Desporto

Adota um jogador: uma “razão” para se acompanhar cada equipa da NBA

A NBA não só é a melhor liga de basquetebol do planeta, como é, provavelmente, a mais interessante e eletrizante liga de desporto da atualidade. O drama não faz o desporto nem o espetáculo mas, tendo em conta que estes são atletas e praticantes da maior elite que se pode desejar, as intrigas que vão surgindo e as tensões que vão acumulando criam rivalidades e uma atmosfera apaixonante que faz do basquetebol americano o pináculo do sports entertainment no mundo. Mas longe das dream teams, das “cobras” e das superestrelas, há sempre outras razões para ver em ação as melhores equipas do basquetebol mundial, e há poucas coisas mais gratificantes no desporto do que ver aquelas promessas e underdogs a despontar e a revelar, finalmente, todo o seu potencial ou, pelo penos, parte dele. A melhor parte é que cada equipa tem sempre um desses atletas. No entanto não me cinjo, necessariamente, aos draftees mais reputados (na lotaria) ou a jogadores selecionados este ano, ou até a jovens.

 

Philadelphia 76ers – Furkan Korkmaz

 

O “processo” está praticamente consolidado na medida em que as muitas picks que o deus Hinkie foi acumulando ao longo destes últimos anos para os Sixers deram dois dos melhores jogadores da atualidade (o Mr. Process, Joel Embiid, e Ben Simmons) e um aspirante a tal em Markelle Fultz, e com a adição de experientes role players como J.J. Redick, a equipa transformou-se numa das mais fortes da Conferência Este, e certamente beneficiará, tal como todas as outras equipas de Este, com a saída de LeBron para a Califórnia.

O jovem turco, Korkmaz, foi a 26ª escolha do draft do ano passado. Aos 17 anos já jogava na Euroleague ao serviço do Anadolu Efes, mas não era regular, e foi emprestado nas duas épocas seguintes. Ao serviço do Banvit, foi o melhor jovem da Champions League, a terceira competição europeia na hierarquia. Um base/extremo de tremendo poder ofensivo, Furkan, conseguiu o quinto melhor registo de pontos da história da Summer League quando, no primeiro jogo da edição deste ano, amealhou 40 pontos em 28 minutos contra os Celtics, incluíndo oito triplos. Se conseguir melhorar a sua consistência, sobretudo a nível defensivo, poderá ser uma importante peça na segunda unidade de Philadelphia. O australiano Jonah Bolden é outro jovem a ter em conta. Selecionado no ano passado, o poste esteve ao serviço do Maccabi Telavive, onde registou médias de 7 pontos e 5.5 ressaltos em 21.1 minutos na Euroliga.

 

Milwaukee Bucks – Sterling Brown

 

A adição de Mike Budenholzer, de longe um dos melhores treinadores da liga, poderá ser aquilo que as renas necessitam para levar Giannis e companhia a uma possível aparição na final da conferência. Apesar da saída de Jabari Parker para os Bulls ser um rude golpe, devido ao potencial do extremo (apesar dos seus problemas de lesões), os Bucks conseguiram reforçar-se bem, tendo em conta o skillset necessário para jogar à volta de Giannis. Brook Lopez é um jogador que não só providencia spacing à equipa como também dá solidez nos ressaltos, e será uma excelente peça complementar ao Deus grego.

Sterling Brown é um jogador ainda verde mas com potencial para ser uma interessante segunda unidade, combinando capacidade atlética com um lançamento relativamente smooth, traços que caracterizam o seu irmão, Shannon, em tempos uma das mais eletrizantes segundas opções da liga, quando foi campeão pelos Lakers. Nos seus três jogos pelos Herd, o satélite dos Bucks na G-League, Brown registou uma média de 21.7 pontos em 33 minutos, mas com percentagens medianas. Sterling foi protagonista de um episódio menos feliz com a polícia de Milwaukee, que culminou com o jovem a ser tased sem aparente razão. Obviamente, também tem de se estar atento a Thon Maker, que continua a mostrar muitíssimo potencial, mas com falta de end product e de massa muscular. Na seleção deste ano, o base campeão universitário, Donte DiVincenzo, pode causar impacto imediato, por ser um fabuloso atirador e um jogador enérgico, levando a comparações com J.J. Redick.

