Desenhador de Palavras – Franz Kafka
Franz Kafka, escritor conhecido pela sua escrita labiríntica e complexa, nasceu no terceiro dia de Julho em 1883, em Praga, no berço de uma família judaica, filho de Hermann e Julie Kafka. Era o mais velho de seis irmãos, três rapazes e três raparigas; os rapazes, Georg e Heinrich, morreram ainda crianças, e as irmãs morreram todas na Segunda Guerra Mundial. A relação de Franz com o pai era complicada, descrevendo-o como eloquente, dominante e resistente.
Kafka não se identificava muito como judeu; só visitava a sinagoga quatro feriados por ano, com o pai, e na adolescência declarou-se ateu. Dizia não ter nada em comum com os judeus, já que quase nada tinha em comum consigo próprio.
Em 1901, Franz iniciou o curso de Química, mas ao fim de duas semanas mudou para o de Direito, curso que oferecia um leque de opções profissionais que agradavam ao seu pai. Licenciou-se a 19 de Julho de 1906 e trabalhou durante um ano, sem remuneração, como empregado de escritório para cortes civis e criminais. Começou depois a trabalhar numa companhia de seguros italiana, mas sentia-se insatisfeito por ficar com pouco tempo para a escrita. Acabou por se demitir após um ano, começando a trabalhar num Instituto de Seguros. Um professor de administração, Peter Drucker, diz que, durante o tempo em que Kafka trabalhava na companhia, desenvolveu o primeiro capacete de segurança civil, mas nada nos documentos da empresa corrobora esta afirmação.
Kafka conseguiu evitar o serviço militar na Primeira Guerra Mundial, pois os seus patrões no Instituto afirmaram que o seu trabalho era essencial para o governo. Em 1917 ainda se tentou alistar no Exército, mas foi-lhe diagnosticada tuberculose, para a qual não havia cura. A mesma doença fez com que, em 1918, fosse afastado do Instituto.
O escritor era conhecido por ser mulherengo: além de ir com frequência a bordéis, tem uma longa lista de mulheres com quem manteve relações íntimas. Felice Bauer era uma destas mulheres; os dois trocaram cartas durante cinco anos e ficaram noivos por duas vezes. O terceiro noivado foi com Julie Wohryzek. Além das mulheres, há quem diga que Kafka chegou a ter um filho, mas que nunca tomou conhecimento dele.
Em 1924, a tuberculose fê-lo voltar a Praga, onde a família cuidou dele; no entanto acabou por ser internado num sanatório, onde morreu a 3 de Junho do mesmo ano.
Da obra de Kafka, só dois contos (“Um Médico Rural” e “Um Artista da Fome”) e uma novela (“A Metamorfose”) foram publicados durante a sua vida, sem obterem grande atenção do público. O resto do seu trabalho foi entregue por testamento a Max Brod, amigo da faculdade, com instruções para que fosse destruído – Kafka tinha já queimado a grande maioria da sua obra. Brod, porém, ignorou o seu pedido e, reorganizando as obras, publicou-as; muitas encontravam-se incompletas e desorganizadas, pelo que teve de as ordenar, completar frases, editar, e chegou a corrigir a pontuação. A última amante de Kafka manteve também vários dos seus cadernos e diários, que foram confiscados pela Gestapo em 1933, continuando a ser procurados ainda nos dias de hoje.
Franz Kafka, homem que não obteve, nem desejava, a fama durante a sua vida, deixou-nos uma herança rica que já atravessou quase um século.
AUTORIA
A Inês Rebelo tem 19 anos e está no primeiro ano de Jornalismo.
Começou a ler com 4 anos e a escrever as suas criações com 9, sendo que foi sempre esta a sua grande paixão. Fez teatro durante oito anos, gosta de ler e, embora não interesse a ninguém, tem três tartarugas. Também gosta de cantar, mas para isso não tem muito jeito. Na ESCS MAGAZINE integra as equipas de Correcção Linguística e de Literatura, e escreve com o Antigo Acordo Ortográfico.