Mente: Ação! O Produtor de Hollywood Interior
Todos nós somos criadores de filmes. Pensamos em cenários de tragédia, comédia, tragédia, terror, tragédia, drama e tragédia.
A tragédia parece quase inevitável.
Ela faz parte da vida de toda a gente. Na realidade, nem sempre sofremos com tragédias. Mas está cá uma pessoa que tem todo o cuidado e carinho para termos uma experiência destas quase todos os dias, a qualquer momento do dia.
Por vezes, vemo-nos a adormecer com a cabeça na lua ou simplesmente quando não temos nada para fazer. É então que o nosso produtor nos chama para criarmos um filme. Estamos sentados a criar filmes. Ou na janela do autocarro, do comboio, a olhar para o nada. Se fosse possível, podíamos vendê-los e ter filmes de sucesso.
Imaginamos de tudo: pessoas próximas a partirem; sermos abandonados; ficarmos sem amigos, família; perdermos aqueles de que mais gostamos.
O nosso produtor continua com o filme e guia-nos nessa linha.
E escreve tudo; diz-nos tudo. Que planos temos de usar, se são gerais ou primeiríssimos. Porque não de pormenor? Para vermos as lágrimas a cair nos olhos do nosso rosto? Talvez um plano geral para vermos o acidente de carro. Ou um mais aproximado para vermos a bala a entrar no peito de alguém.
Tentamos perceber o porquê de só conseguirmos fazer filmes destes. Porque não filmes em que todos se estão a rir ou filmes numa praia ao pôr-do-sol?
Porque é que não pensamos em bons momentos, mundos de fantasia com fadas ou centenas de gatos e de cães – coisas agradáveis para nós?
A resposta é simples: o nosso produtor tem vários vizinhos. Juntos, têm conversas e fofocam sobre o que se passa no mundo real.
E o produtor traz a informação a um nível hiperbólico para ser possível criarmos os nossos filmes.
Querem saber o nome desses vizinhos? Depressão, ansiedade, preocupações, medo.
E esse Produtor de Hollywood é um nome de outra coisa. O nome do overthinking.
Ele, de alguma forma, está a proteger-nos de eventuais tragédias, para já termos um cheirinho do que poderá acontecer; para não sermos surpreendidos.
Sentimos que devemos estar preparados para o pior que aí vem e então pensamos em todas as possibilidades de horror e de tragédia.
Porque quando algo vem e estamos à espera disso, temos uma sensação de “eu sabia que isto ia acontecer”. Mas sofremos; e muito.
E nós temos de o abraçar. Temos de o aceitar. Até podemos gozar com ele, falando com ele: “ai, agora afogaste fulano? Eu preferia queimá-lo, pá!!!”.
Temos de brincar com ele e de o deixar entrar. Temos de o deixar conversar connosco.
Porque é com conversa que as coisas se resolvem.
Fonte da imagem de destaque: Vasco Inglez
Artigo revisto por Andreia Custódio
AUTORIA
Ana Rebelo é licenciada em Ciências da Comunicação pela UAL. Farta da escrita de notícias e reportagens, Ana quis sair dessa prisão e embarcar pela escrita criativa e pela opinião, falando dos seus próprios interesses, sem qualquer obstáculo. De momento, frequenta o mestrado em Audiovisual e Multimédia na ESCS, dá aulas de piano e teoria musical e é músico.