Crutchlow vence corrida polémica na Argentina
O piloto britânico consegue finalmente a vitória na segunda prova do calendário de 2018 depois de uma luta acesa com o piloto francês, Johann Zarco e o piloto espanhol, Alex Rins. Numa corrida marcada por várias questões polémicas, na sua maioria, relacionadas com o atual campeão Marc Márquez, Cal Crutchlow assegura a liderança do campeonato.
Já na primeira corrida da época, que decorreu no Qatar, Crutchlow se tinha mostrado forte e confiante. Terminou a corrida feliz por ter somado pontos importantes, mas desiludido. Queria mais. Queria o pódio.
Depois de uma qualificação difícil que apenas permitiu que saísse do décimo lugar da grelha de partida, o piloto da LCR Honda Castrol teve de construir o seu caminho até ao topo.
É impossível falar sobre esta prova sem referir os vários incidentes e polémicas que dela fizeram parte. Uma autêntica loucura desde o início. Quem viu, nem conseguia acreditar.
Ainda antes de as luzes se apagarem Jack Miller, da Alma Pramac Racing, é deixado sozinho na grelha de partida. O piloto australiano que tinha conseguido a pole position numa volta impressionante e que volta a arriscar na corrida. Todos os pilotos tinham escolhido pneus de chuva, mas acabaram por mudar de ideias à última da hora. O único a fazer a escolha correta foi Jack Miller.
Todos os pilotos e as respetivas equipas regressam às boxes e a confusão instala-se.
Os pilotos não sabiam onde seria o arranque pois, normalmente, não é permitido regressar à grelha de partida depois de se dirigirem ao Pit Lane e é de lá que arrancam. No entanto, com a grande afluência de pilotos que se verificava, tal não poderia acontecer.
Com toda esta confusão, até a própria direção da corrida estava com dificuldades em decidir o que fazer, acabando por adiar a partida.
Decisão final: todos os pilotos são obrigados a recuar várias filas na grelha de partida, deixando assim uma vantagem considerável para Jack Miller. Esta foi uma decisão controversa na medida em que o piloto australiano acabou por não ficar com a vantagem merecida perante o risco que tomou ao escolher os pneus de piso seco, ao contrário de todos os outros pilotos.
Se pensa que tudo acabou aqui, está enganado. Ainda antes de as luzes vermelhas se apagarem é Marc Márquez que decide atrasar mais um pouco a corrida (como se já não bastasse o atraso que se verificou).
Com os pilotos alinhados na grelha de partida, as luzes vermelhas acesas e tudo pronto para arrancar. Eis que surge pelo meio, lá ao longe, Marc Márquez, com a sua Honda pela mão.
A mota de Márquez não pegava e então o piloto andava para trás e para a frente na grelha. Foi-lhe imediatamente pedido que se dirigisse ao Pit Lane, para não perturbar a partida, mas o piloto da Honda decidiu que tinha de partir como todos os outros. Regressou ao seu lugar e arrancou, tomando a liderança logo na primeira volta.
A direção da corrida não o poderia deixar sair impune e atribuiu-lhe a penalização “Ride Through”, o que fez com que Marc tivesse de passar pelo Pit Lane, a 60 Km/h, caindo para o 19º lugar.
Quem conhece este piloto da Repsol Honda sabia perfeitamente que ele não se ia deixar vencer e foi a partir daqui que Marc Márquez iniciou, de expressão cerrada, a sua demanda pelas primeiras posições.
Logo nas primeiras voltas começa a destacar-se na tabela dos tempos ao conseguir menos dois segundos do que o líder, Jack Miller.
Márquez continua a avançar só vendo uma única coisa à sua frente: o pódio. O piloto espanhol fez como quis e ultrapassou todos os que estavam à sua frente sem dó nem piedade. Aqui começa a segunda parte do drama desta luta incansável do piloto da Honda. Depois de quase derrubar Aleix Espargaro, da Aprilia Racing Team Gresini, recebeu outra penalização da direção da corrida que o fez recuar uma posição. Mas o pior ainda estava para vir. A apenas quatro voltas do final Márquez só tinha de ultrapassar mais um piloto para se aproximar dos cinco pilotos da frente. Esse piloto era nada mais nada menos do que Valentino Rossi, da Movistar Yamaha Moto GP.
Pelos vistos o piloto espanhol da Repsol Honda ainda não tinha visto penalizações suficientes da direção da corrida e, como se não bastasse, chegou mais uma.
Desta vez, Marc Márquez aproximou-se de Rossi numa curva, empurrando-o para a relva onde este acabaria por escorregar e cair. O piloto italiano ainda conseguiu terminar a corrida, mas fora dos pontos.
O incidente valeu a Márquez uma penalização de 30 segundos que o levou ao décimo nono lugar da grelha de classificação.
No final da corrida, o piloto espanhol ainda se dirigiu à box da equipa da Yamaha para pedir desculpas a Rossi, mas em sucesso. Márquez foi mandado embora por alguns membros da equipa que impediram que se aproximasse do piloto italiano.
