Desenhadores de Palavras: Nora Roberts
Eleanor Marie Robertson nasceu a 10 de Outubro de 1950, em Silver Spring, Maryland, sendo a mais nova de cinco irmãos. Hoje, com 64 anos, é uma das escritoras mais conhecidas e adoradas do mundo.
Trabalhou algum tempo como secretária, embora tivesse pouco jeito: escrevia muito rápido mas não sabia soletrar bem as palavras. Depois de os filhos nascerem, decidiu ficar em casa, tentando sempre várias ocupações e trabalhos diferentes, mas sem resultado. Foi durante um nevão, em Fevereiro de 1979, que decidiu colocar no papel as ideias que há algum tempo lhe bailavam na mente, mais para salvar a sua sanidade do que para qualquer outra coisa, como a própria diz. Apesar de nunca antes ter pensado em publicar um livro, desde criança que magicava histórias na sua cabeça e apaixonou-se no momento em que começou a escrever.
Apesar de este ter sido o gatilho que fez a carreira de Nora Roberts começar, foram necessárias algumas rejeições e vários manuscritos para que o seu primeiro livro, Irish Thoroughbred, fosse finalmente publicado pela editora “Silhouette” em 1981. No entanto, foi só em 1985, com Playing the Odds, que conseguiu a sua janela de oportunidade e se tornou adorada pelos fãs. Isto sem nunca ter parado de escrever: entre 1982 e 1984, escreveu 23 romances.
Um dos encantos de Nora Roberts é o seu talento para compreender a mente masculina. Este dom deve-se provavelmente ao facto de ter passado toda a sua vida rodeada por homens, inclusivamente na sua família, onde era a mais nova da sua geração; até os seus filhos são ambos rapazes. “Era uma escolha entre percebê-los ou fugir aos gritos”, diz.
Conheceu o seu segundo marido, com quem ainda é casada, quando o contratou para que este lhe fizesse prateleiras para livros; já lá vão 29 anos de casamento e, entretanto, viajaram por todo o mundo e abriram uma livraria, “Turn the Page”.
Roberts ficou conhecida por ter mudado o mundo do romance: transformou as heroínas atraentes e prontas a casar e os heróis demasiado perfeitos em personagens mais realistas e mundanas.
Um dos elementos que se pode encontrar em qualquer dos seus livros, para além do amor, é a família: sente-se fascinada pela dinâmica, a história partilhada e a forma como cada indivíduo se desenvolve. Afirma que o seu livro preferido é sempre aquele que acabou de escrever e que adora todas as suas personagens por igual, pois não poderia magoar ou deixar de fora nenhuma delas.
O seu dia poderia ser declarado terrivelmente aborrecido, se não fosse adorar seriamente tudo aquilo que faz: após 40 minutos de exercícios, todos os dias escreve entre seis e oito horas, quando não decide escrever também depois de jantar. Escreve no seu escritório, no terceiro andar que o marido acrescentou à casa, que fica no meio da floresta; na divisão com as paredes em vidro, passa os dias sentada à frente do teclado, nunca sem Pepsi light, salgados e chocolate.
Quando tem tempo livre, faz jardinagem, uma tarefa muitas vezes contemplada nos seus livros, lê na biblioteca que o marido também construiu e vê televisão e filmes. Os seus autores preferidos incluem Stephen King e Mary Stewart, mas lê livros de todos os géneros.
Ao ler-se um dos seus livros, independentemente do tema, percebe-se que tudo é escrito com um pormenor e rigor irrepreensíveis. Ao ler “Os Céus de Montana”, qualquer um diria que Nora nasceu e cresceu num rancho; ao ler “Fumo Azul”, a escritora parece ter dedicado a sua vida à investigação de incêndios. Como estes, há muitos mais exemplos que resultam do seu minucioso trabalho de pesquisa. Apesar de hoje fazer todo o processo pela Internet, para onde foi arrastada “aos pontapés e aos gritos”, antes ia para a biblioteca e iniciava a pesquisa sempre na secção infantil, obtendo dados básicos e simples que tornariam mais fácil a passagem à secção dos adultos, onde procedia a uma investigação mais profunda.
Outra das suas características é a velocidade com que escreve – como dito acima, chegou a escrever 23 romances em três anos. Isto faz com que nunca se encontre em cima do prazo, nem gosta de pensar na data limite pois diz que se enerva o suficiente com o prazo que atribui a si mesma. Assim, chega a acumular livros por publicar, o que levou a sua editora a sugerir-lhe que criasse um pseudónimo. Levou dois anos a conseguir convencer Nora Roberts a fazê-lo, pois esta não se conformava com a ideia de escrever sob outro nome. Finalmente, criou o nome J.D. Robb, a partir das iniciais dos filhos, Jason e Dan, sob a condição de fazer algo diferente: e assim começou uma nova linha de escrita, os romances futuristas de suspense. Esta série de livros, com os protagonistas Eve Dallas e Roarke, também levou ao aumento de leitores do sexo masculino.
A escritora tem o seu próprio grupo de fãs: Os “Noraholics”, um grupo nascido na internet a propósito do seu livro “Sanctuary” em 1997, que ainda hoje se encontram na “Turn the Page”.
Para os escritores “recém-nascidos”, Nora diz que escrever requer uma grande disciplina e a sombra da culpa (duas ferramentas que lhe foram incutidas no colégio de freiras que frequentou). “Vão ficar desempregados se acham mesmo que podem ficar à espera que uma musa vos aterre no ombro”, diz, mostrando que não acredita em aguardar que a inspiração apareça.
Nora Roberts foi recentemente considerada a “Romancista favorita da América” pelo New York Times, foi a primeira autora a integrar o Romance Writers of America Hall of Fame e é membro do Mystery Writers of America. Desde 1981 escreveu um número incontável de romances, muitos adaptados ao cinema, e tem mais de 400 milhões de cópias publicadas. Tem 189 livros na lista de bestsellers do New York Times, mais de trinta dos quais sob o pseudónimo de J.D. Robb, e 58 em primeiro lugar. Afirma que ser escritora é “a melhor profissão no mundo inteiro”.
AUTORIA
A Inês Rebelo tem 19 anos e está no primeiro ano de Jornalismo.
Começou a ler com 4 anos e a escrever as suas criações com 9, sendo que foi sempre esta a sua grande paixão. Fez teatro durante oito anos, gosta de ler e, embora não interesse a ninguém, tem três tartarugas. Também gosta de cantar, mas para isso não tem muito jeito. Na ESCS MAGAZINE integra as equipas de Correcção Linguística e de Literatura, e escreve com o Antigo Acordo Ortográfico.