa aparentemente insignificante, como poderá ser um perigo para essa hipotética mulher. Por isso, convém falar alto para que o homem não despose ninguém.
Nem sei se hei de ter pena da sua mulher. Tanto pode sofrer às custas desta amostra de ser, como pode apenas não ter uma grande inteligência, submetendo-se a uma possível agressão sem que se tenha apercebido de que se calhar é melhor deixá-lo. De qualquer maneira, gostos não se discutem. Ao douto juiz, desejo que nunca esteja numa situação semelhante à das mulheres cujos casos ajuizou. Numa situação na qual lhe possam furar um tímpano, partir uma perna ou até degolá-lo. Não há nada mais perturbador e desesperante do que reconhecermos a nossa própria impotência perante uma certa adversidade e, se alguma vez o sentir, que lhe sirva de lição e que sofra ao ponto de temer pela sua própria vida. Sair de casa e olhar de soslaio a 360 graus, tipo coruja, contorcendo o seu pescoço com medo de ser degolado, contorcendo o seu umbigo com medo de ser apunhalado, medindo cada passo que dá sem saber se será o seu último e que viva dentro da sua própria mente e que o sentimento de incerteza e de impending doom o consuma até ao seu último suspiro. Mas não me processe que eu estou teso.