Milhares de cidadãos protestam contra o aborto em Madrid
Milhares de pessoas manifestaram-se, no domingo, contra a interrupção voluntária da gravidez. Associações pró-vida apelaram a políticas sociais que permitam a conciliação da vida familiar com a vida profissional. O secretário-geral do Partido Popular e Lourdes Méndez, do partido de extrema-direita Vox, também participaram no protesto.
Mais de 500 associações pró-vida, cidadãos e voluntários saíram à rua para uma manifestação com o mote “Sim à vida”, que percorreu a rua Serrano até à Porta de Alcalá, centro de Madrid. Os manifestantes lançaram balões verdes em homenagem àqueles que não nasceram e ergueram cartazes com mensagens a favor da vida.
Teodoro García Egea, secretário-geral do Partido Popular (PP), mostrou-se surpreendido por não estarem mais partidos nesta manifestação. “Não se entende como é que o partido Podemos ou o PSOE [Partido Socialista Operário Espanhol] não estão nesta manifestação. Nós defendemos a vida, a maternidade, a conciliação e o futuro das famílias”, afirmou durante o protesto.
O PP já tinha apresentado em 2013 um projeto para o aborto ser uma opção apenas para casos específicos, mas acabou por ser retirado. O líder do PP, Pablo Casado, também tinha proposto uma lei muito mais restritiva.
A candidata do partido Vox Lourdes Méndez afirmou que são necessárias medidas que valorizem a família e “a vida desde a conceção até à morte natural”.
As políticas sociais são um dos temas que preocupa as associações pró-vida presentes na manifestação. Álvaro Ortega, presidente da organização +Vida, apelou a que mais recursos fossem direcionados para políticas familiares. Segundo o próprio, o financiamento do aborto é muito mais elevado do que o dos projetos destinados às famílias.
Para além de políticos e associações, vários cidadãos e voluntários juntaram-se a este protesto. “O aborto deve ser banido. Desde a conceção existe uma vida independente da mãe e que tem todos os direitos”, Alejandra Anton, enfermeira de 32 anos, à AFP.
As voluntárias Almudena Prados e Isabel Lara afirmam que é importante dar a conhecer às mulheres outras alternativas, como dar a criança para adoção, e associações que as apoiem depois de darem à luz. Os casos de gravidez por violação preocupam-nas, mas Isabel Lara explica que o aborto nestes casos duplica o sofrimento. A jovem sublinha que o Estado deve, primeiro, prender os violadores.
A lei espanhola permite a interrupção voluntária da gravidez até à 14ª semana de gestação. As eleições legislativas em Espanha são a 28 de abril. O PSOE, segundo as sondagens, está na frente, mas o PP, o Vox e o Cidadãos podem conseguir formar uma coligação.
Artigo revisto por: Andreia Jesus