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Fórmula 1 2023: um ano para recordar mais tarde

O campeonato de 2023 da Fórmula 1 chegou ao fim, no passado mês de Novembro, num ano marcado pelo domínio da equipa Red Bull e o título de tricampeão mundial de Max Verstappen, pelo terceiro ano consecutivo. Como já é tradição, a última corrida do ano aconteceu no famoso circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi, conhecido por proporcionar grandes disputas entre equipas e pilotos.

Foram 22 os Grandes Prémios que exigiram das equipas e pilotos a sua melhor prestação, para conseguirem alcançar um lugar de sucesso no Campeonato Mundial de Pilotos e no Campeonato Mundial de Construtores. Apesar de a temporada deste ano não ter proporcionado as mesmas emoções de anos anteriores, podemos dizer que foi um ano para recordar mais tarde.

Garantidamente, o ano de 2023 vai ser recordado pela prestação surreal de Max Verstappen, que já é considerada por muitos como a melhor na História da Fórmula 1. O piloto da Red Bull conseguiu bater inúmeros recordes e superar grandes nomes da F1 como Lewis Hamilton, Sebastian Vettel ou Michael Schumacher. No meio de uma grande lista interminável de recordes superados, existem alguns que merecem uma atenção especial, como o maior número de vitórias (19) e de pódios (21) numa só temporada, bem como o título de único piloto a conseguir liderar mais de 1.000 voltas.

Ao mesmo tempo que Verstappen conduzia, não só o RB19, mas toda a equipa da Red Bull rumo ao sucesso, o seu companheiro de equipa Sérgio Pérez enfrentava uma temporada com altos e baixos, aumentando os rumores de que o seu lugar na equipa austríaca estaria em risco. Com duas vitórias nos Grandes Prémios da Arábia Saudita e Azerbaijão, mas uma prestação desastrosa na sua terra natal, no Grande Prémio do México, o piloto conseguiu garantir o título de vice-campeão que esteve perto de pertencer a Lewis Hamilton.

Os pilotos Max Verstappen e Sergio Perez da RedBull com os prémios conquistados em 2023.
Fonte: Grande Prémio de F1

O 2.º lugar no Campeonato Mundial de Construtores compensou o ano difícil que a equipa Mercedes, de Toto Wolff, enfrentou no ano de 2023. Ao todo, foram oito as subidas ao pódio partilhadas entre Lewis Hamilton (seis) e George Russell (duas), num ano em que o carro da Mercedes (W14) deu mais problemas do que motivos para festejar. Na grande maioria das corridas, os dois pilotos britânicos conseguiram qualificar-se entre os 10 primeiros, garantindo à Mercedes a pontuação que precisava para garantir o título de vice-campeão. No entanto, a desqualificação de Lewis Hamilton no Grande Prémio de Austin transformou-se num dos grandes fantasmas da temporada de 2023 para a Mercedes, que afastou o piloto da possibilidade de conseguir alcançar também o título de vice-campeão. Ainda assim, Hamilton conseguiu o 3.º lugar no Campeonato Mundial de Pilotos, enquanto Russell terminou em 8.º lugar.

À semelhança do que a Red Bull está a viver atualmente, também a Mercedes teve o seu momento de glória na F1, entre 2014 e 2021, com pilotos como Lewis Hamilton, Valtteri Bottas e Nico Rosberg, que garantiram à equipa o primeiro lugar no Campeonato Mundial de Construtores, durante oito anos consecutivos. Essa fase parece já ter chegado ao fim e, pela primeira vez desde 2011, a equipa não conseguiu vencer nenhuma corrida.

Depois de uma intensa disputa com a Mercedes na corrida de Abu Dhabi, na luta pelo 2.º lugar no Campeonato, a Ferrari não conseguiu sair vitoriosa e acabou por terminar em 3.º lugar. Tal como a Mercedes, a equipa italiana teve dificuldades em encontrar a melhor estratégia para 2023. A vitória de Carlos Sainz em Singapura (a única corrida que a Red Bull não venceu) foi o ponto alto da temporada, tanto para a equipa, como para o piloto espanhol que apenas subiu ao pódio três vezes. Para Charles Leclerc, a temporada de 2023 tem um sabor agridoce, pois viu muitas vezes o seu sucesso ser sacrificado pelas más escolhas da equipa, ou pelos problemas com o SF-23. Leclerc subiu ao pódio seis vezes e foi cinco vezes pole position, mas nunca conseguiu alcançar a vitória. Os dois pilotos da Ferrari terminaram o campeonato em 5.º (Leclerc) e 7.º lugar (Sainz), com uma distância de apenas seis pontos entre ambos.

