Os Estados Unidos acusaram, esta quarta-feira, a Rússia de ter destacado cerca de 25 mil militares adicionais para posições junto à fronteira com a Ucrânia.

“A Rússia tem agora mais tropas estacionadas na fronteira com a Ucrânia do que em qualquer outro momento desde 2014.”

A afirmação vem da representante norte-americana na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Courtney Austrian, numa reunião da instituição em Viena. A reunião do Conselho Permanente da OSCE, convocada a pedido da Ucrânia, abordou o movimento de tropas russas, no quadro de um mecanismo da organização multilateral para fomentar a transparência e a confiança mútua.

A representante norte-americana na OSCE considera que “as atividades militares unilaterais da Rússia servem apenas para desestabilizar ainda mais uma situação já volátil e ameaçam desfazer o frágil cessar-fogo no leste da Ucrânia.”

A delegação russa, que participou no encontro desta quarta-feira, referiu que é a Ucrânia que está a realizar “atividades militares inusuais” na região de Donbass, onde o Exército ucraniano e os separatistas pró-russos se defrontam, desde 2014.

A União Europeia, os Estados Unidos e o Canadá destacaram o facto de a Rússia estar presente no fórum da OSCE para analisar a situação, lamentando, porém, a atitude “pouco construtiva” de Moscovo, que não acrescentou qualquer informação relevante para justificar um movimento de tropas tão inusitado. Nesse sentido, apelaram à Rússia que mostre “uma transparência total” sobre as suas atividades militares, algo a que está comprometida no mecanismo da OSCE, conhecido como “Documento de Viena”.

No entanto, o Kremlin acusou o país vizinho de ter causado a atual escalada no Donbass, região histórica no extremo leste da Ucrânia. Segundo as declarações de Nikolai Patrushev, o secretário do Conselho de Segurança russo:

“Só nos últimos dias, chegaram a território da Ucrânia cinco aviões de transporte militar procedentes de bases aéreas norte-americanas”.

Segundo a agência noticiosa russa Interfax, nos últimos dias, aterraram em Kiev três aviões de transporte militar C-130J Hercules e um C-17 Globemaster dos Estados Unidos, enquanto um outro C-17 chegou à cidade ucraniana de Lviv.

Segundo o gabinete do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cerca de 80 mil soldados russos estão estacionados na fronteira com a Ucrânia e na Crimeia, um número que o chefe de estado-maior ucraniano, Ruslan Khomchak, reduziu para 50 mil.

Artigo revisto por Ana Rita Sebastião

Fonte da foto de capa: OLEKSANDR KLYMENKO / REUTERS