Opinião

Arte: Um Reflexo da Existência

A meu ver, a arte consiste num dos pilares mais essenciais da existência humana. Desde os primórdios da humanidade que a arte dá vida às nossas emoções, pensamentos e experiências. Seja através das pinturas rupestres, das canções populares, passadas de geração em geração, das esculturas pensadas ao detalhe, ou através de qualquer outra vertente artística, a humanidade sempre utilizou a arte para saciar a sua necessidade de se expressar e de deixar uma marca na História. 

Embora o conceito de arte seja bastante relativo – variando conforme a cultura, a educação e as vivências de cada pessoa – é inegável que esta se encontra espalhada por todo o mundo nas suas mais variadas formas e estilos, fazendo parte das tradições e valores de cada povo. 

As profundas transformações da sociedade influenciam a forma como a arte é criada, apresentada e desfrutada. Durante o Renascimento, artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo procuraram retratar a humanidade com uma precisão sem precedentes. As suas obras refletiam os avanços no pensamento filosófico e científico, marcados até à data. 

No período Barroco, época de profunda transformação social, política e religiosa, artistas como o pintor italiano Caravaggio retrataram a inquietação que se vivia na época, através de pinturas com uma grande intensidade emocional. Para além disso, é nesta altura que surge a ópera, como forma de contar histórias emotivas e dramáticas, refletindo esses mesmos conflitos. No século XX, surgiram movimentos artísticos como o Dadaísmo, o Cubismo e o Abstracionismo, com o intuito de quebrar as normas estabelecidas e de refletir as incertezas sociais que se viviam na época.

 Atualmente, também existem movimentos artísticos que refletem os problemas e virtudes da sociedade contemporânea. Vivemos num mundo cada vez mais globalizado, mais tecnológico e com uma diversidade cultural que só vem servir de inspiração para os artistas. Mas como nem tudo é um mar de rosas, também as desigualdades e questões sociais têm sido abordadas e representadas nas obras, sendo uma maneira eficaz de criticar e alertar para a importância destes temas. 

«A arte não reproduz o que vemos. Ela faz-nos ver.» – Paul Klee

Poderia continuar aqui a debitar exemplos de artistas e formas de arte que refletem e expressam as transformações da nossa sociedade, mas seria maçador e um tanto redutor, visto que a arte, tal como disse anteriormente, é muito abrangente nos seus formatos e finalidades.

A arte também traz consigo benefícios terapêuticos e ajuda a apaziguar inquietações que possamos ter. Por exemplo, quem é que nunca viu um filme ou ouviu uma música para fazer face às tempestades que vivia dentro de si mesmo? Eu já o fiz inúmeras vezes e continuarei a fazê-lo, porque existe um conforto na arte, como se ela nos abraçasse e nos dissesse que vai ficar tudo bem. A saúde mental nunca foi tão falada como nos tempos de hoje e a arte tem o poder de nos transportar para lugares distantes, de nos fazer entender e confrontar os nossos próprios demónios. 

Atualmente, conseguimos apreciar arte de muitas maneiras sem precisar sair de casa, mas nada ultrapassa a sensação de visitar um museu, de ir ao cinema ou de ir a um concerto, pelo menos para mim. Mas, seja de que maneira for, a contemplação das diferentes formas de arte é, e sempre será, um momento de pura conexão entre o ser e a obra, em que passamos a fazer parte de um universo que era só dela. 

«A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade.» – Pablo Picasso

É importante que as gerações vindouras nunca percam esta ligação com a arte e para isso é fundamental que esta seja vista como relevante por parte de quem lhes dará formação educacional. A arte não pode ser vista como uma simples disciplina, mas sim como um estímulo preponderante para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos jovens. A arte permite que cada pessoa se expresse à sua maneira, pois, se um quadro pode ter inúmeras interpretações, também um exercício criativo pode ter infinitas abordagens. 

Posto isto, nunca é demais afirmar que a arte tem a capacidade de transformar a sociedade, de a meter a pensar, sentir e vibrar. A importância da arte não pode ser subestimada, visto que, no fundo, ela faz com que a vida valha a pena ser vivida.

Fonte da capa: Unsplash

Artigo revisto por Maria Calhas

AUTORIA

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Sou licenciado em Marketing e Publicidade no IADE e estou a tirar uma Pós-Graduação em Storytelling na ESCS. Tenho 22 anos e vejo na escrita a minha maneira de me expressar e de me conectar com o mundo, sobretudo através de poesia e prosa. Tive a oportunidade de participar em três livros coletivos de poesia, com um total de sete poemas. Tenho uma página de Instagram (Improviso Pensado) onde publico poesia e um blog (Troppi Pensieri) onde partilho textos mais extensos. Vejo a minha entrada na ESCS Magazine como uma oportunidade para melhorar as minhas capacidades e para poder partilhar a minha opinião com quem a quiser receber.