Manual de Instruções: Electropop à Portuguesa
Eu sou daquelas pessoas que quando mete na cabeça que vai começar a ouvir determinado género musical não descansa enquanto não descobre as bandas mais “influentes” nesse mesmo género. Na esperança de ajudar muitas almas que, como eu, andam por aí perdidas, em busca deste tipo de auto-educação musical, decidi começar uma rúbrica que incluisse algumas sugestões para cada género.
Como já devem ter percebido, o primeiro desta série de artigos será sobre Electropop, feito por portugueses. Não que eu seja “expert” no assunto – trago-vos apenas os artistas de que mais gosto.
Direitinhos do Porto, Gui Tomé Ribeiro, Luís Montenegro, Tito Romão e Filipe Louro formam os SALTO. Com letras em português, refrões que ficam no ouvido e construções electrónicas dançáveis, os SALTO representam tudo o que há de bom no Pop: a leveza e felicidade do seu som, sem que isto retire prestígio ao seu trabalho enquanto músicos. Prova disto é o seu novo single, “Mar Inteiro”: é impossível ficar indiferente ao ritmo contagiante e aos acordes de guitarra que rasgam a tão limpa melodia electrónica.
Assumidamente pop, os D’Alva são mais acção e menos conversa. O seu primeiro álbum, #batequebate, está repleto de melodias marcadas pelo dinamismo e alegria, tudo num tom muito descontraído. Alex d’Alva Teixeira e Ben Monteiro, dupla improvável, são os autores deste projecto, multicolorido em todos os aspectos. Se ainda não estão convencidos, convido-vos a renderem-se a “Frescobol”, um dos singles do seu álbum de estreia. E como neste mesmo álbum reina o mundo da internet, basta dizer-vos que com D’Alva podemos fazer um #throwback à musicalidade dos anos 80, agora com uma sonoridade mais recente e fresca, quais anos 2000.
Quase pioneiros nesta arte que é o pop electrónico português, os WE TRUST ficaram conhecidos pelo seu single “Time (Better Not Stop)”. Verdade seja dita: eles não param e ainda em Março deste ano lançaram Everyday Heroes, o seu mais recente álbum. Heróis ou não, definem-se pela sua sonoridade optimista, capaz de deixar toda a gente de brilhozinho nos olhos. Simples, mas consistentes, os WE TRUST são uma paragem obrigatória nesta viagem pelo electropop.
Outra paragem obrigatória neste percurso é Moullinex. Este projecto de Luís Clara Gomes prima pela enorme produção electrónica por detrás de cada canção e pelos seus refrões, sempre dançáveis. Moullinex consegue ser algo exótico em Portugal, pela enorme fusão de géneros num só: pop electrónico luminoso e perfeccionista. Elsewhere é o nome do seu novo álbum, que sai já dia 18 deste mês. Cuidado, que este senhor não brinca em serviço.
Em último, mas não menos importantes, estão os Best Youth. É verdade, não me canso de falar deles. Se há pouco apelidei os D’Alva de “dupla improvável”, então os Best Youth são a “dupla maravilha” desta lista. É impensável ficar indiferente à produção e guitarra de Ed Rocha Gonçalves, que tão bem acompanha a voz da carismática Catarina Salinas. Ainda que alguns dos seus temas nos recordem maneirismos do rock (em parte, graças à participação da guitarra), eles são puro pop, a transbordar sensualidade. Já colaboram com artistas que constam nesta lista: WE TRUST e Moullinex. Lançaram o seu primeiro LP no final de Março, Highway Moon, e parecem ter vindo para ficar.
AUTORIA
Mariana Monteiro não faz telenovelas, mas escreve de vez em quando. Gosta de música, como todos os comuns mortais, e canta sempre que pode. Nos tempos livres, gosta de comer chocolate.