 

Chicago Bulls – Antonio Blakeney

 

A equipa de Fred Hoiberg tem dos mais talentosos jovens da NBA, como Lauri Markkanen, Zach LaVine, Kris Dunn, o antigo Buck Jabari Parker e a escolha deste ano Wendell Carter. Antonio Blakeney nem sequer conseguiu ser selecionado no ano passado, mas conseguiu um lugar na equipa de Chicago durante a Summer League. Impressionou e assinou um contrato two-way, e foi evoluíndo nos Bulls versão Windy City, na G-League. Muito atlético e agressivo no ataque ao cesto, Blakeney mostrou o seu talento ofensivo e foi o rookie do ano na G-League, garantindo um lugar na segunda equipa do ano (All-NBA G-League) e na equipa All-Rookie. A rotação para os bases em Chicago está bastante competitiva, mas Blakeney tem tudo para singrar na equipa e poderá ser uma importante peça vinda do banco. No entanto, a sua falta de capacidade defensiva pode vir a ser um problema.

 

Cleveland Cavaliers – Cedi Osman

 

Sem LeBron, Kevin Love é o novo rei de Cleveland, e os adeptos esperam que possa mostrar a razão pela qual era um fenómeno nos seus tempos com os Timberwolves. A escolha de Collin Sexton foi soberba, visto que o jovem base pode vir a mostrar serviço no imediato, mas o jovem turco Osman pode vir a ser aquele que beneficiará mais com a saída do rei James para os Lakers. Provavelmente o melhor jogador turco da atualidade, Cedi, que nasceu na República da Macedónia, tem o caminho livre para ser o small forward da equipa e, se conseguir realmente despontar, pode vir a ser uma das surpresas desta época e um sidekick fundamental para K-Love, com a sua soberba leitura de jogo e poder ofensivo, concretizando o potencial que lhe vem rotulado desde o seu título de MVP no campeonato do mundo de sub-20 em 2014, que a sua Turquia venceu. Ante Zizic será outro jovem a ter em conta e pode aproveitar para ter mais alguns minutos, sobretudo se Tristan Thompson desapontar, como fez durante a maioria da época passada (à exceção de algumas excelentes prestações nos playoffs).

 

Boston Celtics – Guerschon Yabusele

 

Gordon Hayward está praticamente a todo o gás e isso faz dos Celtics a melhor equipa da Conferência Este. Não há nenhuma equipa com o poderio da equipa de Boston no Este, e não chegar à final da conferência será um tremendo desaire. No ano passado, Jaylen Brown, Jayson Tatum e Terry Rozier despontaram e apoiaram Kyrie, que entretanto se lesionou, e Al Horford na surpreendente demanda para a final da conferência, onde foram derrotados pelo possuído LeBron. Se não houver mais nenhuma grave lesão, será esse o caminho.

Yabu é um jogador interessante: apesar de ser um jogador possante, é um atleta competente para o físico e mostra alguma capacidade ofensiva, sobretudo no lançamento. A 16ª escolha de 2016 passou um ano na China onde foi All-Star, com apenas 21 anos. Se controlar e diminuir o seu peso, e, por consequência, melhorar a sua mobilidade, o jovem francês, pugilista em criança, pode vir a ser uma importante peça e, quem sabe, destronar Aron Baynes na rotação e consolidar-se como a segunda opção a Al Horford. Ou também pode ser destronado por Robert Williams, a escolha deste ano e um jogador de tremendo potencial a nível defensivo, mas que já mostrou algumas coisas menos boas fora do court.

 

Los Angeles Clippers – Boban Marjanovic

 

O senhor do logo está a fazer das suas e a reconstrução da outra equipa de LA está bem encaminhada. O versátil base vindo de Kentucky, Shai Gilgeous-Alexander, é um bom ponto de partida e retorno para o processo encabeçado por Jerry West (apesar de ter escolhido Miles Bridges). Mas, muitas vezes a atenção dos adeptos dos Clippers passa pelo gentil gigante Boban e pelo seu parceiro no crime, o talentoso extremo Tobias Harris. Boban já leva 30 anos, tal como o seu compatriota, o mágico, antigo e base do CSKA de Moscovo, Milos Teodosic, mas é um dos mais interessantes jogadores da NBA. Apesar de ser uma lesma e um buraco negro na defesa, o fã nº1 de Ariana Grande não só causa incomensuráveis enxaquecas às segundas unidades da liga devido à sua inteligência e perspicácia em situações de pick and roll e de marcação interior, como também é um excelente ressaltador ofensivo. Nem que seja só para acompanhar o bromance com Tobias e todas as suas façanhas, Boban é das mais peculiares figuras da liga, até dentro de campo.

 

Memphis Grizzlies – Kyle Anderson

 

A equipa do Tennessee está a tentar recuperar de uma situação de “corda bamba” na medida em que nem era má o suficiente para conseguir picks altas, nem boa o suficiente para lutar por um título. De qualquer maneira, conseguiu uma excelente seleção em Jaren Jackson, e o front office pode começar a pensar nos próximos passos, de forma a construir uma equipa a partir do jovem poste, um tremendo talento defensivo que vai ao encontro da cultura grit and grind que tem marcado o franchise nos últimos anos, e tendo em conta que Mike Conley e Marc Gasol já mostram alguns sinais de declínio.

