Noite calma na Madeira na noite da eleição (expectável) de Marcelo Rebelo de Sousa
Os líderes e mandatários regionais das diversas candidaturas saúdam a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa mas não deixam de criticar o que dizem ser a “campanha” feita pela comunicação social a favor da candidatura do professor.
Noite calma na região, muita expectativa entre os madeirenses. Durante todo o dia, nas urnas e nas ruas, a esperança era a mesma: a eleição de Marcelo como novo Presidente da República. “Eu cá quero que o Marcelo ganhe”, afirmava Zita Gaspar, residente no Funchal, à saída de uma secção de voto. Natural da Madeira, Edgar Silva, candidato pelo PCP, mantinha a esperança num bom resultado. “Conto com o voto de cada português e de cada portuguesa”, disse à saída da Escola Secundária Francisco Franco, local onde foi votar pelas dez e meia da manhã. Saiu sorridente a caminho do aeroporto. Destino? Lisboa, onde acompanhou toda a noite eleitoral ao lado dos dirigentes comunistas.
Às 19h são conhecidos os primeiros dados da abstenção: entre os 48% e os 53%. Um resultado histórico, tendo em conta os números de eleições anteriores. Na Madeira ficou nos 54,5%.
Uma hora depois a confirmação do há muito anunciado pelas diversas sondagens apresentadas ao longo de duas semanas de campanha: Marcelo é eleito à primeira volta com 52%.
Na Madeira, a sede do PSD regional era sinónimo de satisfação e entusiasmo. Não houve festa “oficial”, nem comício, nem passeio pela cidade. Miguel Albuquerque, presidente do partido, falou numa vitória “concludente” que não deixa margens para dúvidas. O também presidente do Governo Regional espera que Marcelo esteja ao lado da Madeira e fortaleça a autonomia regional.
Cem metros abaixo, na Rua do Bispo, estavam os apoiantes de Sampaio da Nóvoa. O desalento era evidente mas com o sentimento de dever cumprido. Francisco Paulino, diretor da campanha regional, fala numa campanha “vergonhosa” de Nóvoa. “Marcelo teve sempre o apoio da comunicação social”, realçou. O mandatário regional, Raimundo Quintal, reconhece que “o objectivo da segunda volta não foi cumprido”. Ainda assim, espera que Marcelo Rebelo de Sousa seja “um Presidente exemplar”.
Madeirense de gema, Edgar Silva foi um dos derrotados da noite. Apesar de ter ficado em segundo a nível regional, à frente de Sampaio da Nóvoa, a nível nacional o PCP obteve o pior resultado de sempre. “Ter 3% é mau”, comentava um dos presentes na sede regional. Leonel Nunes, dirigente comunista regional, diz que “ao fim ao cabo o Cavaquismo vai continuar”. Não assumindo a derrota, Leonel Nunes realça o resultado do candidato na Madeira, dizendo que o PCP não irá desistir da “luta contra a austeridade” a favor do povo e dos trabalhadores.
Desalento comunista, alegria “bloquista”. “Grande Marisa”, gritavam os apoiantes. O segundo andar do número 10 da Rua Brigadeiro Oudinot estava num autêntico alvoroço. Sorrisos, abraços e aplausos depois da divulgação das primeiras projeções, que davam a Marisa Matias entre 9% e 11%. “Agora o Bloco vai para a frente”, observava um dos apoiantes. A voz da euforia era a de Roberto Almada. O coordenador regional do Bloco de Esquerda não escondeu a “satisfação” pelo resultado de Marisa Matias mas não deixou de reconhecer que “um dos principais objetivos [a passagem à segunda volta] não foi cumprido”. A representante de Marisa na Madeira, Raquel Gonçalves, diz que o resultado da candidata foi “um avanço para o país” e que as principais ideias foram passadas ao eleitorado.
Duas semanas de campanha, três vencedores, sete derrotados. Marcelo, Tino e Marisa têm razões para sorrir. Edgar e Maria de Belém, motivos para repensar o que correu mal para não obterem os resultados expectáveis. Dez anos depois sai Cavaco Silva, entra Marcelo Rebelo de Sousa, que promete aos portugueses “refazer Portugal”.