Se tivéssemos de atribuir um prémio revelação da temporada, a McLaren seria uma forte candidata à vitória. Os resultados obtidos por Lando Norris e pelo rookie Oscar Piastri, nas primeiras corridas do ano, afastavam qualquer possibilidade da equipa ter uma boa prestação em 2023 e conseguir o atual 4.º lugar no Campeonato. Tudo mudou quando a equipa decidiu fazer modificações no MCL60 de Lando Norris, no Grande Prémio da Áustria, e o baixo rendimento nas corridas anteriores transformou-se num 4.º lugar, seguido de sete pódios ao longo do campeonato. O sucesso de Norris contagiou, rapidamente, Oscar Piastri que recebeu os mesmos upgrades no seu carro, garantindo à McLaren ainda mais pontos. O australiano de apenas 22 anos recebeu, recentemente, o prémio de Rookie of the Year pela FIA, uma nomeação merecida para o jovem piloto que teve a melhor prestação como rookie na Fórmula 1 desde a estreia de Lewis Hamilton, em 2007, também na McLaren.

Oscar Piastri surpreendeu tudo e todos pelos seus excelentes resultados em algumas das corridas mais difíceis da temporada, como no Qatar, onde venceu a corrida Sprint e conseguiu o 2.º lugar do pódio ao lado do companheiro de equipa. Oscar Piastri e Lando Norris são considerados a dupla mais sólida, atualmente, na F1 e uma forte ameaça ao domínio da Red Bull no próximo ano.

Ao contrário da McLaren, a Aston Martin foi a equipa que mais se destacou no início do ano, com Fernando Alonso a subir ao pódio cinco vezes nas primeiras seis corridas da temporada. A saída inesperada de Sebastian Vettel da F1, no final de 2022, levou Alonso a sair da Alpine para a Aston Martin, uma decisão da qual o piloto espanhol parece não se arrepender, já que a sua prestação foi motivo de grandes elogios ao longo do ano, garantindo-lhe o 4.º lugar no Campeonato. Ao mesmo tempo, Lance Stroll tentava acompanhar o companheiro, mas sem grande sorte, acabando por ser muitas vezes massacrado pela imprensa devido aos seus resultados, e pelos rumores de que queria abandonar a F1. As alterações no AMR23 ao longo do ano não deram os resultados esperados pela equipa, que acabou por terminar o Campeonato em 5.º lugar.

As equipas Alpine, Williams, AlphaTauri, Alfa Romeo e Haas ocupam os últimos lugares no Campeonato. De todas as equipas, a AlphaTauri foi a verdadeira incógnita da temporada com a saída do piloto Nick De Vries devido aos seus maus resultados e a escolha de Daniel Ricciardo para ocupar o seu lugar. O acidente de Ricciardo no Grande Prémio da Holanda afastou o piloto durante quatro meses, que foi substituído por Liam Lawson. Numa só temporada, Yuki Tsunoda teve três companheiros de equipa e conseguiu a grande maioria dos pontos da AlphaTauri.

Class of 2023, na última corrida do ano em Abu Dhabi.
Fonte: Newshive

Fonte da capa: Media Fórmula 1

Artigo revisto por Beatriz Félix

AUTORIA

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A Mariana Jerónimo tem 24 anos é aluna do Mestrado em Jornalismo e tem o sonho de produzir e apresentar um programa dedicado à música numa rádio de renome do nosso país. Enquanto isso não acontece, é através da secção de Música que quer dar a conhecer aos leitores o que de melhor há na vida: a Música. Ao mesmo tempo na secção de Desporto escreve sobre outra das suas paixões, a Fórmula 1. A Mariana costuma dizer que as suas maiores qualidades são o seu sentido de humor e o gosto musical: desde o Hip-Hop e R&B, ao Indie, passando pelos Clássicos do Rock e sem esquecer o MPB, ela é o Spotify em pessoa.