“Slo-Mo” Kyle Anderson segue o molde de Boban, na medida em que o seu estilo antiquado traz consequências negativas. O antigo jogador dos Spurs é um extremo que nem é atlético nem é um bom atirador, mas a sua criatividade, combinada com o seu ritmo pausado e a sua perspicácia, apanham muitos adversários desprevenidos e, tal como o sérvio, é um jogador interessante de acompanhar, apesar de também ser relativamente frustrante bastantes vezes, devido à sua falta de velocidade. Será também interessante acompanhar aquilo que Omri Casspi irá fazer depois da sua relativamente desapontante época em Golden State tal como o progresso de outros jovens como Andrew Harrison e Wayne Selden.

 

Atlanta Hawks – Taurean Prince

 

Trae Young é um soberbo jogador: a sua criatividade e poderio ofensivo são raros de encontrar, daí as suas comparações com Steph Curry. No entanto, a equipa escolheu Luka Doncic e a decisão mais sensata seria ficar com o prodígio esloveno porque jogadores como ele aparecem poucas vezes. De qualquer maneira, será a “cara” do franchise, juntamente com o atlético John Collins e o versátil Prince, que no ano passado foi dos que mais evoluiu na NBA, passando de 5 para 16.6 minutos por jogo para 30, aumentando a sua média de pontos de 5.7 para 14.1. No entanto, sobretudo na segunda metade da época, o extremo registou algumas incríveis performances, incluindo dois jogos de 38 pontos e um de 33 contra os Celtics, num jogo em que a equipa venceu. O forte de Prince é a nível defensivo, mas se conseguir amealhar performances destas de forma mais consistente, os Hawks podem ter em Prince uma estrela, numa espécie de Kawhi low-value, permitindo a Young e Collins mais margem de manobra na evolução de cada um e, quem sabe, atrair veteranos e outros bons jogadores (não só Vince Carter e Jeremy Lin) para atacar a Conferência Este.

 

Miami Heat – Derrick Jones

 

A equipa da Flórida ainda está numa espécie de “ressaca” do fim dos big 3: LeBron já na outra ponta do país, Chris Bosh retirou-se por causa do seu problema de saúde e D-Wade, uma sombra daquilo que foi, prepara-se para o tour da reforma, na sua última época. Liderados pelo refinado mas duro base esloveno Goran Dragic, pelo inconsistente mas destemido Dion Waiters e pelo consistente e confiável Josh Richardson, os Heat esperam conseguir um lugar nos playoffs.

Bam Adebayo e Justise Winslow são os mais promissores jogadores da NBA, mas o extremo Derrick Jones é um jogador tão ou mais intrigante do que ambos: um fenomenal atleta e um virtuoso finalizador que vai ser regularmente escalonado para o concurso de afundanços, mas o seu end product é limitado, aparte de alguns rasgos a nível defensivo. Mas, se conseguir atinar, o jovem de 21 anos pode vir a fazer a diferença vindo do banco com o seu impressionante impacto físico.

 

Charlotte Hornets – Willy Hernangómez

 

A equipa de MJ não é a mais bem gerida e, apesar de albergar em Kemba Walker um dos melhores jogadores da liga, o FO ainda não conseguiu rodear do base talento, suficientemente bom para conseguir resultados respeitáveis e treinadores com pedigree suficiente para deles retirar o máximo de “sumo”. A adição de Mitch Kupchak em nada ajuda as ambições do franchise da Carolina do Norte.

O poste espanhol, sólido no jogo interior e no ressalto, representou a comitiva que alcançou o bronze no Rio de Janeiro. Nos Knicks, era visto como uma peça para o futuro e como, possivelmente, o poste da equipa, ao lado do “unicórnio” Porzingis. Foi com algum desapontamento que muitos dos adeptos da equipa de Nova Iorque viram a partida de Willy, que em Charlotte espera relançar a carreira apesar de ter alguma concorrência na sua posição (Biyombo e Kaminsky). No entanto, com um pouco de confiança do novo treinador, James Borrego, o mais velho dos manos – Juancho joga pelos Nuggets – pode vir a pegar de estaca. Obviamente, Malik Monk e Miles Bridges estarão debaixo de olho como os mais promissores jovens da equipa.

