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O mundo para além do Coronavírus

Portugal está em estado de emergência. A partir da meia noite de domingo, o país vai ter de aprender a lidar com novas rotinas. Muitos portugueses já estão em quarentena voluntária, mas agora as coisas vão mudar ainda mais. Somente os serviços essenciais vão permanecer abertos e as saídas à rua só podem ser feitas com propósitos muito específicos como ir ao supermercado, passear o cão, ir à farmácia, ir trabalhar, ir ao banco ou dar um pequeno passeio pela área circundante da casa. Foram anunciadas medidas de apoio social para aqueles que permanecem em quarentena e para as empresas que tentam sobreviver nesta época em que o consumo deve ser reduzido ao mínimo. Ficar em casa é parte da missão, mas não é demais relembrar os outros pequenos comportamentos que podem evitar a transmissão do vírus. Por isso, pense na última vez que lavou as mãos, e se for preciso volte a lavá-las. E lave-as bem, pelo menos durante 20 segundos. Certifique-se de que está longe das outras pessoas. Um metro de distância ainda permite ter boas conversas. Não espirre nem tussa perto dos outros. Mas se não houver outra hipótese, tussa para o antebraço ou para um lenço que deverá colocar logo no lixo. Desinfete regularmente os locais onde toca mais frequentemente.

O mundo parou para conseguir conter o Covid-19. Ou pelo menos assim parece. Numa altura em que todos os dias os telejornais são invadidos por notícias sobre o coronavírus, outros assuntos passam completamente despercebidos. Por isso, a ESCS MAGAZINE compilou alguns dos acontecimentos mais importantes desta semana a nível internacional.

Eleições na Bolívia adiadas

            Em novembro de 2019, a ex-senadora Jeanine Áñez autoproclamou-se presidente interina da Bolívia. A opositora de Evo Morales prometeu que haveria eleições em breve, mas a chegada do novo Coronavírus levou à imposição da quarentena de 14 dias. O Supremo Tribunal Eleitoral boliviano (TSE) decidiu adiar as eleições presidenciais e legislativas que aconteceriam no dia 3 de maio.

Foto de: Aizar Raldes/AFP

A Bolívia vai continuar na situação excecional que tem vivido até agora. As eleições realizar-se-ão quando se registarem as “condições mínimas”, segundo Salvador Romero, presidente do TSE. Os partidos políticos concordaram com a decisão, mesmo depois de Evo Morales ter afirmado que “a direita golpista já andava à procura da suspensão [das eleições] antes de esta pandemia estoirar”. Evo Morales encontra-se na Argentina como refugiado político depois de denunciar um golpe de Estado que ocorreu logo após as eleições de outubro, consideradas fraudulentas pela oposição.

Coreia do Norte anuncia novos mísseis de curto alcance

A Coreia do Norte lançou dois mísseis de curto alcance a partir de Pyongyang do Norte (oeste). O exercício acompanhado pessoalmente por Kim Jong-un faz parte de uma nova arma tática guiada.

Imagem de Kim Jong-un divulgada pela agência KCNA   
Foto: KCNA/ via REUTER

O exército da Coreia do Sul confirmou o teste e classificou a situação como “extremamente indesejável” perante a pandemia que afeta todo o globo. Em 2019 deu-se a Cimeira de Hanói que tinha ideias como a desnuclearização da Coreia do Norte, mas Donald Trump achou insuficiente a oferta de desarmamento de Kim Jong-un e recusou-se a levantar as sanções económicas. Desde então as conversações entre os dois países permanecem suspensas.

Quatro homens enforcados na Índia por violarem e assassinarem uma rapariga em 2012

“Nirbhaya”, nome fictício que significa “sem medo”, foi abusada sexualmente por seis homens, durante uma hora e meia, num autocarro em andamento em Nova Deli e depois espancada até à morte. A rapariga sem medo tinha 23 anos e era estudante universitária. Sete anos depois do crime, o caso chega ao fim com a imposição da pena de morte a quatro dos seis violadores. Um dos outros dois homens suicidou-se antes de conhecer a sentença e o outro homem, que era menor, cumpriu a pena máxima permitida para a idade: 3 anos de prisão num centro educativo.

Foto de: Harish Tyagi / EPA

O crime chocou o país e o mundo e lançou o debate sobre a violência sexual contra mulheres e menores na índia.  Swati Maliwal, diretora da Comissão para as Mulheres do governo de Deli, classificou o dia como histórico e afirmou que “o país enviou uma forte mensagem aos violadores”.

A morte da rapariga “sem medo” levantou uma onda de protestos, alguns violentos, contra a indiferença das autoridades em relação aos crimes de violência sexual e da ineficácia da lei. O caso de “Nirbhaya” trouxe alterações para a lei, nomeadamente o alargamento do conceito de violação e o aumento da pena de prisão para casos de violência sexual: vinte anos de prisão como pena mínima, e prisão perpétua ou pena capital para os casos de reincidência do condenado, ou casos de morte ou de danos irreversíveis para a vítima.

Artigo revisto por Miguel Bravo Morais