Grace and Frankie apresentam “Rise Up”
Durante os últimos cinco anos, o elenco de Grace and Frankie tornou-se reconfortante para os fãs da Netflix. Mas, como tudo o que é bom tem um fim, a sexta temporada já estreou, sendo uma boa preparação para a sétima e última. Ao longo destes novos episódios, as protagonistas tendem a manter-se no que é habitual em relação a todas as outras personagens pertencentes à trama: os amantes raramente ficam por mais de uma temporada; amigos ou parentes que não fazem parte do núcleo principal não aparecem mais do que duas vezes, e sempre que Grace (Jane Fonda) ou Frankie (Lily Tomlin) saem da casa de praia, encontram uma maneira de voltar.
Felizmente, a série parece pronta para fazer mudanças radicais à sua história. Grace (Jane Fonda) agora é casada com o empresário Nick (Peter Gallagher), e Frankie começa a trabalhar no seu novo produto: uma casa de banho hidráulica chamada “Rise Up”, que se eleva para ajudar os idosos a levantarem-se com o mínimo esforço. A fórmula já testada é seguida à risca: duas mulheres já na terceira idade, com personalidades bastante diferentes, desenvolvem uma amizade profundamente confiante que lhes permite conversar regular e abertamente sobre assuntos tabu.
Na minha opinião, um dos grandes problemas desta nova temporada é a falta de temas que sejam realmente importantes, mas também o modo como são tratados. Apesar de, por vezes, existirem conflitos de ideias, rapidamente são resolvidos e dão lugar a outros, não existindo desenvolvimentos, nem resoluções visíveis. Essa questão pode ser revista na relação de Grace e Nick. Casada novamente após décadas de relacionamento desastroso com Robert, a empresária fica disposta a não cometer os erros do passado: não quer ser anulada pelo marido, nem deixar a sua personalidade de lado em prol daquilo que é a vontade do outro.
O que acaba por acontecer é exatamente o contrário, e aí eu levanto a questão: será o tema bom? A resposta é fácil e objetiva: sim, mas não é explorado com a sua real importância.
Na maioria dos episódios desta temporada, os medos de Grace são sempre abordados pelo lado do humor e a real discussão sobre isso aparece apenas no penúltimo capítulo. Há um momento até, numa parte do episódio 3, em que se fala sobre o conceito de “esposa modelo” e de como homens mais velhos preferem mulheres mais jovens.
No lado oposto, temos Frankie, que se destaca pelos seus encontros amorosos. A personagem envolve-se com nomes quase tão interessantes quanto ela, que rendem boas participações especiais. No entanto, é uma pena que uma personagem tão carismática tenha os seus melhores momentos apenas quando está ao lado de outras. A nível de personalidade, tudo continua como antes, mas, nesta temporada, ela permaneceu muito mais reativa com o que acontece ao seu redor.
Jane Fonda e Lily Tomlin revelam, mais uma vez, a química inegável que as une. O seu relacionamento fácil dá ao programa uma base sólida, mesmo quando as referências à escrita e à cultura pop estão por toda a parte. Grace chama Frankie de “bruxa de apoio emocional” – e eu tendo a concordar.
A chegar à sua última temporada, Grace and Frankie está além daquele que é o seu potencial. Ao invés de investir em clichês românticos e assuntos muito pouco desenvolvidos, a série tem a capacidade de fazer exatamente o inverso, revelando ao público novas e diferentes maneira de ver o mundo. A Frankie que o diga!
Artigo revisto por Rita Serra