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Ambiente: sistemas alimentares enfraquecem devido às alterações climáticas e ao esgotamento dos solos

De acordo com as Nações Unidas, as alterações climáticas e o esgotamento do solo estão a gerar um enfraquecimento dos sistemas alimentares. A Organização defende ainda que é necessário investir em novas políticas com vista a atingir a “fome zero.”

Alimentar um planeta faminto é uma tarefa cada vez mais difícil, dado o enfraquecimento dos sistemas alimentares causado pelas mudanças no clima e pelo esgotamento dos solos, consideram as Nações Unidas.

Foi divulgado esta quarta-feira um relatório das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), que refere que são necessárias melhores políticas para alcançar a “fome zero”. Além disso, o aumento populacional requer o fornecimento de alimentos mais nutritivos a preços acessíveis, acrescenta o relatório.

No entanto, aumentar a produção agrícola não é fácil, dada a fragilidade da base de recursos naturais. Isto porque os seres humanos ultrapassaram a capacidade de carga da Terra em termos de solos, água e alterações climáticas.

A desnutrição afeta cerca de 820 milhões de pessoas, segundo o relatório divulgado pela FAO e reforçado pelo Instituto Internacional de Pesquisas sobre Políticas Alimentares numa conferência global criada com vista a acelerar os esforços para alcançar a “fome zero” em todo o mundo.

A causa mais comum da falta de segurança alimentar é a pobreza, que leva a que muitos milhões de pessoas não tenham acesso a dietas devidamente nutritivas.

A quantidade de população que passa fome e que está desnutrida subiu para níveis de há uma década, segundo o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva. “Depois de décadas de ganhos no combate à fome, este é um sério revés e a FAO e as agências irmãs da ONU, juntamente com governos membros e outros parceiros, estão muito preocupadas”, afirmou Graziano da Silva.

Embora a fome seja mais severa em África, o maior número de pessoas subnutridas vive na região da Ásia-Pacífico, de acordo com o relatório, que defende ainda que a solução para este flagelo passa por melhores políticas públicas e pela tecnologia.

A FAO prevê que a procura global por alimentos crescerá 50% entre 2013 e 2050. Os agricultores podem expandir o uso da terra para ajudar a compensar parte da diferença, contudo, essa opção não é viável em lugares como a Ásia. Além do mais, o Oceano Pacífico e o fenómeno da urbanização estão a consumir ainda mais terras do que aquelas que poderiam ter sido usadas para agricultura.

O aumento da produção agrícola além dos níveis sustentáveis pode causar danos permanentes nos ecossistemas, de acordo com o relatório, que salienta consequências como a erosão do solo, a poluição com cobertura de plástico e a perda de biodiversidade.

Artigo corrigido por Rita Serra