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Luaty Beirão

É rapper, é ativista, é vegetariano. Está em greve de fome e a razão é a falta de Liberdade.

Luaty Beirão cumpre o vigésimo quinto dia de greve de fome, manifestando assim o seu desagrado perante a sua prisão e a de mais 14 ativistas, detidos além do prazo legal.

O ano parlamentar angolano arranca sob grande pressão internacional; afinal o impacto negativo da queda do petróleo, assim como a detenção de um grupo de ativistas, tem colocado os olhos do mundo em Luanda nestas últimas semanas. Por ocasião de “indisponibilidade momentânea”, o presidente José Eduardo dos Santos não pôde estar presente, tendo sido substituído pelo vice-presidente, Manuel Vicente, a quem coube, juntamente com o ministro dos negócios estrangeiros, Georges Chikoti, dar conta das primeiras reações públicas das figuras do regime sobre o caso dos ativistas.

Os jovens acusados de estarem a preparar uma rebelião e um atentado contra o Presidente da República angolana estavam na verdade a debater o livro, que circula clandestinamente, “Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura — Filosofia política da libertação para Angola”, escrito pelo jornalista Domingos Cruz, também ele detido. O objetivo da reunião seria discutir formas pacíficas de combater o regime do Presidente José Eduardo Santos, no cargo há 36 anos.

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Luaty Beirão, o rapper luso-angolano que tem dado que falar nos últimos dias, entrou em greve de fome à meia-noite do dia 21 de Setembro, permanecendo assim desde então. Encontra-se agora no hospital-prisão de São Paulo, local para onde foi transferido sexta-feira passada, a receber auxilio. O seu estado débil, assim como os vinte quilos que já deverá ter perdido entretanto, não demove o jovem de lutar pelo fim da prisão preventiva a que ele e outros 15 ativistas foram sujeitos no mês de junho.

Porque há-de ser este caso tão polémico?

Afinal, o ex-primeiro ministro português, José Sócrates, está há nove meses em prisão preventiva (e agora em prisão domiciliária). “Recurso ou previsão da lei?”, é a questão em cima da mesa. Segundo o chefe da diplomacia angolana, Georges Chikoti, “A lei prevê que enquanto se quer investigar muito […] um caso, [este] pode durar. Depois vai haver o momento da condenação”. Falta só um pormenor: a prisão preventiva aplicada a estes ativistas admite a liberdade condicional até serem julgados.