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“Bodyguard”: Uma espécie de “Segurança Nacional” britânico

Fazer comparações no que toca a séries pode ser injusto ou até, em algumas situações, inglório, mas este não é o caso: Bodyguard é tudo aquilo que se espera de um thriller político e até mais.

Não há nenhuma personagem com o carisma de Carrie Mathison (Claire Danes) em Segurança Nacional, onde desempenha na perfeição o papel de alguém que sofre de bipolaridade. Todavia, existe David Budd, um veterano de guerra e antigo soldado que sofre de stress-pós-traumático, resultado das suas experiências do conflito no Afeganistão. É uma espécie de Segurança Nacional britânico.

Interpretado por Richard Madden, Budd trabalha como guarda-costas na Polícia Metropolitana de Londres até que é destacado para proteger a Ministra do Interior do Reino Unido, Julia Montague (Keeley Hawes), e enfrenta um conflito interior; conflito este que existe por estar a proteger uma das pessoas que decidiu enviá-lo para a guerra. A polémica ministra ganha cada vez mais poder e influência no seio do governo britânico e o guarda-costas tem de decidir se mantém a lealdade e obrigação de a proteger ou se, pelo contrário, trai o seu dever. É a partir desta ideia que toda a trama se desenrola.

Bodyguard é como saborear um bolo de chocolate acabado de fazer: tudo o que é preciso está lá e, algumas vezes, em dose dupla. Porém, não ficamos enjoados como se comêssemos demasiadas fatias desse bolo.

Em apenas 6 episódios, com a duração de, aproximadamente, uma hora cada, são recorrentes as tentativas de atentado com bombas ou mesmo tiroteios e até situações de fuga. Os constantes cliffchangers são outra das situações que prendem o espectador e que o levam a não querer perder nem um único segundo deste drama. Na verdade, tem tudo o que é necessário para ser uma boa receita de ação.

Numa altura em que a ameaça terrorista é cada vez maior, um pouco por toda a Europa, a série é um ótimo retrato de como os governos europeus lidam com a situação. Todo o aparelho de segurança britânica é escrutinado e os escritores demonstram isso mesmo através da desconfiança existente por parte dos Serviços Secretos Britânicos em relação à Polícia Metropolitana de Londres e vice-versa.

Mas nem tudo é um mar de rosas porque a série também deixa algo a desejar. No último episódio parece que a equipa de escritores foi de férias e tiveram que os substituir à pressa pelos estagiários. Não que o final tenha sido mau (antes pelo contrário) no entanto, fiquei com um sentimento amargo na boca.

Tudo acontece demasiado depressa e dá a sensação de que os escritores quiseram deixar tudo para o final. É pena! Porque acaba por ser uma antítese de toda a história que é contada com um bom ritmo de acontecimentos. Apesar disso, o final é conclusivo e termina de uma forma que torna difícil a possibilidade de existência de uma segunda temporada.

Artigo corrigido por: Maria Constança Castanheira