 

Utah Jazz – Dante Exum

 

A equipa de Salt Lake foi uma agradável surpresa no ano passado: após a saída de Gordon Hayward, a equipa ficou sem o seu principal marcador e sem grandes esperanças de uma aparição bem-sucedida nos playoffs. A lesão de Rudy Gobert não contribuiu em nada no início de época: depois da saída de Hayward, gerou-se um debate à volta de qual dos dois seria o mais influente na equipa. O debate foi suspenso quando a época começou e o fenómeno Donovan Mitchell tomou as rédeas da equipa e registou uma das melhores épocas de um rookie dos últimos anos, caindo por terra depois de Gobert regressar: o francês elevou os Jazz a um patamar de excelência e a sua presença faz da equipa uma das melhores defesas da liga.

O australiano Dante Exum tem sofrido com lesões desde que entrou para a liga. A 5ª escolha de 2014, Exum, é um versátil base com a criatividade para manobrar a equipa, capacidade atlética e inteligência para manter a cultura defensiva da equipa. Ainda com 23 anos, tem algum tempo para explodir, mas será sempre difícil competir com Ricky Rubio. O seu compatriota, Joe Ingles, é outro jogador a ter em conta, apesar de já não ser um jovem.

 

Sacramento Kings – Skal Labissière

 

Já lá vão muito longe os tempos em que os Kings eram das melhores equipas da NBA, quando no início da época de 2000 praticavam do melhor basquetebol que já se viu em tempos recentes na liga. Vlade Divac regressou a Sacramento, mas o seu trabalho como GM tem sido questionável apesar de ter havido um acerto recentemente com as escolhas: De’Aaron Fox vai ser dos melhores bases da liga e, apesar de haver algumas dúvidas em relação ao verdadeiro potencial de Marvin Bagley, o poste escolhido este ano promete ser, no mínimo, uma excelente peça para a equipa californiana.

O haitiano Labissière foi um fenómeno no liceu e, antes de singrar na universidade de Kentucky, era visto como um potencial candidato a ser a primeira escolha do draft de 2016: o treinador da UK, o reputadíssimo John Calipari, comparava-o a Anthony Davis. Após uma desapontante época, o stock de Labissière caiu para o 28º lugar na altura da sua escolha. Skal era visto como um bom atirador, especialmente de meia distância e muito do seu insucesso é atribuído ao facto de não se ter adaptado ao estilo de jogo mais tradicional e interior incentivado por Calipari. Aos 22 anos, Labissière já passou por muito na vida: foi obrigado a vir para os Estados Unidos depois do terramoto de 2011 na sua pátria e parece ter perdido a confiança nas suas capacidades nos últimos anos.

 

New York Knicks – Luke Kornet

 

Avizinha-se um ano difícil para Nova Iorque, uma cidade habituada ao sucesso e ao espetacular, e com um dos públicos mais exigentes e difíceis de lidar: a superestrela da equipa, Kristaps Porzingis, pode nem sequer jogar esta época para certificar-se que a sua lesão recupera totalmente. No entanto, o poste letão corre o risco de nunca mais voltar ao mesmo, devido à natureza da sua lesão (rutura do ligamento anterior cruzado). Isto pode ser interessante do ponto de vista de um possível tank, a partir do qual os Knicks podem garantir, para o ano, outro excelente talento. Aqueles já em Nova Iorque, como Frank Ntilikina, Kevin Knox e Mitchell Robinson, podem beneficiar com um ano sem compromissos, no qual têm carta-branca para cometer erros e evoluir, numa equipa com tremendo potencial.

Luke Kornet é o líder universitário em triplos por jogadores com mais de 7 pés (na medida americana; a partir dos 2,13 metros no sistema métrico). Na sua estreia na NBA, contra os Raptors, finalizou com 11 pontos, 10 ressaltos e 4 desarmes em 22 minutos. Apesar de já ter 23 anos, Kornet pode vir a dar um excelente stretch 5, e no pico da sua carreira, com 20/25 minutos por jogo, pode vir a ser uma arma interessante vinda do banco, especialmente se continuar em Nova Iorque e jogar ao lado de um revigorado unicórnio.

 

Los Angeles Lakers – Josh Hart

 

O circo já anda normalmente à volta de Hollywood, mas a chegada de LeBron traz outra aura à cidade dos anjos, especialmente tendo em conta a história dos Lakers e muitos dos jogadores que vieram consigo. Se LeBron conseguir pelo menos chegar à final da Conferência Oeste e dar alguma luta aos adversários (cough, Warriors, cough) com a trupe dos memes/estarolas composta por Lance Stephenson, JaVale McGee e Michael Beasley, e com os jovens em ascensão, nomeadamente Lonzo Ball e Brandon Ingram, a sua candidatura a GOAT/melhor de sempre ganha ainda mais peso.

Josh Hart pode beneficiar imenso com a vinda de LeBron. Se jogar ao lado do rei, o jovem atirador, campeão universitário em 2016, vai ter imensas oportunidades para mostrar toda a sua capacidade de lançamento e, quem sabe, explodir definitivamente. Outro que poderá beneficiar é a escolha deste ano, o ucraniano Sviatoslav Mykhailiuk, outro bom atirador.

