Festa do metal agita o concelho da Moita
No fim de semana de 6 e 7 de abril realizou-se o Moita Metal Fest que, tal como no ano passado, decorreu no Largo do Pavilhão Municipal de exposições da Moita.
O festival começou há 14 anos, como iniciativa dos Switchtense (banda de trash metal do concelho da Moita) e conta desde então com o apoio da Quinzena da Juventude da Câmara Municipal da Moita. Apesar de apostar desde o início em bandas nacionais, a organização já foi habituando o seu público a esperar sempre uma ou outra banda internacional de peso dentro do género musical. Nas edições anteriores contaram com nomes de peso como Dew-scented (Alemanha), Napalm Death (Inglaterra), Sodom (Alemanha), Entombed (Suécia), Tankard (Alemanha), Onslaught (Inglaterra), entre outras.
Em setembro do ano passado, a organização tinha anunciado os Decapitated como uma das bandas internacionais a figurar na edição deste ano, juntando-se aos Benighted. Contudo, na sequência de um processo agitado que levou à detenção de membros da banda, devido à suspeita de alguns crimes, a mesma foi retirada do cartaz. No entanto, não foi por isso que o cartaz perdeu valor e mais tarde anunciaram outras bandas internacionais – The Exploited, Malevolence e Vader.
Nesta 14ª edição só foi possível acompanhar parcialmente o segundo dia, que começou umas horas mais cedo do que o anterior. No segundo dia ainda se falava do concerto dos escoceses The Exploited, banda referência do Punk mundial, que encerrara a noite de sexta-feira, como um verdadeiro fenómeno. Os The Exploited são conhecidos pela sua sonoridade agressiva e as letras de cariz político, contra a mediocridade e a corrupção, as guerras e a religião.
O sábado tinha o cartaz que acabou por atrair mais público. Ao chegar ao recinto do festival, a banda de Coimbra Terror Empire já espalhava o seu trash metal com o tema “You’ll Never See Us Coming”. Entre o trash e os blastbeats, rapidamente cativaram o público que demonstrava a sua apreciação nos circle pits.
A banda de Sheffield, Malevolence, encontra-se a meio da tour do segundo álbum “Self Supremacy” e invadiram o palco da Moita, na sua única data em Portugal. Com uma sonoridade que representa a fusão entre o metal e o hardcore, convidavam o público a juntar-se ao circle pit e ao crowd kill, num concerto carregado de breakdowns e ritmos agressivos. O público mais jovem, que já tinha começado a “aquecer” com Terror Empire, aceitou o convite. Enquanto isto, os mais velhos começavam a apreciar a banda, que provavelmente não conheciam tão bem, com o seu headbanging.
Depois do metalcore internacional, seguiram-se os “tugas” For the Glory, com temas como “Some Kids Have No Face” e “Lisbon Blues”. A banda já tinha anunciado que se despediria dos palcos com este concerto, depois de 15 anos de Hardcore. Assim, foram muitos os fãs que encheram a tenda do festival e honraram esta despedida com um moshpit repleto de energia. Entre as muitas t-shirts que atiraram ao público e discursos, o vocalista anunciou que o que iria acontecer seria mais uma longa pausa do que do fim efectivo da banda e apelou a que as bandas nacionais não deixassem de tocar. Apesar de tudo sabemos que, independentemente do reconhecimento internacional e de um fiel grupo de seguidores em Portugal, isto não é suficiente para viver, ou melhor, sobreviver da música neste país.
O concerto, apesar de curto, foi marcado pela necessidade de comunicação da banda, em tom de despedida, e pela emoção. Foi com o tema “Survival of the Fittest” que se despediram dos palcos e do público, que aplaudia e entoava o nome da banda em uníssono.
Seguiu-se a banda da casa, Switchtense, que para manter o nível arrancaram o concerto com o tema “Face Off”, que manteve o público dinâmico e entregue ao mosh pit. O vocalista Hugo Andrade agradeceu ao público e à organização pela dedicação e apoio que permitem dar continuidade ao festival e por ajudarem a que este cresça, tal como se tem visto de edição para edição. “State of Resignation” e “Infected Blood” foram também temas que contribuíram para mais uma atuação brilhante.
Depois da banda da casa, foi a vez dos Ibéria subirem ao palco. Altura, em que muitos aproveitaram para ir jantar e experimentar a gastronomia do festival, que apesar de pouca cobria os vários gostos incluindo vegetariano e vegan. Assim, a banda portuguesa de hard rock nacional, provavelmente devido à sonoridade mais leve, verificou uma diminuição do público, menos afeto ao rock.
Uma das bandas cuja expectativa era alta, eram os franceses Benighted, formados em 1998. E assim foi. Subiram ao palco com o seu Death metal/grindcore e deram o concerto mais violento da noite que arrancou com a intro “Hush Little Baby”, seguida do tema “Reptilian”. De fora, os membros da banda apreciaram um circle pit épico, mostrando-se surpreendidos com toda a energia do público. “Reeks of Darkened Zoopsia” e “Let The Blood Spill Between My Borken Teeth” foram alguns dos temas que marcaram o concerto, que terminou com “Necrobreed” e “Experience Your flesh”.
Entre concertos, o tempo de espera era cada vez maior. De regresso à música nacional, os Bizarra Locomotiva começaram com “A procissão dos Édipos”, num concerto que justifica a comemoração dos 25 anos de carreira. Com uma atitude irreverente e sonoridade industrial, os Bizarra deixaram o público, que aplaudia e assobiava efusivamente entre músicas, completamente rendido. Foi ao som do tema “Anjo exilado” que o vocalista Sidónio acabou por entregar o palco aos fãs, à semelhança do que tinha ocorrido com The Exploited na noite anterior. Terminaram o concerto, contra a vontade do público que parecia querer muito mais, com “Escaravelho”, mais um tema cantado em uníssono e por Sidónio que cedeu completamente o palco e cantou da plateia.
Com mais de uma hora de atraso, era a vez de subirem ao palco os Vader, pioneiros e uma das grandes bandas de Death metal europeu. A banda polaca, formada em 1983, altura em que tocavam heavy/speed metal, regravou no ano passado o álbum de 1992, “The Ultimate Incantation”, atribuindo-lhe um novo nome “Dark Age”, com o objetivo de comemorar os 25 anos da sua gravação. A espera valeu a pena, porque o som espelhou a qualidade dos veteranos em palco. Já esquecida a ligeira tensão criada pelo longo soundcheck, a banda e o público tornaram o concerto memorável, tocando temas clássicos como “The Crucified Ones”, “Vicious Circle” e “Demon’s Wind”. “Cold Demons” foi o último tema da banda, que encerrou assim os concertos do festival.
O Moita Metal Fest ainda entreteve o público que se aguentava no recinto com uma after-party, com os DJ’s Rui “Joj” Alexandre, João Duarte e Ivo Conceição, que optaram por uma seleção mais pimba.
Pode dizer-se que foi mais uma edição de sucesso e que ficaremos a aguardar o próximo ano que, segundo dizem, terá lugar reservado à imprensa.