O dom de estar em todo o lado
O dia do jornalismo celebra-se a 7 de abril. Os escsianos anteciparam-se e festejaram-no a 5 do mês das águas mil. Uma profissão? Não. Muito mais que isso: uma missão. E a dois dias do aniversário do jornalismo, os alunos da Escola Superior de Comunicação Social (ESCS) comprovaram-no em grande estilo.
Entre as 8h30 e as 20h30, a redação constituída por alunos da licenciatura e do mestrado em Jornalismo, que se dividiu por equipas na rádio, imprensa online, televisão e exterior (reportagens em Benfica e a partir das sedes da Rádio Renascença, da LUSA e do Record), viveu um autêntico ambiente frenético.
Também se registou o nascimento oficial do site Estrada de Benfica, uma compilação de todas as peças que os alunos realizaram acerca das histórias que descobriram na via que se estende desde Sete Rios às Portas de Benfica.
Na ordem do dia, encontrava-se o relançamento do 8ª Colina, jornal que nasceu em formato impresso, em junho de 2005, mas cresceu para o mundo digital em 2013. A sua nova vertente multiplataforma foi apresentada pela coordenadora Margarida Alpuim, aluna do segundo ano da licenciatura em Jornalismo.
Para a aluna, “falar por uma equipa alargada, em que cada um tem a sua visão do jornal” constituiu uma responsabilidade elevada, “em particular por ter acabado de chegar”, tal como nos contou.
Com o apoio de Teresa Abecasis, jornalista da Rádio Renascença e ex-aluna da instituição, Margarida explicou as fases pelas quais o órgão de comunicação que se encontra registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social passou e fez circular os primeiros números do mesmo, incluindo o zero, onde se lê no estatuto editorial: “é virado para fora, para a comunidade, para Lisboa”.
À tarde, deu-se a apresentação do livro Tudo por uma Boa História: Confidências e Relatos de Jornalistas Portugueses, onde estiveram presentes os jornalistas Cesário Borga e Vânia Maia. A moderação foi realizada por Pedro Miranda, finalista da licenciatura em Jornalismo, que, apesar das adversidades, retirou uma lição desta experiência: “Meia hora antes do início descobri que tinha uma convidada nova e tive de preparar mais perguntas. Os microfones ficaram sem pilhas e só falei metade daquilo que tinha imaginado. Houve coisas que podiam ter corrido melhor, mas aprendi a lidar com os problemas. Se o fiz bem ou mal, não cabe a mim dizer”, confessou.
Já para Francisco Sena Santos, mestre da rádio, “uma boa história começa por ser uma coisa simples: é o relato de algo que acontece a uma pessoa (ou a várias pessoas) e que pode ser interessante, pela relevância do facto, contar a outras pessoas”. O docente incluiu nomes como Ferreira Fernandes, Alexandra Lucas Coelho e Adelino Gomes na sua lista de melhores contadores de histórias do panorama português, rematando: “Quem me dera que houvesse uma história de cada um deles para ler ou escutar a cada dia que passa”.
Às 16h30, houve a mostra e entrega dos Prémios do Concurso de Fotografia Ver Pessoas, um dos momentos altos do dia. O vencedor, Gonçalo Pinto, estudante do segundo ano de Audiovisual e Multimédia, esteve à conversa com a ESCS Magazine e revelou que “não pensava que pudesse ganhar”, tendo participado “quase pela desportiva”.
A fotografia vencedora, intitulada Pés de Campo, “mostra bem a vida das pessoas que habitam no interior de Portugal. Ao contrário daquilo a que estamos habituados, este pé está calçado com um sapato roto, onde se conseguem ver os dedos nus, sem meias, de alguém que não vive a pensar em estilos e modas. Simboliza todas aquelas populações, que sobrevivem a partir da agricultura e pecuária, a quem os bens materiais pouco importam”, explicou Gonçalo. Para o jovem, a imagem captada poderia ser facilmente conectada ao rosto do “senhor dono do pé, pela alegria que ele nos transmite”, na medida em que, para o autor, não simboliza apenas uma parte do corpo, mas sim “uma simplicidade alegre”, já associada à população do interior do território lusitano.
É comum ouvir-se dizer que os jornalistas têm três qualidades distintas: conseguem saber tudo mesmo quando a maioria das pessoas não sabe nada acerca de um acontecimento, estão em todo o lado estando num só sítio e perpetuam os acontecimentos na História – mas, mais do que isso, fez-se História na ESCS no dia 5 de abril.
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AUTORIA
Se virem uma rapariga com o cabelo despenteado, fones nos ouvidos e um livro nas mãos, essa pessoa é a Maria. Normalmente, podem encontrá-la na redação, entusiasmada com as suas mais recentes descobertas “AVIDeanas”, a requisitar gravadores, tripés, câmaras, microfones e o diabo a sete no armazém ou a escrever um post para o seu blogue, o “Estranha Forma de Ser Jornalista”… Ah, e vai às aulas (tem de ser)! Descobriu que o jornalismo é sua minha paixão quando, aos quatro anos, acompanhou a transmissão do 11 de setembro e pensou: “Quero falar sobre as coisas que acontecem!”. A sua visão pueril transformou-se no desejo de se tornar jornalista de investigação. Outras coisas que devem saber sobre ela: fica stressada se se esquecer da agenda em casa, enlouquece quando vai a concertos e escreve sempre demasiado, excedendo o limite de caracteres ou páginas pedidos nos trabalhos das unidades curriculares. Na gala do 5º aniversário da ESCS MAGAZINE, revista que já considera ser a sua pequena bebé, ganhou o prémio “A Que Vai a Todas” e, se calhar, isso justifica-se, porque a noite nunca deixa de ser uma criança e há sempre tempo para fazer uma reportagem aqui e uma entrevista acolá…!