LEFFEST: 11. 11. 11.
Ao 11.º dia do 11.º mês, o Lisbon & Estoril Film Festival (LEFFEST) relembra o grande vencedor do Prémio Melhor Filme Jaeger-LeCoultre da edição passada. “11 minut” (11 minutos), o mais recente filme de Jerzy Skolimowski, encerrou a noite no Cinema Medeia Monumental, em Lisboa.
“11 Minut” conta histórias. Não uma. Várias. Todas sobrepostas com cortes narrativos abruptos. A ação constrói-se a um ritmo frenético. Há um marido. Há uma atriz. Há um realizador. Há um drogado. Há um vendedor de cachorros. Há uma rapariga que passeia um cão. Há freiras. Há bombeiros. Há uma dose de banalidade tratada com genialidade.
Não interessa quantos minutos se estica o tempo (onze ou mais); a história não é de fácil digestão. É incompreensível por escolha. “O filme pode significar tudo ou nada”, quem o diz é o próprio Jerzy Skolimowski, no final da sessão numa conversa com o público, mediada pela escritora polaca Dorota Maslowska.
“É o filme mais importante que já fiz até agora. Tem uma estrutura invulgar”, conta o realizador polaco, que confessou ter escrito o argumento de trás para a frente.
É um filme pessimista, que reflete o estado de espírito do autor. “11 Minut” assinalou o regresso do realizador ao grande ecrã. Depois de uma interrupção de 17 anos, estimulada pela perda do filho mais novo, Jerzy Skolimowski colocou neste projeto a sua descrença no mundo: “é demasiado tarde para remediar tudo”.
E não adianta muito mais. Falar sobre a sua obra é “uma tortura”. Jerzy Skolimowski, que este ano integra o Júri da Competição Oficial do festival dedicado à sétima arte, admite que se sente “muito mais confortável a fazer os filmes do que a falar sobre eles”.
A décima edição do LEFFEST termina no domingo, dia 13. Até lá, o cinema, a literatura, a música e as artes plásticas continuam em destaque nos 13 espaços que estão a receber o festival português.