George Ezra: Uma Petan de Voz
Tem voz de 50, mas corpo de 25. A sua voz distinta, o talento puro, trabalho árduo e sentido de humor particular são aquilo que mais contribui para o seu charme natural e consequente êxito.
George Ezra Barnett nasceu há 25 anos nas Terras da Rainha Isabel II. Os pais são ambos professores e vegetarianos, a irmã mais velha é amavelmente referida como a sua “assister” – um trocadilho entre a palavas assistente (“assistant”) e irmã (“sister”) – e o irmão mais novo é músico.
Bob Dylan é a sua maior inspiração a nível musical. Depois de Dylan, começou também a ouvir outros artistas de blues e folk americano, como Lead Belly: o principal responsável por Ezra se aperceber da sua poderosa voz, famosa por fazer qualquer um duvidar da verdadeira idade do cantor.
No secundário, fez parte de uma banda onde usava demasiado eyeliner e cantava as partes femininas da canção “Teenage Dirtbag” dos Wheatus e, aos 14 anos, começou a trabalhar num café para poder comprar mais vinis.
Chegou também a trabalhar em dois sítios ao mesmo tempo (numa fábrica de doces e num pub) para conseguir juntar dinheiro e poder, aos 17 anos, ir estudar songwriting no British and Irish Modern Music Institute (BIMM).
Foi no BIMM que, num dia de ressaca, ganhou a cicatriz que tem na testa, depois de ir contra uma parede enquanto se apressava para chegar à aula de Marky Ramone, o baterista dos Ramones, e prosseguir como se nada fosse (obrigaram-no a ir ao hospital).
Menos de um ano após iniciar os estudos no BIMM, já tinha contrato assinado com a Columbia Records e, em 2014, lançou o seu primeiro álbum: Wanted On Voyage – nome inspirado em Paddington, o urso.
A maioria das músicas do álbum (que conquistou o lugar nos pódios dos tops do Reino Unido, Austrália, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Irlanda, Holanda e Nova Zelândia) nasceu de uma viagem de comboio que decidiu fazer pela Europa. Deste modo, para comemorar o êxito mundial do single “Budapest”, fez todo o sentido que o cantor criasse “The Ezra Express”, levando fãs vencedores de uma competição (e qualquer pessoa que se quisesse juntar) numa viagem de comboio até Budapeste, a única cidade que pretendia visitar, mas não conseguiu durante a sua primeira viagem pela Europa.
Petan é uma ótima palavra para descrever tanto Ezra como os seus fãs: o cantor e os amigos inventaram-na aos 18 anos e significa qualquer coisa que a pessoa deseje. Pode ser algo bom ou mau, utilizado em qualquer contexto possível. Não existem regras. Mas a realidade é que faz parte do seu dia-a-dia e do dia-a-dia dos seus fãs, que fazem questão em dar continuidade à existência deste conceito.
Em 2017, George Ezra marcou presença pela primeira e única vez (até à data) em Portugal, no festival EDP Vilar de Mouros, onde cantou e encantou tanto quem o conhecia como quem o desconhecia, através do seu talento e personalidade descontraída e bem-disposta.
No início de 2018, lançou o seu próprio podcast, “George Ezra & Friends”, onde passa 45 a 90 minutos a falar com outros artistas sobre a sua vida pessoal e profissional. O podcast, que já vai na segunda temporada, contou com convidados como Ed Sheeran, Craig David, Sam Smith, Lily Allen e Elton John.
O seu mais recente álbum, Staying At Tamara’s, lançado em 2018, foi novamente inspirado por uma das suas viagens. Desta vez, o nome do álbum vem não da sua namorada, como muitos especularam, mas da proprietária de um Airbnb em Barcelona.
Apesar de o álbum em si ser um êxito, o single “Shotgun” é aquele que tem ganho mais atenção: atingiu o primeiro lugar nos tops do Reino Unido, Irlanda e Austrália.
Ezra fez os fãs esperarem anos por novas músicas, mas mesmo assim continua sem desiludir e, em 2019, ganhou o seu primeiro Brit Award para British Male Solo Artist.
É de esperar que o seu sucesso continue a crescer e as suas músicas continuem a maravilhar quem as ouve.
Creditos da imagem “thumbnail”: Sony Entertainment Music
Artigo revisto por Ana Roquete