Música

Da V-Block para o Mundo

No passado dia 21 de fevereiro, Rossi, o pai e mentor da Wet Bed Gang, celebrava mais um ano de vida. O grupo decidiu dar-lhe uma prenda e lançou “Ngana Zambi”, mas quem agradece somos nós. O álbum que começou a ser pensado em 2018 marca o ponto de viragem no trabalho do grupo, onde maturidade e crescimento são as palavras-chave.  

WBG no videoclipe de ‘Head Na Glock’. Fonte: Rimas e batidas

No que ao hip hop portugês diz respeito, a Wet Bed Gang é hoje um nome de referência e isso deve-se a todo o empenho que colocam no que fazem. Foi em 2016 que a viagem do coletivo de Vialonga começou, quando aqui e ali se ouvia cantar o singleNão tens visto”. Cinco anos depois lançam o seu primeiro álbum de longa duração que representa o percurso vivido pelos quatro rapazes e que conta com músicas já conhecidas como “Bairro”, “La Bella Mafia” ou “Depois da chuva”

Enquanto ouvimos os 14 temas que compõem o álbum, compreendemos todo o simbolismo que o mesmo carrega, bem como a história que lhe é inerente. Acaba por ser um trabalho feito de forma muito completa, quase como uma história contada não só pelos singles já de sucesso do grupo, mas também pela voz do icónico Bonga, que nos ensina, entre outras coisas, o que é, de facto, “Ngana Zambi”: na cultura africana, significa proteção, esperança ou anjo da guarda. Assim, é natural que este seja um álbum dedicado a Rossi, a ‘Ngana Zambi’ da Wet Bed Gang, que está lá em cima a olhar para os seus miúdos, orgulhoso do percurso que têm feito.

Fonte: Youtube

No fundo, é impossível falar de WBG sem falar de Rossi. Lealdade é o lema do grupo, mas o que os move é levar o nome do mentor e figura que marca o ponto de partida do coletivo o mais longe possível, representando o legado que ele deixou quando os uniu. Por isso é que é tão importante para Gson, Kroa, Zizzy e Zara G prestar-lhe esta homenagem: não só por lançar este trabalho no dia de anos de Rossi, mas também por terem como capa e figura do álbum a filha do mesmo. 

O facto de estarem a trabalhar neste projeto há muito tempo fez com que, durante a pandemia, pudessem organizar as ideias, aperfeiçoar o que restava e deixar sair a arte que sabem fazer melhor. Sendo um trabalho feito de raiz pelos quatro da V-Block, este álbum contou ainda com a colaboração de alguns nomes de peso no game das produções, como Charlie, Lhast e Holly, dando diversidade e (ainda mais)qualidade ao projeto. 

Fonte: Observador

Num bairro conotado pelo que de pior podemos pensar, vimos nascer nomes sonantes no panorama nacional não só na música, com Phoenix RDC ou Nenny que também ela se intitula de “filha dos filhos do Rossi” , como também a nível desportivo. Nascidos inclinados para a derrota, os quatro rapazes de Vialonga superaram e ascenderam onde não tinham pensado ser possível. Toda a turma faz o nome e tem feito um excelente trabalho.

Se dúvidas houvesse, este álbum vem confirmar que sim, precisamos urgentemente de um concerto de Wet Bed Gang e de toda a energia que eles transmitem em palco. Caso ainda não tenhas ouvido este álbum que em poucos dias conquistou o país, deixamos-te o QR Code para ouvires “Ngana Zambi” até te fartares não, não acredito que seja possível cansarmo-nos deste trabalho.


Para além das “ego trips” comuns nas músicas do grupo, “Ngana Zambi” é sobre respeito por quem os ouve, gratidão por quem os acompanha, mas, acima de tudo, honra a quem os juntou. Rossi, os teus filhos estão mesmo crescidos!

Por Ana Filipa Domingos

Artigo revisto por Maria Ponce Madeira

AUTORIA

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A Ana caiu no curso de jornalismo de para-quedas e encontrou nele uma paixão desconhecida por descobrir as histórias que ainda faltam contar. Adora passear pela cidade de Lisboa, mas também gosta imenso de ficar no seu cantinho a ver as suas séries de conforto. Tem a certeza de que o seu futuro passará pela comunicação e espera dar frutos na área da rádio.