 

Dallas Mavericks – Kostas Antetokounmpo

 

Mark Cuban garantiu o futuro do franchise ao selecionar Dennis Smith no ano passado: o base é dos mais promissores jogadores da liga, e é comparado com Russell Westbrook e Derrick Rose devido ao seu físico. Sabiam lá os adeptos texanos que iriam ver de camiseta dos Mavs aquele que é considerado como o melhor talento do basquetebol europeu desde que Dirk Nowitzki se juntou à equipa. A lenda alemã está prestes a pendurar os ténis, mas continua a ser uma peça útil dentro de campo, nem que seja só pela sua experiência e uma “cola”de balneário fenomenal (um verdadeiro exemplo para os mais jovens).

Mas a última escolha deste ano pode ser a mais interessante de todas. Kostas pode não ter o potencial de Giannis: foi relativamente mediano num programa universitário igualmente mediano (universidade de Dayton, no Ohio). No entanto, Giannis era meramente um projeto de jogador quando veio para a liga, apesar de ter entrado com 18 anos. Kostas tem 21 e pode nem sequer vir a dar jogador, mas da história não reza os fracos. Com sorte, os Mavericks podem ter selecionado um futuro titular com a última escolha.

 

Orlando Magic – Jonathan Isaac

 

O franchise de Orlando é, provavelmente, dos mais mal geridos da NBA: os Magic tiveram no seu plantel dois dos mais dominantes jogadores da história (Shaq e Dwight) e acabou por forçá-los à saída contra as suas vontades, sem ganhar nenhum título. Mais recentemente livrou-se de Victor Oladipo, que explodiu no ano passado com os Pacers. Apesar do início de época fulminante no ano passado, o ambiente foi-se deteriorando, e a equipa caiu a pique na tabela da conferência.

Jonathan Isaac pode não ter o talento ou imponência de nenhum destes três, mas tem imenso potencial a nível defensivo. É alto o suficiente para um 4 e atlético o suficiente para um 3, e a sua capacidade ofensiva tem também que se lhe diga, especialmente no capítulo do ataque ao cesto e da distribuição, mesmo não sendo nenhum Ben Simmons. No ano passado, o jovem foi protagonista de um episódio que evidenciou o ambiente tóxico em Orlando, quando convidou os colegas de equipa para uma pregação sua (Isaac é religioso) e nenhum apareceu.

 

Brooklyn Nets – Caris LeVert

 

A equipa de Brooklyn conseguiu uma época decente, para variar, mas ainda tem que arcar com as consequências da horrenda troca com os Celtics, na qual adquiriram Paul Pierce, Kevin Garnett, Jason Terry e D.J White por troca com o futuro da equipa. De qualquer maneira, a equipa está agora no bom caminho com D’Angelo Russell, por troca com os Lakers, Jarrett Allen, selecionado no ano passado, e o base LeVert, selecionado há dois anos. Caris melhorou relativamente em relação à sua primeira época, passando de 8.2 pontos em 21.7 minutos para 12.1 em 26.3. A maior e melhor surpresa foi o seu aumento de 1.9 assistências para 4.2. LeVert é um versátil e promissor combo guard com alguma qualidade defensiva, provando ser uma boa peça complementar a Russell, que tende a ser mais marcador do que distribuidor e peca a nível defensivo. Spencer Dinwiddie mostrou-se a excelente nível no ano passado e, apesar de ter grande concorrência de Russell e LeVert, é uma peça interessante na equipa e pode até ser usado como moeda de troca por algum outro jogador noutra posição que interesse ao franchise.

 

Denver Nuggets – Isaiah Thomas

 

Denver é dos melhores sítios para se jogar basquetebol de momento: não só possuem jogadores incrivelmente talentosos, que praticam um estilo ofensivo e agradável (encabeçado por Nikola Jokic), como também existe excelente ambiente.

Isaiah Thomas vem do ano mais difícil da sua vida. Perdeu a irmã durante os playoffs de 2017 e marcou 53 pontos no jogo após a sua morte, contra os Wizards. Os Celtics tomaram a decisão de negócios acertada ao trocá-lo por Kyrie. IT teve problemas em adaptar-se a Cleveland e a LeBron, e saiu a meio da época para os Lakers: aparentemente era considerado um dos “cancros” de balneário. Em Los Angeles mostrou rasgos, mas parece estar claramente longe daquilo que fez na sua última época com os Celtics, quando marcou 29 pontos por jogo. O diminutivo base adapta-se bem ao estilo ofensivo de Denver, e pode ser um forte candidato ao prémio de sexto homem, se mostrar serviço, mas o trio de Jamal Murray, Gary Harris e Will Barton pode comer-lhe muitos minutos. Michael Porter é aposta para o futuro: o talentoso extremo vem de uma lesão grave, que lhe custou um lugar mais acima no draft mas, se mostrar aquilo que fez dele um dos mais talentosos prospects antes do seu último ano de universidade, a equipa de Denver pode ganhar em Porter o elemento final para uma candidatura a um título num futuro próximo.

