Moda e Lifestyle

Fashion Week: Old fashion ou streetstyle? A dualidade do momento!

Diria que a indústria da moda está a atravessar uma crise de personalidade, o que, na maioria dos casos, poderia ser um mau sinal, mas, quando se trata de estilo, tudo é relativo. E conseguir expressar a personalidade de cada marca num mundo movido por tendências é de louvar!  

Versace: moderna e alegre

A coleção da Versace destaca-se pelas silhuetas simples, cortes maioritariamente masculinos, e
uma paleta de cores ousada, mas suave, se destaca a forte presença de cores pastel (verde, azul,
rosa e amarelo), reflexos prateados, e ainda brancos, pretos e vermelhos escuros.

Fonte: Versace website

A coleção é moderna e alegre, leve e passível de ser transportada da passerelle para as ruas das grandes cidades. Prova disso foi o uso de ballerina flats, uma das tendências atuais, para o conjunto de abertura do desfile. A coleção é um reflexo da experiência e adaptabilidade de Donatella Versace, que aliou padrões e têxteis modernos a silhuetas intemporais. O desfile abriu com Kendall Jenner; e a fechar contou com Gigi Hadid, seguida de Claudia Schiffer, que regressou às passerelles com 53 anos. A modelo alemã teve a marca Barbie a criar uma boneca inspirada em si, com um dos looks usados num desfile da Versace. Parece que tudo se conecta com a febre da Barbie, da qual ainda estamos a tentar recuperar. Porém, acho que Donatella Versace está a construir a Polly Pocket world da atualidade, e não me oponho!

Saint Laurent: uma coleção fora de estação?

Abandonando os mundos ficcionais da nossa infância, encontramos a Saint Laurent, cuja coleção foi por muitos resumida a macacões, trench coats, transparências e cargo pants.

Fonte: Saint Laurent website

Sim, a marca apresenta poucas variações e uma palete de cores mais restrita, mas arrisca usar uma das tendências menos consensuais da estação – cargo pants. A marca cria macacões e calças que assumem um estilo mais corporativo e relaxado, mas conjuga-as com peças sensuais e ousadas, como golas altas transparentes, cintos que definem a silhueta feminina e acessórios elegantes e chamativos. As silhuetas e corte dos vestidos curtos assemelham-se aos da Gucci, com decotes profundos, mas finalizações retas. Já os vestidos longos destacam-se pela sua fluidez e falta de estrutura, que contrastam com o que foi apresentado até ao momento. A única crítica a apontar à coleção é a palete de cores outonal, que para uma coleção primaveril talvez não seja o ideal. 

Schiaparelli: coleção e casting de sonho

Passamos de caminhos simples, suaves e familiares, para a explosão de estímulos que foi o outro hemisfério da Fashion Week Primavera/Verão de 2024. 

Com um contexto feminino e extravagante, temos a coleção da Schiaparelli, onde a exuberância das peças só foi superada pelo conjunto de modelos que as vestiram. A marca abriu o desfile com a supermodelo dos anos 90, Shalom Harlow, a usar um vestido preto, com ombros volumosos e um clássico batom vermelho, mas a estravagância da coleção foi crescendo com modelos como Irina Shayk, Amber Valleta, Imaan Hammam, Grace Elizabeth e Liu Wen a usarem looks modernos e arriscados, nos quais os pretos, brancos e vermelhos voltaram a dominar. A bijuteria dourada irreverente foi a protagonista desta coleção. O designer Daniel Roseberry não deixou ninguém indiferente ao conjugar os looks com acessórios e detalhes de lagostas, peixes, olhos, lábios, entre muitas outras referências mundanas. A fechar o desfile, a marca contou com Kendall Jenner, que, tal como Shalom Harlow, vestiu um dos looks mais simples da coleção. 

Fonte: Schiaparelli website

Há demasiado a dizer sobre a coleção de Daniel Roseberry, desde o casting perfeito, aos pormenores visualmente ricos, o designer conseguiu, num período onde a simplicidade e a quiet luxury reinam, colocar a marca num pedestal de exuberância e perfeição por poucas alcançado.

Diesel e Acne Studies: juvenilidade e ousadia

O luxo, seja ele discreto ou exuberante, é sempre tendência, mas o estilo mais desportivo e casual também marcou a Fashion Week, com destaque para marcas como a Diesel e Acne Studios, que respiram conforto e juvenilidade, sem abandonar a ousadia.

A Diesel apresentou uma coleção química e desintegrada, na qual os modelos caminhavam debaixo de chuva e viam os seus looks mudar de constituição, ao som de música techno.

A coleção não se poupou nas gangas, looks oversized e padrões com toques de vermelho, sedas e tecidos industriais. Se as outras marcas tiveram a presença das modelos mais conhecidas na indústria, a Diesel fez questão de gerar polémica pela razão inversa. A marca fechou o desfile com a modelo Dalton Dubois, que muitos nomearam a doppelganger de Bella Hadid, depois de a modelo não ter marcado presença na Fashion Week por motivos de saúde. Há quem pague castings de sonho, com as modelos mais desejadas das últimas décadas, e há quem domine a imprensa com a jogada de marketing mais viral da temporada. O que é certo é que a internet não parou de referenciar as semelhanças indiscutíveis entre as duas modelos. Dalton Dubois vestiu um look monocromático simples com uma das silhuetas mais clássicas da coleção.

Fonte: Diesel website

A coleção da Acne Studios também juvenil, mas mais contida, contou com looks monocromáticos e tecidos lisos. A marca representou a mudança de disposição pela qual todos passamos, através do uso de transparências e tecidos opacos, decotes profundos, mas também subidos, nudez e looks fechados. É difícil afiliarmo-nos a um estilo, porque, cada vez mais, nos vestimos para expressar o que sentimos, e, num momento, podemos não nos sentir ousados para usar um look com pouca cobertura, e, no outro, estar tão confiantes que transparências parecem a única opção. Os blazers, vestidos fluídos, “no pants” looks, saltos simples, botas de cano alto e malas de todos os formatos conjugados com as cores da estação criaram uma coleção que respondeu a algumas tendências do momento, sem perder a simplicidade e intemporalidade das peças.

Fonte: Acne Studios website


As marcas de alta-costura definem os desejos dos amantes de moda, mas também se movem muito por aquilo que o público decide tornar tendência e viralizar. Nenhuma destas coleções deixou escapar a cor mais adorada do momento – o vermelho. Algumas optaram pelos sapatos rasos, novas caras e cores vibrantes, outras pelos clássicos saltos envernizados, batom vermelho e caras que dominaram os anos 90. 

Se comecei este artigo com uma coleção preferida, deixo-vos com mais seis novas candidatas, e se conseguirem eleger a vossa, dou-vos os parabéns, porque eu não fui capaz!

Fonte da capa: Bloomberg

Artigo revisto por Madalena Ribeiro

AUTORIA

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A paixão pela moda sempre lhe ocupou muito o pensamento. Hoje em dia, a Beatriz procura envolver-se na indústria e desenvolver as suas próprias opiniões sobre o mundo da moda. Estudante do 3.o ano de publicidade e marketing, viu neste curso uma porta aberta para expressar a sua criatividade e, na ESCS Magazine, o lugar perfeito para partilhar com os leitores as suas opiniões, conhecimentos e a sua paixão! E como sonhos não têm limites, espera um dia poder chegar a um cargo de sucesso como marketeer, na indústria da moda de alta costura.