Editorias, Literatura

Da estante ao sofá: a saga entre livros e séries

Cada vez mais reparamos que os nossos livros favoritos se transformam em séries, e aliar estas duas formas de mergulhar num enredo pode tornar-se bastante benéfico.

A leitura analógica dá asas à nossa imaginação e a produção multimédia permite-nos criar a sensação de que estamos dentro do enredo e das suas aventuras. Cada um deles traz vantagens, tanto para o escritor, como para a audiência.

Desta forma, não tem de haver, necessariamente, uma escolha entre série e livros. A evolução atual para o digital traz diversas vantagens para os leitores e não leitores.

Deixo-te, então, três livros que se transformaram em séries televisivas: Anne with an E, Outlander e Mundos Paralelos. Se já leste algum destes livros, experimenta ver a série, ou vice-versa. Aproveita para comparar a tua forma de compreensão da história com a visão do realizador do programa televisivo.

Anne with an E, disponível na Netflix, foi inspirada num livro publicado em 1908, intitulado Anne of Green Gables.

Livro Anne of Green Gables (1908)
Fonte: Bertrand
Série Anne with an E (2017)
Fonte: Adoro cinema

Apesar de ter sido um engano, pois inicialmente queriam um rapaz, uma família em Green Gables adotou a Anne e rapidamente percebeu a felicidade que esta trazia para as suas vidas. A Anne é uma menina orfã de 11 anos, ruiva e de olhos acinzentados. Além disso, foge ao estereótipo de mulheres daquela época. Em vez de calada e escondida, ela é criativa, sensível, otimista e muito faladora.

O livro Anne of Green Gables retrata a sua forma de ver o mundo e de resolver os seus problemas.

Apesar de a série ser apenas baseada no primeiro livro, existem seis outros livros em que Anne  desempenha o papel principal. Além disso, há também sete livros que relatam a história de outras personagens da saga literária, e em que Anne não é a protagonista.

Também a série Outlander teve origem numa saga de oito livros.

Saga literária Outlander
Fonte: Magazine Luiza
Série Outlander (2014)
Fonte: Adoro Cinema

Os livros são, pela sua ordem correta: Nas Asas do Tempo, A Libélula Presa no Âmbar, A Viajante, Os Tambores de Outono, A Cruz de Fogo, Um Sopro de Neve e Cinzas, Um Eco do Passado (vol. I e II), e Escrito com o sangue do meu coração (vol. I e II). O primeiro livro foi publicado em 1980.

Em 2014, esta saga foi adaptada para uma série com sete temporadas, que se encontra disponível na Netflix.

Outlander encantou muitos admiradores pela sua narrativa, mas também por retratar a sociedade da época, em especial o papel da mulher. Relata a história de Claire, uma enfermeira da Segunda Guerra Mundial que, após o fim da Guerra, está a tentar aproximar-se do seu marido, Frank. No entanto, num dos seus passeios acidentalmente aproxima-se de um portal e é transportada para a Escócia de 1973.

No entanto, a situação piora. De repente, Claire vê-se envolta numa série de perigos. Para se proteger, casa com um guerreiro escocês, Jamie Fraser. Rapidamente se sente apaixonada e vive um amor intenso com este. À medida que mostra as suas aventuras, retrata a sua indecisão entre duas paixões intensas, paixões estas de realidades diferentes.

Por fim, apresento a minha trilogia e série favorita, Mundos Paralelos.

Trilogia Mundos Paralelos
Fonte: Constança Cardoso
Série Mundos Paralelos (2019)
Fonte: filmSPOT

A trilogia literária é composta por Os Reinos do Norte, A Torre dos Anjos e O Telescópio de Âmbar. O seu género é fantasia misturada com ficção científica.

Ao longo das três temporadas da série, presente na HBO Max, uma menina de 11 anos, Lyra Belacqua, enfrenta diversos desafios para conseguir salvar o mundo.

Lyra não pertence a este universo, mas a um parecido. A grande diferença é que a alma destas pessoas é convertida num animal que anda sempre ao pé deles. No entanto, ao longo da sua jornada encontra-se com diversas pessoas de universos completamente diferentes do nosso. Desde feiticeiras a ursos blindados e espectros fatais.

O livro aborda o poder que a matéria negra tem no universo e nos indivíduos. Retrata, também, a divisão de uma sociedade regida pelo poder corrupto de um ser todo poderoso e de uma sociedade científica convicta a transmitir conhecimentos à sociedade.

À medida que esta rapariga rebelde e convicta dos seus ideais conhece diversas pessoas que a vão ajudar na sua jornada, aborda-se temas profundos e científicos. Faz qualquer leitor questionar as suas convicções, religião e a própria ciência.

Fonte: Literary Hub

A transformação de livros em séries é uma representação da evolução do consumo de narrativas. Oferece novas perspectivas aos universos literários, permitindo alcançar novos públicos e admiradores.

Os livros, por um lado, permitem que o leitor mergulhe nos detalhes da narrativa, nos pensamentos da personagem e nos aspetos-chave simbólicos. Fornecem a narrativa perfeita e irrestrita para desenvolver o espírito criativo de cada pessoa. Mergulhar nas suas experiências, dramas e personagens é uma das melhores experiências da leitura.

Por outro lado, as séries permitem que estas narrativas interessantes atinjam um público mais amplo e diversificado. Permitem dar vida aos cenários que cada indivíduo imagina na sua própria cabeça, ou seja, oferece uma nova interpretação visual.

Na próxima vez que vires uma série, procura se há um livro que lhe deu origem! Aconselho-te a lê-lo e comparar a forma como a narrativa foi explorada pelo realizador.

Fonte da capa: Literary Hub

Artigo revisto por Matilde Gil

AUTORIA

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A Constança desde pequena que está ligada à literatura, influenciada pela paixão do seu pai por livros. Entrou em Relações Públicas & Comunicação Empresarial e gosta bastante da área. Para além disso, também adora a área da música, frequentando a Orquestra Académica da Universidade de Lisboa. De maneira a poder partilhar a sua paixão por livros com outras pessoas, ingressou na ESCS Magazine.