Editorias, Opinião

Desafios e Perspetivas na Educação

A educação é um dos pilares fundamentais da sociedade, logo, tem um papel crucial na transmissão de conhecimento e de habilidades essenciais para o desenvolvimento de cada pessoa. No entanto, o sistema de ensino tem deixado algumas lacunas no que diz respeito à preparação dos estudantes para os desafios da vida real. No cenário português, torna-se evidente que a educação (até ao décimo segundo ano) precisa de uma reestruturação.

Um dos principais problemas é a ênfase excessiva em certos conteúdos que, embora tenham valor teórico, têm pouca (ou nenhuma) aplicação prática. Não constam no plano de ensino, disciplinas que abordam temas cruciais, como: a gestão financeira pessoal, o sistema imobiliário, a educação emocional, etc. 

Relativamente à gestão financeira pessoal, quantos de nós, ao sair da escola, nos sentimos capazes de lidar com tarefas tão básicas como preencher uma declaração de IRS ou até mesmo a saber gerir o dinheiro de forma consciente? A resposta será provavelmente: poucos.

O sistema imobiliário é outro exemplo ao qual tem faltado preparação e instrução por parte das escolas. Comprar ou alugar uma casa e entender os procedimentos legais e financeiros são capacidades essenciais para a vida adulta. No entanto, a falta de conhecimento sobre estes assuntos faz com que algumas pessoas possam tomar decisões mal informadas, condicionando a sua vida daí em diante.

No que diz respeito à educação emocional, esta tem sido frequentemente posta de parte. O sistema de ensino tende a focar-se apenas nas avaliações acadêmicas, deixando pouco espaço para abordar as complexidades das emoções humanas. Mas a gestão das emoções e o desenvolvimento da inteligência emocional são capacidades fundamentais para um melhor conhecimento e compreensão de nós próprios.

Fonte: Unsplash

Para além destas sugestões, também seria interessante que se criassem mais projetos especializados nas escolas públicas e/ou privadas, onde seria possível que cada escola se diferenciasse e trouxesse novas dinâmicas para a educação.

Agostinho da Silva, filósofo e pedagogo, defendeu uma visão muito próxima daquilo que penso: a educação tem de proporcionar o desenvolvimento integral de cada pessoa, ou seja, não bastam os conhecimentos académicos, também são necessárias capacidades emocionais, sociais e éticas. Outro aspeto bastante pertinente que Agostinho da Silva defendia, e com o qual eu concordo, é o facto de a educação ter de consistir numa troca de conhecimentos, isto é, num diálogo entre os alunos e os professores, para que se reduza a distância que existe entre os mesmos e se melhore o modo como são transmitidas as informações. 

Concluo salientando que a vida não se resume a estudar para ter um emprego, até porque a vida não foi feita para trabalhar, mas sim para ser vivida. Neste contexto, é necessário que os professores saibam adaptar a maneira como comunicam e dão aulas a cada turma e a cada geração de alunos. A educação deve ser capaz de instruir os indivíduos para o sucesso académico, mas, acima de tudo, para os problemas reais da nossa sociedade. 

Fonte da capa: Unsplash

Artigo corrigido por Marta Sousa Mendes

AUTORIA

Sou licenciado em Marketing e Publicidade no IADE e estou a tirar uma Pós-Graduação em Storytelling na ESCS. Tenho 22 anos e vejo na escrita a minha maneira de me expressar e de me conectar com o mundo, sobretudo através de poesia e prosa. Tive a oportunidade de participar em três livros coletivos de poesia, com um total de sete poemas. Tenho uma página de Instagram (Improviso Pensado) onde publico poesia e um blog (Troppi Pensieri) onde partilho textos mais extensos. Vejo a minha entrada na ESCS Magazine como uma oportunidade para melhorar as minhas capacidades e para poder partilhar a minha opinião com quem a quiser receber.