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Euphoria: os dramas de adolescência retratados tal como são

Sei que já ninguém está a falar de Euphoria, mas, ao contrário do que acontece normalmente, acabei por demorar a ceder à pressão social. Sabia que Zendaya era a protagonista, que as personagens tinham looks de maquilhagem diferentes e mais ousados e que explorava o mundo das drogas. Depois de ver de seguida os oito episódios que compõem a primeira temporada, posso confirmar que finalmente entendo a… euforia.

Euphoria (trailer) estreou em junho de 2019 na HBO, tendo sido renovada para uma segunda temporada no mês seguinte. Criada por Sam Levinson, é uma adaptação da série de televisão homónima israelense. A produção de 2012 tem como protagonistas Ron Leshem, Daphna Levin e Tmira Yardeni.

A personagem principal é Rue Bennett, interpretada por Zendaya. Rue era uma criança especial, que sofria de vários transtornos, como bipolaridade e transtorno obsessivo-compulsivo. Como coping mechanism, esta acabou por ser engolida pelas drogas, escape do qual ficou dependente. Começou por tomar uns comprimidos às escondidas, que roubava aos pais. À medida que o tempo foi passando, enveredou pelas drogas duras, como molly.


Rue Bennett (Zendaya) e Jules Vaugh (Hunter Schafer) desenvolvem a amizade pura de que ambas necessitavam (Fonte: Veja.abril)

Depois de muito sofrimento e dependência, Rue encontra em Jules Vaughn um novo vício, desta vez menos prejudicial. A personagem de Hunter Schafer é transexual, tal como a atriz. Eis um dos tópicos mais interessantes desta série irreverente. Apesar de não ser explorado enquanto um big deal, é atribuída a devida atenção ao tema. A amizade entre as duas fortalece-as, conferindo as forças necessárias para sobreviver ao secundário.

O elenco adolescente é ainda constituído por Jacob Elordi, cuja personagem, Nate Jacobs, é um completo idiota; Algee Smith é Christopher McKay; Alexa Demie retrata a poderosa Maddy Perez; Maude Apatow é a discreta Lexi Howard; Sydney Sweeney parte corações enquanto Cassie Howard; Barbie Ferreira encarna a atrevida Kat Hernandez; Angus Cloud é Fezco, por quem os espectadores se apaixonaram.             Gostei bastante de cada personagem pelo que representam. Quer seja o caráter manipulador de uma relação tóxica, quer uma gravidez indesejada, dúvidas acerca da sexualidade, desejo de independência, problemas em casa ou acontecimentos traumáticos, em apenas oito episódios os produtores de Euphoria conseguem explorar um espetro alargado de dilemas da adolescência. A melhor parte é que o fazem sem ser da típica forma superficial ou romantizada.


Da esquerda para a direita: Maude Apatow (Lexi Howard), Barbie Ferreira (Kat Hernandez), Zendaya (Rue Bennett), Sydney Sweeney (Cassie Howard), Alexa Demie (Maddy Perez), Storm Reid (Gia Bennett), Algee Smith (Christopher McKay), Nika King
(Leslie Bennett), Sam Levinson, Angus Cloud (Fezco),Jacob Elordi (Nate Jacobs) e Hunter Schafer (Jules Vaughn).
Fonte: HBO Portugal

Com uma fotografia espetacular, uma banda sonora que não passa despercebida e transições deliciosas, os episódios de Euphoria são completamente viciantes. De um momento para o outro, vemo-nos enrolados em todo o drama… que é muito. 

Contrariamente ao que pensava, Euphoria não é só sobre drogas. Apesar de poder ser classificada como Skins dos tempos modernos, é feita com maior minúcia e ganha a batalha contra a monotonia. Mantém-se fiel à realidade e não tem um episódio menos interessante do que outro. Esforçam-se por mostrar a backstory de cada personagem sem ser de forma sistémica, ajudando-nos a compreender melhor a sua maneira de agir.

 No fundo, Euphoria é uma série necessária que explora temas que realmente atormentam as gerações mais novas e que são demasiadas vezes romantizados e tornados banais. Com Drake como um dos produtores executivos, este fenómeno das redes sociais foi tema de conversa durante vários dias. A moda, os penteados e a maquilhagem irreverente das personagens inspiraram imensos tutoriais e tornaram as fãs mais arrojadas no que toca à sua imagem.

Euphoria passa mensagens positivas acerca da aceitação do corpo e da sexualidade, não poupa nos temas polémicos e tem atores que criam uma conexão visível com as suas personagens. Aproveita para veres todos os episódios antes da chegada da segunda temporada, cuja data de estreia ainda não foi divulgada.

Artigo revisto por Rita Asseiceiro

AUTORIA

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Depois de integrar a maioria das secções da revista, a Mariana ficou encarregue de incumbir esta paixão aos restantes membros. O gosto pela escrita esteve desde sempre presente no seu percurso e a licenciatura em Jornalismo veio exacerbar isso mesmo. Enquanto descobre aquilo que quer para o futuro, vai experimentando de tudo um pouco.