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Andar de ambição “no bolso”

A dúvida acerca das consequências da ambição é alvo de distintas perspectivas. No dia a dia vivido no pequeno grande mundo que constitui as redes sociais, é recorrente vermos pessoas a falar e a opinar sobre o assunto. Eu diria que, no fundo, existem dois grandes pontos de vista que sobressaem: aquele que vê a ambição como uma “chave” para o sucesso, e o que a encara como a causa de problemas para aqueles que fazem dela sua companheira diária na desafiadora tarefa de enfrentar os desafios da vida.

Talvez esta dualidade de opiniões seja fruto da também dupla definição da palavra “ambição”. Segundo o dicionário online de língua portuguesa Priberam, esta palavra pode definir-se como o “desejo veemente de poder ou do que dá superioridade”, ou seja, “avidez, cobiça”, ou então como o “grande desejo de realizar ou atingir algo”, isto é, “aspiração”. Acho que é fácil concordar com o facto de que a primeira definição transmite uma ideia negativa acerca do termo, enquanto que a segunda passa uma mensagem mais leve e positiva.

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O meu ponto de vista é claro no que toca àquilo que a ambição pode trazer. Considero que nos devemos fazer acompanhar dela sempre, quase como se a trouxéssemos conosco dentro da mala como um mero objeto que sabemos que nos fará falta. Mas, porquê? Por que é que afirmo sem quaisquer dúvidas que devemos ser ambiciosos? É simples. No meu ver, a ambição é aquele pormenor que tem o poder de fazer a diferença. A frase “conseguimos alcançar tudo, basta querermos” diz tudo. Para conquistarmos o que queremos e vermos as nossas metas alcançadas, temos de ter ambição, temos de nos esforçar. Temos mesmo de querer e as nossas ações, mesmo as pequenas, têm de revelar isso mesmo.

O problema que se coloca é que muitas pessoas começaram a olhar para a ambição como algo que leva alguém a querer ser superior a outro, sendo que, no meu ver, o desejo por superioridade não deve ser confundido com ambição. Quem se faz acompanhar desta, realmente, nunca visa ter mais poder que um outro, mas sim ver-se a si mesmo crescer todos os dias um pouco e, um dia, ser maior do que outrora fora. E nesta equação não entra, na minha perspetiva, a competição com o outro ou a “derrota” de alguém.

Ser ambicioso e querer sempre algo mais para si próprio é, assim, o contrário do conformismo. Viver entregue ao “habitual” e nunca pretender mudar alguma coisa é próprio daqueles que não transportam consigo, diariamente, a ambição, e daqueles que “fogem” dela. Sentir um certo desconforto, uma “comichão”, quando habita em nós um sentimento de estagnação, ou até de conforto em demasia, é o primeiro passo a dar. Aliás, é o primeiro sinal de que estamos preparados para mudar e alcançar o “topo de alguma montanha”. Parece uma ideia contraditória, ao dizer que o conforto em excesso pode despertar desconforto. No entanto, é exatamente isto que acontece com quem é ambicioso e quer sempre mais para si mesmo. A monotonia e o costume podem ser tão entediantes ao ponto de se preferir deixá-los, no sentido de se chegar onde se pretende e ambiciona estar, e de ver uma missão concluída com sucesso.

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Deste modo, a ambição é fulcral. Eu diria até que poderia compará-la a um bom e saudável suplemento alimentar usado para um melhor desempenho nos treinos e uma eficaz tonificação muscular. Nunca devemos temê-la ou evitar que seja nossa aliada fiel, até porque é ela que, a par da sua parceira a que tendemos a chamar disciplina, nos dá uma força extra ou até uma coragem dupla para agir. O sentimento de realização, que já ocupou cada um de nós mais do que uma vez na vida, no meu entender, é como se fosse um descendente, um familiar de uma mesma linhagem, da tão falada (e importante) ambição. 

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Artigo revisto por Julia Gibelli

AUTORIA

A Liliana tem 18 anos e está no primeiro ano da licenciatura em Jornalismo. A Liliana (Lili, como está habituada a ser chamada) era aquela menina que, em pequena, passava a tarde no quarto a escrever, a inventar histórias, a criar poemas. Adorava fazê-lo e era sempre elogiada pelos mais velhos, que admiravam esta sua capacidade. Até hoje, esse amor pela escrita não desapareceu e, por isso, está na Magazine da ESCS para fazer algo que sempre lhe deu muito agrado, aprender e, acima de tudo, divertir-se enquanto o faz.