Neste Carnaval vou ter o melhor disfarce
Quando entrei na ESCS, aquilo por que mais ansiava eram as festas. Sim eu sei, deviam ser as aulas e os núcleos ou qualquer outra atividade que tivesse mais a ver com o estudo em si, mas foram mesmo as festas que me fizeram querer que o semestre fosse passando.
As festas da ESCS nunca desiludiram e sempre que uma acabava eu queria que rapidamente viesse outra. Seria de pensar que eu estudava bastante e me aplicava de tal forma exaustiva que necessitava de um escape, de um momento para descontrair, infelizmente não era o caso. Eu queria e quero ir às festas porque, de certa forma, deixam-me sentir agarrada à ideia de que estar no ensino superior não significa obrigatoriamente ter de mudar a minha antiga rotina repleta de diversão. No entanto, a verdade é que, mesmo que eu não queira a minha rotina tem de mudar porque afinal de contas não estou a estudar para ter o mínimo possível às cadeiras, embora não o pareça.
Habituei-me à ideia de que as festas teriam de acabar. Foi das coisas mais difíceis que alguma vez tive de aceitar, mas a vida não pode ser só diversão. Esta habituação fez-se ao longo deste primeiro semestre, e à medida que a época de exames se ia aproximando tornou-se cada vez mais real o facto de a minha vida ter de se afastar das festas para me focar simplesmente no estudo. Mas era tarde demais, pelo menos para a época de exames.
Começou a interrupção de aulas (também conhecidas como férias de natal) e eu sabia perfeitamente que tinha de aproveitar ao máximo esse tempo precioso para pôr o estudo em dia e preparar-me o melhor possível para os exames. No entanto houve uma vozinha, que parecia tão simpática, que me disse para aproveitar esses dias para descomprimir e divertir-me, porque eu merecia depois do meu “suposto” semestre cheio de estudo. Essa vozinha, a minha querida consciência, conseguiu mais uma vez dissuadir-me das minhas responsabilidades e, como se não bastasse, decidiu que eu precisava ainda de mais uns dias na semana antes do meu primeiro exame para estar relaxada.
Chegou a altura de fazer os exames e eu sabia que estava preparada o suficiente, para quem tinha acabado de estudar a matéria de um semestre inteiro num espaço de 24 horas. Resumindo, não chumbei a nenhuma cadeira, mas as notas também não eram do meu agrado, porque o pormenor que a minha consciência se esquece, convenientemente antes de uma festa, é de que eu preciso de ter uma média alta para concretizar o meu sonho e mudar para Jornalismo para o ano que vem.
Agora resta-me estudar como já o devia ter feito e rezar para ter as melhores notas possíveis quando fizer melhorias a algumas cadeiras a que não tive a nota que precisava. Mas não me posso esquecer de que vem aí uma grande festa: a fantástica e maravilhosa festa de Carnaval, uma noite em que podemos ser quem nós quisermos, em que podemos dar asas à nossa criatividade e abusar nas roupas justas e curtas (se formos raparigas), sem receio de sermos julgadas.
Consequentemente, inspirei o meu disfarce de carnaval nas minhas atitudes recentes, e, após muito refletir, decidi que não só vou manter este disfarce o resto do ano como vou mesmo vestir e tornar-me na personagem que escolhi. Para o Carnaval, este ano, vou ser uma aluna aplicada: vou estudar todos os dias e frequentar todas as aulas, mesmo aquelas em que os professores não contam as faltas que damos. Decidi que vou sentar-me sempre na fila da frente e ser a aluna que tem todos os apontamentos e tira as melhores notas (dentro das minhas capacidades, claro). Vou ficar até ao final da aula, mesmo que me apeteça ir jogar matraquilhos para o bar ou não tiver tomado um café em condições. Vou fazer tudo isto com um sorriso na cara e aceitar que a minha vida agora são as sebentas, mas não vou usar nenhuma minissaia para parecer uma aluna. Está demasiado frio e não me posso constipar, senão perco aulas e isso está fora de questão.
Escrito segundo o novo acordo ortográfico