Valentino Rossi deixou claro que não aceita as desculpas de Márquez e que não quer que este se aproxime. Acrescenta também que a direção da corrida tem de intervir depois de tudo aquilo que Márquez fez durante o fim-de-semana. Marc Márquez não olha a meios para atingir os fins e é acusado por Rossi de querer estragar o desporto com as suas atitudes potencialmente perigosas quando se anda a 300 Km/h.
O piloto espanhol tornou-se assim o centro de todas as atenções num fim-de-semana que deveria ter sido de Cal Crutchlow que lutou até ao final da prova pela primeira posição.
O piloto britânico lidera agora o campeonato com 38 pontos, a 3 de Andrea Dovizioso da Ducati que cai assim para o segundo lugar da classificação geral numa pista em que o piloto italiano não costuma brilhar. Com 28 pontos, no terceiro lugar está Johann Zarco, o piloto francês da Monster Yamaha Tech 3 fica assim à frente de Maverick Viñales, da Movistar Yamaha Moto GP com 21 pontos. Para o quinto lugar, com 20 pontos, cai Marc Márquez que acaba por pagar caro os erros cometidos durante a corrida.
Moto 2
Na categoria intermédia foi Mattia Pasini quem levou a melhor. O piloto italiano travou uma luta incansável com Xavi Vierge e Miguel Oliveira que acabariam por ocupar o segundo e terceiro lugar do pódio, respetivamente. Pasini manteve-se na frente durante quase toda a corrida, concentrado e sem espaço para cometer erros.
Grande destaque para o piloto português que conseguiu alcançar o primeiro pódio da temporada depois de um fim-de-semana de corrida em condições adversas. O piloto da Redbull KTM Ajo tentou várias vezes ultrapassar os seus adversários, chegando mesmo a tomar a liderança. Miguel Oliveira referiu, no final da corrida, que tentou sempre mais mas acabou por deixar muitos espaços abertos, o que permitiu que perdesse as posições que ia ganhando.
Este é um pódio importante para o piloto português, que termina o Grande Prémio da Argentina no quinto lugar da classificação geral, com 27 pontos empatado com Alex Marquez da EG 0,0 Marc VDS. Miguel Oliveira fica a 1 ponto apenas do quarto classificado, Xavi Vierge, da Dynavolt Intact GP, e a 11 pontos do líder, Mattia Pasini da Italtrans Racing Team.
Lorenzo Baldassari da Pons HP40 e Francesco Bagnaia da Sky Racing Team VR46 e vencedor da prova anterior, ocupam o segundo e terceiro lugar, respetivamente.
Moto 3
Na categoria de moto 3 houve algumas surpresas. O grande vencedor do dia foi Marco Bezzecchi, da equipa Redox Pruestel GP. O piloto acabou por construir uma vantagem que a 18 voltas do final era já de mais de quatro segundos. Mantendo-se sempre isolado na liderança, não deu qualquer hipótese a nenhum dos outros pilotos. Uma excelente prestação Bezzecchi que assegura assim o terceiro lugar na classificação geral a apenas 3 pontos do segundo classificado Jorge Martin.
Aron Canet, da Estrella Galicia 0,0, conseguiu o segundo lugar do pódio e Fabio DiGiannantonni, da Del Conca Gresini Moto 3, o terceiro lugar. Canet rouba assim a liderança do campeonato a Jorge Martin, da equipa Del Conca Gresini Moto 3, que fica com 30 pontos, a 10 do líder, que soma agora 40 pontos.
Uma excelente prestação Bezzecchi que assegura assim o terceiro lugar na classificação geral a apenas 3 pontos de Martin.
O piloto espanhol conseguiu apenas o décimo primeiro lugar depois de uma decisão tomada demasiado tarde.
Numa corrida em condições complicadas, com partes da pista totalmente molhadas e outras secas, surge o dilema da escolha dos pneus.
Jorge Martin decidiu depois de uma volta que queria arriscar com os pneus slick, ideais para piso seco. Esta foi uma opção que acabou por não favorecer Martin que, apesar de fazer tempos significativamente melhores do que o líder, não conseguiu chegar aos lugares da frente. Um erro que custou caro ao piloto da Del Conca.
Há mais um fim-de-semana de corridas até ao final do mês. A terceira prova do campeonato vai ter lugar em Austin, Texas – no Circuito das Américas – no dia 22 de abril.
Continua tudo em aberto. Martin estará certamente na luta pela liderança da categoria de Moto 3.
Será que, como se costuma dizer, à terceira é de vez e Miguel Oliveira consegue a primeira vitória de 2018 em Moto 2?
Relativamente à categoria rainha do Moto GP resta saber se Crutchlow consegue aguentar a liderança ou se Dovizioso vai voltar a atacar. Quanto a Márquez, já sabemos que tudo se pode esperar.