 

Indiana Pacers – Domantas Sabonis

 

Indiana foi outra agradável surpresa no ano passado, muito por causa da revelação de Victor Oladipo não só como um fabuloso cantor, mas como um dos melhores jogadores da liga. O treinador Nate McMillan, outrora visto como um pária, é agora um treinador respeitado e apreciado, e foi premiado recentemente ao ser nomeado adjunto da seleção americana pelo treinador, o deus Gregg Popovich.

De Oklahoma City também veio Domantas Sabonis. O jovem lituano tem algum peso nos ombros, visto ser filho daquele que é provavelmente o melhor jogador da história do basquetebol: apesar de ter vindo para a NBA com 31 anos, Arvydas ganhou um estatuto lendário na Lituânia e na Rússia devido às suas performances no final dos anos 80, quando ganhou o ouro olímpico com a seleção soviética nos jogos de Seul. Domantas pode não ter os dons do pai, mas é um poste refinado e inteligente, e ainda tem margem de progressão apesar de ter as suas lacunas a nível atlético. Também tem de competir com Myles Turner, um jogador com o qual não é muito compatível no court em termos de skillset, especialmente a nível defensivo.

 

New Orleans Pelicans – Elfrid Payton

 

O rei de Nova Orleães ficou sem Boogie e sem o seu playmaker Rondo e, por isso, vai ter de carregar a equipa às suas costas, juntamente com Jrue Holiday, que deu um ar da sua graça durante os playoffs, especialmente a nível defensivo. Agora, o pavão Elfrid Payton já cortou o seu cabelo e pode agora mostrar aquilo que vale sem que tenha algo a interferir no seu campo de visão. Substituir Rondo é uma tarefa difícil, sobretudo a nível da criação de jogadas visto que o experiente base dos Lakers é um jogador com inteligência e leitura de jogo fora do comum, digno de um prodígio e de um hall of famer, apesar das suas lacunas em termos de consistência e lançamento. Payton tem potencial para ser um excelente playmaker e também não é um atirador de alto gabarito, mas tem mais alguns anos para continuar a evoluir: aquilo que se calhar não consegue mudar é a sua intensidade que, por vezes, é desapontante. Obviamente será interessante de acompanhar aquilo que Jahlil Okafor, a terceira escolha de 2015, consegue fazer em Nova Orleães. O poste é um jogador antiquado e com graves lacunas, mas é indubitavelmente talentoso.

 

Detroit Pistons – Henry Ellenson

 

A vinda de Blake Griffin deu outro ar à equipa da cidade da indústria automóvel, e a parceria com Andre Drummond, que se adaptou bem à vinda do antigo Clipper, pode vir a dar que falar como um dos melhores frontcourts da NBA, especialmente com a vinda de Dwane Casey, o antigo treinador dos Raptors.

Henry Ellenson é um poste promissor, especialmente a nível ofensivo, mas ainda não se conseguiu impor na liga. No ano passado nem sequer conseguiu jogar mais de 10 minutos por jogo, especialmente porque parece ainda não se ter adaptado ao ritmo da liga e, com a concorrência de peso, pode não ter muito tempo para se impor. O base Luke Kennard, selecionado no ano passado, é a maior esperança da equipa, e tem potencial para ser dos melhores atiradores da liga.

 

Toronto Raptors – Pascal Siakam

 

Vivem-se tempos de incerteza em Toronto: após uma época regular irrepreensível, os playoffs chegaram e, mesmo assim, não houve poder suficiente para travar LeBron. Dwane Casey saiu. Aquilo que não se esperava era a saída de DeMar DeRozan para San Antonio, acabando com a parelha com Kyle Lowry, com quem mantinha uma forte relação dentro e fora do court. Por outro lado, Kawhi é a nova cara do franchise e, apesar de haver algumas reservas em relação à lesão que contraiu no quadríceps no ano passado, o extremo continua a ser dos melhores jogadores da liga quando está a 100 por cento e pareceu estar perto disso na pré-época.

