Opinião

Direção: O Líder

Já há quase uma década que estou em posições de liderança. Nunca ganhei dinheiro com isso, é verdade, mas líderes que o são por razões maiores do que as financeiras não faltam no mundo, e são normalmente os mais prestigiados. Ao longo destes 10 anos, foram-me apresentadas muitas definições de o que é um líder, mas nunca nenhuma me pareceu tão certa como esta: um líder é aquele que leva pessoas a sítios.

Um líder é aquele que leva pessoas a sítios”. Adoro.

Parece vago? O trabalho de um líder também o é. É amplo? O trabalho de um líder também o é. Mas está tão correcto. E adapta-se a todas as realidades.

Para perceber esta definição (e o quão certa ela é), é necessário perceber a divisão de conceitos presentes nesta frase, nomeadamente no que toca a “pessoas” e “sítios”. As “pessoas” são os liderados, pois claro, e os “sítios” são os destinos, os objectivos. Olhando para qualquer líder da nossa vida, conseguimos encaixar este conceito no seu trabalho.

Por exemplo, o primeiro-ministro de Portugal. Esta figura é líder do governo do nosso país e lidera os destinos de Portugal como um todo. É fácil perceber quem são as “pessoas” que o primeiro-ministro lidera: são os portugueses. Já os “sítios” onde os leva são variadíssimos, e é aqui que se concentra a discussão política. Claro que todos querem o mesmo – prosperidade -, mas aquilo que “prosperidade” significa pode não significar para uns o que significa para outros, logo, os “sítios” onde querem levar os portugueses são diferentes.

Um exemplo inverso pode ser o de líder de uma congregação religiosa: sabemos que o “sítio” onde qualquer padre, pastor, etc. quer levar a sua comunidade é àquilo a que vou denominar de “êxtase espiritual” (abrangente o suficiente para cobrir todas as concepções, diria). Mas já vi padres que só trabalhavam em paróquias com base católica forte e que se recusavam a “pôr a mão na massa” na ligação com os pobres e oprimidos (apesar de o pregarem), e já vi pastores com um sentido de missão tão grande que abrem as portas das suas congregações a todos, ou chegam mesmo a fazer as malas e partir para um país pobre e que precisa de ajuda e liderança. As “pessoas” são diferentes de líder para líder neste caso, mas o “sítio” é sempre o mesmo.

Claro que tudo isto é muito mais complexo do que a divisão que fiz: afinal, um líder preocupa-se (e muito) com todos estes factores. Mas sabermos quem são as nossas “pessoas” e sabermos os “sítios” onde queremos chegar com elas é imprescindível para o nosso sucesso como líderes.