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Itália vai a votos: quais as consequências do referendo?

Referendo tem como objetivo reduzir a importância do senado, mas a votação vai muito além deste problema. Futuro de Matteo Renzi incerto, numa situação muito semelhante ao abandono de David Cameron.

No presente dia 4 de dezembro, cinquenta milhões de Italianos terão a oportunidade de votar na mudança das reformas constitucionais.

Qual o objetivo do referendo?

As medidas propostas pelo governo de Matteo Renzi têm como objetivo reduzir o poder do senado, tão importante, atualmente, como os deputados. E são as seguintes:

– Reduzir o número de senadores de 315 para cem.

– Acabar com o direito dos senadores na votação de leis, podendo votar apenas na aprovação de reformas constitucionais e tratados internacionais.

– Acabar com a votação do senado, e recriá-la com representantes locais, ao invés da votação direta que acontece atualmente.

Em suma, caso este conjunto de medidas vá a avante, o governo terá mais poder e independência e a implementação de legislação será mais fácil e eficaz. Consequentemente, a Itália iria poupar cerca de quinhentos milhões de euros na “política” do país.

O “erro” de Renzi

O primeiro ministro italiano cometeu o mesmo “erro” que David Cameron havia cometido no Brexit. Ao afirmar que uma derrota no referendo, de uma importância muito menor do que no caso britânico, levará ao abandono do cargo político, tornou esta votação num processo pessoal. Ao votar “não” os italianos estão não só a votar contra as medidas propostas, mas também no afastamento de Renzi do panorama político.

Para pôr em perspetiva, 56% dos italianos admite que vai às unas “exprimir um juízo sobre o Governo de Renzi”, disse Pietro Vento, diretor do instituto de pesquisa Demopolis ao “Expresso”.

Grupos populares aguardam na retaguarda

Caso a maioria vote “não”, o destino tornar-se-á incerto na terceira maior economia europeia; contundo, esse é o objetivo da oposição.

O principal partido da oposição é o movimento “cinco estrelas”, liderado por Beppe Grillo, que promete criar o “Italexit” caso chegue ao poder e, se “vencer” o referendo de dia 4, a oportunidade poderá estar bastante próxima.

Com o ano de 2016 a ditar o fim do “bom senso” político, uma vitória do “não”, e o consequente afastamento de Renzi, não seria de forma alguma surpreendente.

As sondagens, a partir das duas semanas prior à votação, não são permitidas em Itália, mas as realizadas em novembro davam a vitória do “não”.