Algo que os Raptors não perderam foi a sua tremenda profundidade e qualidade no banco, excetuando a saída de Jakob Pöltl, que foi com Deebo para o Texas. No entanto, jogadores como Fred VanVleet, Delon Wright e Siakam são peças-chave no bom funcionamento da esquadra canadiana. O poste/extremo camaronês é estupidamente veloz para a sua altura e mostra já grandes resultados a nível defensivo. Ataca bem o cesto e lê bem o jogo: com mais alguma evolução poderá até destronar Serge Ibaka e ocupar a posição do hispano-congolês.

 

Houston Rockets – Zhou Qi

 

A equipa mais “quente” da liga deu-se muitíssimo bem na última temporada com a adição de CP3, ao contrário do que aquilo que se esperava: pediam-se duas bolas em campo para Paul e Harden. Não só se complementaram, como se elevaram. No entanto, não foi suficiente para destronar os Warriors e, este ano, pedia-se mais um jogador de grande calibre para além das duas estrelas e de Clint Capela, que é claramente um dos melhores postes da liga e alguém numa situação ideal em Houston. Creio que esse alguém não era Carmelo Anthony e o antigo coordenador defensivo da equipa, Jeff Bzdelik, parece concordar visto ter-se retirado. No entanto, será interessante de ver se consegue ou não fazer algo de jeito, especialmente com Harden e Paul: o seu grande problema no ano passado foi não se conformar com ser um atirador para Westbrook, e este ano esse será o papel esperado para Melo.

O poste chinês vive na sombra do melhor jogador da história do seu país, e fez de Houston a sua casa. Qi mostra potencial para ser uma boa opção vinda do banco: é um bom atirador e mostra alguma capacidade defensiva, mas tem falta de físico. Independentemente disso, qualquer boa prestação do jovem poste será bem-vinda, especialmente na sua pátria e até na cidade texana: Yao Ming é uma lenda em Houston e seria incrível se Qi conseguisse ter um papel determinante numa equipa campeã. Eu queria incluir Bruno Caboclo, mas a lenda ainda está a um ano de estar pronta: foi dispensado. O rookie Gary Clark, por outro lado, impressionou durante a pré-época.

 

Phoenix Suns – Dragan Bender

 

A equipa de Phoenix parece ter adicionado a peça que faltava na evolução da equipa em Deandre Ayton: o poste da casa (vem da universidade do Arizona) é dos mais promissores talentos da turma deste ano. Para além dele, Mikal Bridges mostra grande potencial a nível defensivo e, tutorado por Trevor Ariza, com quem é comparado, pode tornar-se num defensor de elite e formar uma impenetrável parelha com Josh Jackson, colmatando a falta de calibre defensivo da estrela da equipa, Devin Booker.

A peça que pode fazer dos Suns a mais promissora esquadra da NBA poderá ser o poste croata, que com 2.15 metros mostra enorme potencial a nível ofensivo, sendo um atirador e distribuidor competente com mobilidade aceitável. Jogando a 4 e com Ayton a 5, os Suns podem recriar uma espécie de ofensiva à lá Mike D’Antoni, com um poste físico, outro mais de “esticanço”, dois fenomenais defensores com capacidade de lançamento e slashing, e um talento ofensivo e criativo transcendente, já para não falar do novo treinador, o atual campeão europeu em título, o esloveno Igor Kokoskov. Bender ainda vai completar 21 anos e mostra estar relativamente verde: em 25 minutos por jogo na época passada, registou 6.5 pontos em 38 por cento de lançamentos de campo.

 

San Antonio Spurs – Jakob Pöltl

 

Não se vivem tempos felizes em San Antonio: Manu retirou-se e Tony Parker foi para Charlotte, acabando com os resquícios, no court, do trio maravilha, completado por Tim Duncan: Pop é o único que resta, como o dinossauro que é. A novela à volta de Kawhi surpreendeu tudo e todos no Texas e no mundo do basquetebol, e limitou as chances da equipa nos playoffs: mesmo assim, incríveis performances de LaMarcus Aldridge e o génio do timoneiro possibilitaram à equipa alguns bons resultados. Agora, as esperanças estão depositadas em DeRozan e Aldridge: o mais promissor jogador da equipa, Dejounte Murray, não joga esta época visto ter rompido o ligamento anterior cruzado. O jovem base Lonnie Walker, escolhido este ano e o outro base Derrick White não jogam nos próximos dois meses, deixando Patty Mills sozinho.

Com DeRozan, veio o poste austríaco, que mostra grande potencial no geral, especialmente no pick and roll. Com a tutoria de LMA e Pau Gasol e sob o coaching de Pop, que trabalhou com dois dos melhores postes de sempre, Pöltl tem tudo para elevar o seu jogo e transformar-se num dos mais promissores postes da liga.

