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Entre Porto e Lisboa: será que a vida muda?

Ah! A cidade de Lisboa e a cidade do Porto… Duas cidades do país que quase toda a gente conhece, seja pela sua importância política e histórico-cultural, seja pela sua beleza. Muitos falam da competição que existe, mas creio que advém do facto de muitos nortenhos acharem que a capital devia ser a cidade do Porto, frequentemente fundamentado em factos históricos, como o de a cidade ter destaque no início da formação do nosso país, sendo que Lisboa apenas foi conquistada posteriormente.

E, muitas vezes, do lado lisboeta é por se achar que é mais “chique” – se é que posso usar esta palavra para descrever a maneira como veem as rústicas pessoas do Norte. Vá, não digo que seja tudo assim, apenas menciono alguns dos pontos que nos afastam, para que arranjemos soluções que nos aproximem.

Sendo assim, acho que estas cidades se deveriam abraçar como irmãs, cada uma contribuindo para o desenvolvimento do país e para a sua valorização – algo que tem vindo a melhorar, mas sinto que ainda há muito a aproveitar. O alicerce entre ambas traria um poder enorme à cultura portuguesa. E não desvalorizo outras cidades de Portugal Continental ou das nossas ilhas, apenas reflito só sobre estas duas.

Porto e Lisboa: mas afinal o que é que muda?

A vida citadina de Lisboa em comparação à do Porto apresenta diferenças inegáveis – deixem-me salientar que nem tudo é tão linear. No entanto, se formos a comparar, Lisboa é uma típica cidade, com a sua confusão repleta de cultura. Já o Porto andou a passos atrás, a tentar acompanhar a cultura e o desenvolvimento do centro do país. Não obstante, isto era expectável, daí o facto de uma ter o estatuto de capital e a outra não. O que chega a Lisboa tende a demorar até chegar ao Porto. No entanto, nada tira o valor a cada uma. Portugal tem o benefício de ser um país tão velho que permite sentir a sua vida ao percorrer as suas ruas: a beleza de cada canto, de cada estátua, de cada ponte, de cada pessoa relembra-nos a definição de “casa”.

No Porto há paz, apesar de o aumento do turismo ter aumentado a insegurança. Esta tranquilidade encontra-se à meia noite, quando andamos nas ruas e a probabilidade de algo acontecer é muito inferior. Há quem diga que nunca se sentiu tão seguro num sítio com o estatuto de cidade. No entanto, não significa que não haja crime. A sua dimensão mais pequena é também um benefício, pois as pessoas acabam por se conhecer melhor, o que contribui para uma maior sensação de segurança. Afinal, essa advém do conhecimento, ou seja, andar pela rua e conhecer cada canto, não todas as pessoas, mas saber que naquela esquina vive “fulano” e que ali habita uma pessoa. Tal como a sensação de sermos parte de algo também é importante. Pois, a verdade é que não deixa de ter uma criminalidade inferior a Lisboa, o que faz com que as pessoas levem uma vida mais descansada.

Já Lisboa sempre foi um destino turístico e a sua grandiosidade de território levam a que seja o epicentro do crime em Portugal. No entanto, a ascensão da arte em território nacional está a tornar esta cidade mais especial. Hoje, os jovens prestam mais atenção, seja perante a música portuguesa, seja em relação às diferentes formas de arte – vemos artistas de música, de artes plásticas, de danças –, até à dos PALOP, o que ajuda a criar ligações e aumentar a contribuição cultural. Lisboa tem o seu encanto e isso é o que fascina cada pessoa que vive pela primeira vez na cidade. A cultura que transborda pelas ruas, a arte com as suas mensagens tão diversificadas em cada parede e as pessoas de todo o mundo. É uma cidade cheia de diversidade que nos faz ter vontade de conhecer cada canto, porque em cada canto não é só Lisboa, há mais partes do globo, o que nos permite abrir os horizontes. Já no Porto vemos alguns artistas a sobressaírem-se, mas, de novo, a questão dos pontos anteriores tende a aplicar-se em quase todos os aspetos.

Por fim, vemos também que o facto de a vida televisiva se focar na cidade mais a sul (Lisboa) pode gerar alguma complicação e dificuldade para as pessoas do norte terem acesso a oportunidades neste ramo – apenas uma das várias áreas afetadas com essa desigualdade. Não obstante, existe, sim, o mundo televisivo e informativo na cidade do Porto, mas não deixa de haver uma massificação em Lisboa. Mas, com a tentativa de alguns canais se instalarem no Porto, pode ser que esse campo seja resolvido mais cedo do que o expectável. 

Porto e Lisboa e as suas maravilhas

Porto e o seu vinho, Porto e a sua gastronomia: desde a francesinha às tripas à moda do Porto, desde a Ribeira ao conhecimento das suas pontes. Há tanta vida para descobrir numa cidade tão pequena. A crescer no turismo, a cidade está a ficar cara, mas mais rica de diversidade e de oportunidades. Creio que aquilo que mantém a essência da cidade, nada mais nada menos, é o facto de as suas ruas serem tão velhas que nos faz pensar quantas histórias e pessoas passaram por ali – essa sensação de velhice dá à cidade personalidade. Para além de algumas das típicas pessoas do Porto ainda viverem de uma maneira mais rústica, mesmo na cidade. Vivem assim com naturalidade.

Lisboa e o seu sol acompanhado por um pastel de Belém; Lisboa e o seu Tejo – a sua grande diversidade de sítios num só espaço. Tanta diversidade de pessoas que convergem de todo o mundo, seja para viajar, seja para viver temporária ou permanentemente, há sempre algo a fazer e a explorar. A arte não acaba, nem a diversão. Vemos a energia vibrante que nos motiva a fazer mais, a perseguir os nossos sonhos e a sermos livres de uma maneira diferente – sem limites. Em Lisboa, não faltam projetos e isso é que traz muita gente à cidade, para além da sua beleza – ainda assim, somos um dos países mais calmos do mundo.

Porto ou Lisboa: e agora?

Com a experiência de ter vivido em ambas, de qual gostaria mais? Acho que não há escolha. Há quem se adapte melhor ao movimento; prefira uma cidade “louca” sem parar; uma cidade com oportunidades, onde se evidenciam também as desigualdades. Essa cidade seria Lisboa. Por outro lado, há quem queira uma vida mais tranquila, rotineira e familiar e talvez aí o Porto se encaixe melhor. Não deixa de ser cidade, não convém chegar lá e esperar que funcione como uma aldeia. Cada uma tem os seus aspetos negativos e positivos, por isso, tal como em muita coisa, é necessário ver onde nos encaixamos e isso é o que nos fará verdadeiramente felizes – enquanto viajamos de um lado para o outro para conhecermos estes dois cantinhos de Portugal e aproveitar o melhor que têm para nos dar.

Bem, creio que está na hora de deixarmos essas diferenças de lado para construirmos um país sem desigualdades, sem preconceito e com união ao invés de afastamento. Temos muito a aprender uns com os outros e isso é o que realmente importa!

Artigo revisto por Maria Ponce Madeira

Fonte da foto de capa: Cedida por Patrícia Pinto

AUTORIA

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Patrícia tem 19 anos e veio do Norte. Criada numa aldeia, desenvolveu um amor pela natureza e animais. Estuda Publicidade e Marketing e pretende trabalhar junto de organizações humanitárias. Mudou-se para Lisboa, mas nunca se esquece do seu Porto. Adora dançar, ler e ouvir clássicos de música. Sempre que pode, anda pelas ruas pronta para explorar algo novo e tirar fotos a cada detalhe artístico.