Cinema e Televisão

BlacKkKlansman: O Infiltrado – “Boom shaka-laka”

O Infiltrado é um filme baseado em factos reais, por isso, antes de irmos para o quão bom está o filme (sim, a história é incrível), é importante perceber o que aconteceu na realidade.

Fonte: Vanity Fair

Do lado esquerdo o ator principal do filme. Do lado direito o nosso protagonista em termos “reais”, Ron Stallworth.

Ron Stallworth foi o primeiro agente de polícia e também detetive negro de Colorado Springs. O polícia infiltrou-se na “Organização” – Ku Klux Klan. Esta organização era de supremacistas brancos e, por isso, já te deves estar a perguntar: “Como é que um polícia negro se infiltra numa organização de supremacistas e, por sua vez, racistas?”.

Ron era mais inteligente do que todos pensavam e, apesar de ter dado o seu nome verdadeiro ao tentar entrar no movimento, conseguiu convencer um dos responsáveis do Ku Klux Klan, que só por acaso desprezava todas as etnias diferentes das suas, principalmente os negros, a entrar na organização.

As suas capacidades de persuasão eram muito boas e convencer os seus superiores seria uma tarefa fácil depois de se ter conseguido infiltrar na organização. Assim, o nome era verdadeiro, mas não podia dar a cara. Como tal, um dos seus colegas, que por acaso era judeu, deu a cara por Ron, fazendo-se passar por ele.

Fonte: © 2018 – Focus Features

As relações mantiveram-se por nove meses. Nove meses em que Ron, o verdadeiro, chegou a criar amizade com o líder do movimento, David Luke, por telefone. Sem nunca pensarem que o verdadeiro Ron era negro, ele conseguiu ser convidado a liderar a “célula local” dos KKK.

Este foi o processo pelo qual Ron Stallworth passou e foi também este o processo que o filme retratou na perfeição.

O filme demonstra essencialmente a defesa dos direitos da comunidade negra, em especial a norte-americana e foi inspirada na luta pelos direitos civis dos anos 60 e 70.

Um dos muitos pontos positivos do filme é, não apenas retratar esses anos, como fazer menção e um retrato da América de Donald Trump. Aliás, conseguimos ver imagens da marcha “Unite the Right”, composta também por supremacistas brancos, em 2017.

O filme não mostra apenas a investigação feita por Ron. Toda a mensagem que está por detrás do que é feito no filme, sim, é o mais importante: comparações com a América de hoje, o poder branco vs. o poder negro, a segregação social e o ódio.

Todo o filme é surpreendente e não penses que é uma história “pesada” porque não o é. Apesar de ser um tema muito importante tanto nos anos 70 como hoje em dia, é impossível não rirmos com alguns momentos no filme, principalmente com as chamadas entre Ron e David Luke.

Fonte: Imdb

“BlackKlansmann: O Infiltrado” não é apenas um filme fixe e bonito para se ver, é muito mais. É daqueles filmes que precisava mesmo de existir e precisava de ser muito visto porque dá-nos a possibilidade de criar imagens reais sobre o assunto e não só, permite-nos criar novas perceções de uma realidade que não é a nossa.

Spike Lee é o realizador do filme e está de parabéns. O filme, o argumento forte, as personagens e a mensagem que nos passa são tudo pontos positivos que me fez querer ver mais, perceber mais e até rir mais.

Fonte: Imdb

Como dizem no filme: “Blockbuster”. Isto significa que devia ser visto por todos e é isso que acontece com este filme. Devia mesmo existir um blockbuster de tão bem-sucedido. Além disso, “Boom shaka-laka” quer dizer que algo magnífico foi feito e, realmente, este filme está muito bom.

Será que o Ron conseguiu cumprir com o seu objetivo ou mais uma vez as minorias foram oprimidas? Parece que só o vais descobrir se vires o filme. Se tudo o que te disse não chega para teres interesse e ires vê-lo então fica aqui o trailer para perceberes realmente o que tens estado a perder.

Artigo revisto por Ana Rita Curtinha