Literatura, Sem Categoria

Dia Mundial da Poesia – uma forma de homenagear este dia

O Dia Mundial da Poesia assinala-se hoje, dia 21 de março. Este dia celebra a diversidade de diálogo, a livre criação de ideais através de várias palavras, da criatividade e da inovação. A data contribui para todos nós fazermos uma reflexão sobre o poder da linguagem e do desenvolvimento das nossas habilidades criativas. A poesia contribui para a diversidade criativa de cada um de nós, usando as palavras e os nossos modos de perceção e de compreensão do mundo.
Como tal, a Ana Rita Cristóvão e a Maria Moreira Rato, duas redatoras da secção da Literatura, quiseram mostrar a importância deste dia ao recitarem quatro poemas e ao escreverem a importância que a poesia pode ter nas nossas vidas.

 

Um poema é criar, compor, é um sorriso, uma lágrima, é sentirmo-nos compreendidos, é sentirmo-nos revoltados, é um refúgio da vida real, é um momento que tiramos só para nós. Um poema é arte, é beleza, é canção. Mas, acima de tudo, o poema é dizer tudo sem se dizer nada, por isso, tal como Fernando Pessoa, “Não digas Nada”.
Não digas nada – Ana Rita Cristóvão

 

A poesia está esquecida, como se estivesse numa gaveta cheia de pó que ninguém abre, e ali vai ficando até que alguém um dia olhe para ela. Neste dia mundial da poesia convido todos a ler um poema. Seja curto, seja longo, seja de um autor conhecido ou desconhecido, um poema. Que descubram a profundidade e a carga que traz nas suas palavras. As palavras, essas rainhas do “Poema”, de Natália Correia.
Poema – Ana Rita Cristóvão

 

Lembro-me de escrever poemas acerca do significado da poesia. Quando descobri este poema de Fernanda de Castro entendi que não precisava de atingir reflexões metafísicas para chegar ao meu objetivo: a poesia alcança-se na harmonia, na união. Nela, mais do que em qualquer outro género literário, é preciso que os seus autores plantem o sentido de unidade.
David Mourão-Ferreira afirmava que a poetisa “foi a primeira, neste país de musas sorumbáticas e de poetas tristes, a demonstrar que o riso e a alegria também são formas de inspiração, que uma gargalhada pode estalar no tecido de um poema, que o Sol ao meio-dia, olhado de frente, não é um motivo menos nobre do que a Lua à meia-noite” e eu não poderia estar mais de acordo!
Se os poetas dessem as mãos – Maria Moreira Rato

 

Como que por ironia do destino, o “Poema do Futuro” foi publicado na obra “Poemas Póstumos” de António Gedeão, um poeta que vai muito para além do célebre verso “o mundo pula e avança/como bola colorida/entre as mãos de uma criança”.
Identifico-me profundamente com o poema que declamei deste poeta do séc. XX na medida em que, tal como ele, sinto uma enorme avidez de escrever e, regularmente, pergunto-me: “Como será se, um dia, alguém encontrar todos estes poemas, ensaios, todas as narrativas que escrevi?”. Sim, porque não sei se terei a oportunidade de os publicar e, muito menos, entendo se tenho em mim o talento que António Gedeão tinha, o poeta que faleceu precisamente cinco meses antes do meu nascimento, esse grande senhor do “alegre desespero”.
Poema do futuro – Maria Moreira Rato