Quem são os melhores treinadores portugueses hoje em dia?
A escola de treinadores em Portugal teve uma grande evolução nos últimos anos, desde a rutura de Mourinho com o tradicional até ao fenómeno Rúben Amorim. Vítor Pereira, André Villas-Boas e Leonardo Jardim são outros nomes que ajudaram a dar outra reputação aos treinadores portugueses.
Porém, considero que estamos num período de transição, onde o mediatismo de uma antiga escola dará lugar à bonita incerteza do futuro dos mais jovens, que já vão fazendo algum furor. Por isso, esta lista deverá refletir essa transição de alguma forma.
5. Paulo Fonseca
A última vaga foi a mais difícil de escolher. Há nomes como Luís Castro, Leonardo Jardim ou até mesmo Mourinho, que, apesar da queda comparativamente a outros tempos, continua a ser de topo. Porém, simpatizo com o futebol de Paulo Fonseca.
Deu-se a conhecer quando acabou em terceiro lugar com o Paços de Ferreira na época 2011/2012. Após passagens pelo Porto, pelo Paços e pelo Braga (onde venceu uma Taça de Portugal em 15/16), experimentou algo diferente no Shakhtar Donestsk. Na Ucrânia, foi tricampeão da liga e da taça, tendo também tido boas campanhas a nível europeu. Quem não se lembra de Paulo Fonseca vestido de Zorro numa conferência de imprensa? O episódio ocorreu após vencer o Man City, qualificando-se para os oitavos da Liga dos Campeões.
O seu futebol ofensivo e bem trabalhado levaram-no para a AS Roma. Apesar de não ter vencido nenhum título, criou uma mentalidade mais competitiva, que Mourinho está a saber reutilizar. Deste seu período destaca-se a chegada às meias-finais da Liga Europa em 2020/2021.
4. Abel Ferreira
Abel é um caso de estudo. Mostrou ser competente no longo período em que esteve na equipa A do Braga, de 2017 a 2019. Contudo, faltava-lhe a capacidade de jogar olhos nos olhos com os três ditos “grandes” (Benfica, Porto e Sporting). Saindo do Braga, encontrou na liga grega um novo ambiente para mostrar o seu talento. Na sua única época completa, terminou em segundo lugar com o PAOK e alcançou as meias-finais da taça. Curiosamente, foi fora do campeonato português que Abel bateu de frente com um dos “grandes”, eliminando o Benfica no playoff de apuramento para a Liga dos Campeões em 20/21.
Em novembro de 2020, assumiu o comando técnico do Palmeiras. O seu futebol mais pragmático e posicional tinha vindo a melhorar desde a passagem pelo Braga e o sucesso que tem tido no Brasil é prova disso mesmo. Venceu duas vezes a Taça Libertadores, a Taça do Brasil e a Recopa Sudamericana. Com mais mediatismo do que aquele que tinha em Portugal, só lhe falta conquistar uma liga nacional para provar que consegue vencer uma prova de regularidade.
3. Bruno Lage
Apesar de estar ligado ao futebol há vários anos, Bruno Lage, apostou na sua carreira como treinador principal a partir de 2018/2019. Fez a primeira metade da época no Benfica B e a segunda metade na equipa A. E o que fez no ano de 2019 foi algo incrível. Em janeiro, assumiu o Benfica, que estava, para muitos, fora da luta pelo título. Com uma segunda volta invencível, a equipa fez uma recuperação inimaginável e venceu o campeonato. A aposta na formação e a sua excelente capacidade comunicacional foram fatores chaves para o sucesso. No segundo semestre do ano fez uma primeira volta também espetacular. No entanto, a segunda metade do campeonato não correu assim tão bem, acabando por perder o título para o Porto e por ser, consequentemente, demitido.
Após uma pausa na carreira, assumiu o Wolverhampton, na época 2021/2022. Uma vez que Nuno Espírito Santo elevou as expectativas que o clube tinha, havia uma certa desconfiança sobre se um treinador com uma filosofia diferente conseguiria manter o nível. Bruno Lage provou que era possível. Com 29 jornadas disputadas, está em oitavo lugar na Premier League e está na luta pelos lugares europeus. Algumas vitórias importantes, como contra o Man United ou Tottenham, deram-lhe crédito.
2. Rúben Amorim e 1. Sérgio Conceição
Entre o treinador do Sporting e o do Porto, a nível de qualidade, não há grandes diferenças. Nos seus primeiros 13 jogos enquanto treinador de primeira liga, Amorim venceu os “três grandes” e uma Taça da Liga pelo SC Braga. Pelo Sporting CP, acabou com a seca do clube de 19 anos sem ser campeão nacional. Nos leões, ganhou tudo, exceto a Taça de Portugal. Porém, ainda tem provas a dar quanto às exibições europeias. Atingir os oitavos da Champions foi um marco, mas a equipa poderia ter feito muito mais contra o Man City e o Ajax. E do desaire contra o Lask Linz em 2020 nem se fala.
Já Sérgio Conceição, além provas dadas internamente (dois campeonatos, uma Taça de Portugal e duas Supertaças), também tem provas nas competições europeias. Já atingiu por duas vezes os quartos de final da Champions com o FC Porto e já derrotou, nas provas da UEFA, equipas como a Juventus, o AC Milan, a Roma, etc.
Acredito que Rúben Amorim ficará na história como um treinador melhor do que Sérgio Conceição. Ainda assim, neste momento, considero que Sérgio Conceição é o melhor treinador português da atualidade.
Fonte da capa: Jornal de Notícias
Artigo revisto por Mariana Saião
Para de ser selecionador não chega ser só bom treinador…além disso é muito diferente treinar todos os dias (equipa) do que treinar meia dúzia de treinos e exigirem se resultados…