 

Oklahoma City Thunder – Nerlens Noel

 

Carmelo Anthony não foi a peça que os Thunder necessitavam para conseguir rivalizar com os Rockets e Warriors, mas Paul George não só mostrou que é a estrela que Westbrook precisava ao seu lado dentro do court, como fora dele, ao declarar a sua lealdade ao franchise, comprometendo-se a jogar ao lado do Brodie.

Neste cenário, Jerami Grant será o novo titular: o extremo mostrou que a sua combinação de defesa e presença inside-outside são compatíveis com os estilos de Westbrook e PG13. Mas a contratação de Nerlens Noel pode ser crucial. O poste vem de uma situação dura em Dallas, após a novela à volta da renovação do seu contrato. Apesar de um ano sem jogar, Noel mostrou na pré-época os rasgos defensivos que ainda fazem dele um muitíssimo promissor protetor de cesto, garantindo essa qualidade à equipa, mesmo se o kiwi Steven Adams não estiver em campo.

 

Minnesota Timberwolves – Andrew Wiggins

 

Vive-se em Minnesota a maior novela da atualidade na NBA. Jimmy Butler não gosta da atitude dos seus jovens companheiros e quer sair: para que não bastasse, Butler parece estar a dominar a situação visto que, aparentemente, venceu um scrimmage contra a equipa titular, jogando com os suplentes: garantiu durante o treino que os Wolves não ganham nada sem ele. O treinador Tom Thibodeau tem práticas obsoletas, como não rodar os jogadores quando o jogo o permite.

O elemento que pode convencer Butler a continuar em Minnesota pode passar pela saída de Thibodeau ou por uma mudança de atitude de Karl-Anthony Towns mas, o extremo canadiano, a primeira escolha em 2014, pode ser o mais determinante. Wiggins é extremamente atlético e talentoso, mas parece estar intimidado pela presença de Butler, mostrando relutância em atacar o cesto e desinteresse a nível defensivo. Tem todo o potencial para ser uma estrela, mas se não mudar de atitude, não só o futuro de Butler em Minneapolis pode estar condenado, como até o futuro de Towns.

 

Portland Trail Blazers – Nik Stauskas

 

A dupla Lillard – McCollum não parece ser suficiente para ser competitiva: não parece que algum queira sair, por isso o franchise encontra-se numa situação complicada visto não ter ativos suficientes para atrair grandes jogadores e visto não ser má o suficiente para ter uma boa escolha no draft.

O base Nik Stauskas já não é extraordinariamente jovem: Sauce Castillo é um base atirador e confortável o suficiente com a bola nas mãos, e pode providenciar algum poder ofensivo desde o banco. No entanto, a sua carreira tem sido ligeiramente desapontante, especialmente nos últimos dois anos: para além disso, foi um excelente jogador a nível universitário. Aparentemente, Stauskas perdeu algum gosto pelo jogo e alguma confiança nas suas habilidades mas, juntamente com Seth Curry, pode dar um impulso à segunda unidade da equipa, algo que faltou no ano passado.

 

Golden State Warriors – Damian Jones

 

Pela segunda vez em 3 anos, os Warriors rebentaram com a liga ao adquirir DeMarcus Cousins, que mesmo se voltar como uma sombra daquilo que foi até agora, continuará a ser um dos melhores postes da liga e faz daquela que já era a melhor equipa de sempre uma versão live action dos Monstars do filme Space Jam.

Enquanto Boogie recupera, Jones é o único poste de raiz na equipa: apesar de isso não ser um grande problema, especialmente na época regular – os Warriors vão, pelo menos, à final da NBA, e já com Boogie recuperado – , isto permitirá a Jones mais minutos para evoluir. Se por acaso mostrar bom serviço, Jones, que é poste num molde mais tradicional (mas atlético e móvel), pode até ser recompensado nos playoffs, até numa situação em que Boogie não recupere. Jordan Bell também beneficiará com isto visto também poder servir como poste de recurso devido à sua qualidade defensiva.

 

Washington Wizards – Dwight Howard

 

Os Wizards são uma das equipas mais odiáveis da liga: apesar do inegável talento de John Wall e Bradley Beal, o excesso de confiança de ambos fez da época passada uma das mais desapontantes desde a emergência do par e que culminou na saída de Marcin Gortat para Phoenix. O FO substituiu o polaco com Dwight Howard, que ainda é um poste muito respeitável: aliás, é ainda um dos melhores da liga e, ocasionalmente, consegue performances vintage, onde literalmente domina. No entanto, esta é de longe uma situação ideal visto que Howard não faz bons balneários. Cingindo-se a pick and rolls e a providenciar boa defesa interior, talvez impulsione Wall e Beal a comprometer-se mais. Também estar-se-á atento ao desenvolvimento de Kelly Oubre, o mais promissor talento da equipa.

Artigo corrigido por Ana Rita Curtinha