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Morreu Umberto Eco

Captura de ecrã 2016-02-21, às 03.43.01O autor fundou o Departamento de Comunicação da Universidade de San Marino. Fonte: zona3.mx

O escritor e filósofo era um dos mais conhecidos intelectuais europeus da sua geração.

“Eco foi revolucionário ao dizer que, apesar de haver um código por detrás de uma obra, existe nela a possibilidade de inúmeras leituras”: foram estas as palavras de Moisés de Lemos Martins, professor de Semiótica, na Universidade do Minho, após ter sido anunciada a morte do escritor italiano Umberto Eco. O autor de livros como “O Nome da Rosa” e “O Pêndulo de Foucault” faleceu na noite de sexta-feira, na sua casa, em Milão.

As causas da sua morte ainda não foram indicadas, mas, de acordo com informações prestadas por familiares, estão a ser investigadas pelas autoridades locais. A sua morte foi anunciada por volta das 22h30 (23h30 – hora de Portugal Continental).

O seu nome, sendo uma das figuras mais relevantes da cultura italiana dos últimos anos, fica na memória graças ao sucesso que teve no campo da escrita, chegando ao obter vários best-sellers. O romance “O Nome da Rosa”, a sua mais famosa obra, foi traduzido em todo o mundo e vendeu mais de 10 milhões de cópias, recebendo, em 1981, o Prémio Strega. Mais tarde, foi adaptado ao cinema pelo realizador Jean-Jacques Annaud.

O seu último livro, “Número Zero”, foi editado no ano passado. Ilustra o cenário da redação de um jornal, a partir do qual aborda as questões do jornalismo e do poder.

Para além da escrita, Umberto Eco foi professor em várias universidades norte-americanas, entre elas a Yale e a Harvard. Chegou a ser titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de Ciências Humanas na Universidade de Bolonha. Acabou por se tornar num dos nomes mais emblemáticos no campo das letras, em que se associa a uma grande produção académica: “Os Limites da Interpretação”, “Kant e o Ornitorrinco” ou “O Signo”. Em 1988, fundou o Departamento de Comunicação da Universidade de San Marino.

Eco sempre tentou reproduzir a sua vida nos livros que editava. O Mestre académico da semiótica, da lógica e da linguagem dava extrema importância à maneira como o Homem se relacionava com o mundo à sua volta, como também com os livros. Nas suas palavras, “os livros não foram feitos para serem acreditados mas para que os questionemos. Quando lemos um livro, devemos perguntar a nós próprios não o que diz, mas o que significa”.