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Japão retoma caça de baleias em julho de 2019

O anúncio do governo nipónico já era temido após ter abandonado a Comissão Baleeira Internacional em setembro. O país comprometeu-se a não caçar “em águas antárticas ou no hemisfério sul”, sendo a caça limitada a águas territoriais.

O Japão anunciou esta quarta-feira que vai sair da Comissão Baleeira Internacional (CBI), um dos organismos encarregados da conservação de cetáceos, formalizando uma ameaça feita em setembro com o objetivo de “retomar a caça comercial em julho próximo.” O arquipélago asiático junta-se assim à Islândia e Noruega, únicos países que praticam a caça de baleia para fins comerciais, e abre caminho a duras críticas da comunidade internacional bem como das organizações defensoras dos direitos dos animais.

Ao sair da CBI, que, desde 1986, proíbe os seus membros de pescarem baleias para fins comerciais, o Japão poderá caçar livremente espécies que estão atualmente protegidas por este organismo. Porém, já eram caçadas antes ao abrigo de um “programa científico” que permitia ao Japão caçar entre 200 e 1200 baleias por ano, estudá-las e revender a carne no final.

No entanto, o Japão compromete-se a não capturar “em águas antárticas ou no hemisfério sul”, segundo o porta-voz do Governo nipónico, Yoshihide Suga. A atividade será “limitada às águas territoriais e à zona económica exclusiva do Japão”, acrescentou.

“A caça da baleia vai acontecer de acordo com a lei internacional e de acordo com os limites de captura calculados de acordo com o método adoptado pela Comissão Baleeira Internacional para evitar o impacto negativo nos recursos cetáceos”, referiu o porta-voz do Governo japonês.

A Greenpeace no Japão já pediu aos líderes nipónicos que reconsiderassem a sua decisão e alertou para o facto de poderem ser criticados na próxima reunião do G20, a ter lugar em Junho, em Osaka.

“A declaração de hoje está em desacordo com a comunidade internacional, sem falar na protecção necessária para salvaguardar o futuro dos nossos oceanos e estas criaturas majestosas”, afirmou Sam Annesley, diretora executiva da Greenpeace Japão em comunicado.

O anúncio do Governo de Tóquio representa um “triplo perigo” para estes animais, uma vez que não se conhecem as quotas de pesca que o Japão fixará porque “ao não estar já sob a salvaguarda de um organismo internacional” dificultará o estudo das baleias, “das quais se sabe muito pouco ao viverem em mar aberto”, e pode produzir um “efeito bola de neve sobre os países que as caçaram historicamente, como a Noruega e a Islândia”, advertiu Pilar Marcos, bióloga e coordenadora da área da biodiversidade da Greenpeace Espanha.

Artigo corrigido por Rita Serra