Moda mais sustentável: isto é apenas a ponta do icebergue
O meu interesse sobre este tema já começou há algum tempo. No entanto, foi na quarentena que tive a oportunidade de fazer um curso online sobre “Sustentabilidade e Moda” (https://www.futurelearn.com/courses/fashion-and-sustainability) – que aconselho a toda a gente. A partir daí, comecei a ter mais consciência sobre as agendas e os problemas que se relacionam com esta indústria.
A indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo, assim como uma das que mais explora os trabalhadores. Contudo, nos dias que correm, as marcas têm estado mais conscientes em relação à importância da sustentabilidade.
Neste artigo, pretendo analisar o que as marcas de fast fashion estão a fazer para se tornarem mais sustentáveis, visto que representam o lado negro da indústria têxtil.
Antes de falar sobre algumas iniciativas e ações de marcas de fast fashion, quero alertar-vos para um conjunto de agendas que foram criadas de forma a identificar e a combater problemas para que se possa atingir, então, a sustentabilidade.
A agenda cultural alerta para o impacto e a influência que a moda tem na cultura, uma vez que é, muitas vezes, usada como uma forma de expressão. Os principais problemas associados a esta agenda são: o consumo, o desperdício, o bem-estar, as alterações climáticas e a diminuição dos recursos.
Na agenda ecológica, o importante é que comecemos a ser mais conscientes sobre a forma como tratamos a nossa casa, o planeta Terra e sobre como as nossas ações estão a ter consequências devastadoras. Vivemos, então, na era do Antropoceno, um termo usado por alguns cientistas para descrever a era onde o impacto das ações humanas no planeta vai ter consequências nos ecossistemas e na nossa qualidade de vida. Os principais problemas a combater são o uso excessivo dos solos, a perda de biodiversidade, a escassez de água, as alterações climáticas, a poluição e os produtos químicos perigosos que contaminam os solos e as águas.
A agenda económica alerta para a importância de arranjar modelos económicos que olhem para os custos ambientais e sociais e não apenas para o crescimento financeiro. Os problemas a combater para garantir a sustentabilidade são: a diminuição dos recursos naturais e humanos, a perda de biodiversidade, o uso excessivo dos solos, as alterações climáticas, a escravatura moderna, o consumo e o desperdício.
Na agenda social, o foco é a desigualdade no tratamento de algumas pessoas ou de grupos de pessoas que não têm acesso a empregos com condições justas e que, muitas vezes, não são tratadas de forma digna. Aqui encontramos problemas como a escravatura moderna, o bem-estar dos trabalhadores, os químicos e a poluição – ambos prejudiciais para a saúde dos trabalhadores – e as alterações climáticas.
Agora que já estás mais informado sobre os principais problemas a combater, vamos então às iniciativas:
- Mango: a marca de fast fashion Mango criou uma linha com roupas e assessórios mais sustentáveis – a Committed. Os produtos são feitos com fibras e/ou em processos de produção sustentáveis. O objetivo da marca, como podes ler no site, é implementar práticas que conservem o meio ambiente.
- H&M: esta marca de fast fashion criou no site uma parte dedicada única e exclusivamente à sustentabilidade. O objetivo é consciencializar os consumidores para vários aspetos relacionados com a temática.
São estas iniciativas o suficiente para combater todos os problemas enunciados nas agendas? Não. Porém, representam uma mudança na mentalidade desta indústria. No entanto, na minha opinião, estas indústrias estão a acompanhar as preferências dos seus consumidores que ainda optam por comprar fast fashion. Por isso, aliada à nossa consciência sobre este tema, têm de ser praticadas ações da nossa parte. É importante apostarmos numa economia circular e, em vez de produções desenfreadas, apostarmos na slow fashion.
Aquilo de que vos falei neste artigo foi apenas a ponta do icebergue, porque esta é apenas uma das abordagens possíveis ao tema. Todavia, espero que tenha despertado o vosso interesse para esta problemática tão importante e que tenham vontade de saber mais.
Artigo revisto por Andreia Custódio
Fonte da foto de capa: thesustainabilist.ae