O nome de Rosa
Umberto Eco foi um dos maiores críticos, ensaístas e escritores do nosso tempo. Um homem de uma enorme cultura, acompanhou, estudou e dissertou sobre os principais acontecimentos dos séculos XX e XXI. Mas, acima de tudo, Eco foi um homem de linguagem: foi escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo e muito mais.
Nascido em 1932 em Itália, Eco cedo viu o seu raio de influência aumentar pelo mundo inteiro, como professor em universidades de renome nos Estados Unidos, no Canadá, em França, entre outros. Morreu este ano, a 19 de fevereiro de 2016, em Milão, com 83 anos.
O Nome da Rosa é considerado por muitos como o Magnum opus da obra do escritor italiano. Este livro, escrito em 1980, é, no fundo, uma história sherlockiana passada num mosteiro na Idade Média. Passa-se o ano de 1327 e William de Baskerville (nome bastante sugestivo), um monge franciscano, e Adso von Melk, um noviço que o acompanha, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália com a intenção de participar num conclave que iria decidir o futuro da Igreja. Sucede que uma série de assassinatos de clérigos ligados ao mosteiro consegue afastar as atenções do assunto que os tinha unido ali e cria uma aura de escuridão e medo por todos os monges.
Mas William de Baskerville não é um monge qualquer: William, tal como Holmes, tem um raciocínio lógico e uma capacidade de observação acima de qualquer contemporâneo e começa a investigar estas misteriosas mortes. Usando uma dedução lógica que mais parece ter saído de um livro de Conan Doyle, Baskerville vai desvendando os mistérios do mosteiro até chegar ao culpado de todos aqueles crimes e as suas razões. Depois de elaboradas várias teorias e de falsas acusações, William descobre o cerne da questão que está, simultaneamente, no cerne do mosteiro em que se encontram: uma enorme biblioteca que possui livros proibidos, o monge responsável por os guardar e um livro, supostamente de Aristóteles, que versava sobre o riso. Sim, o riso. “O riso é a fraqueza, a corrupção, o amolecimento da nossa carne. É a diversão para o camponês, a licença para o alcoólico e até a Igreja instituiu o Carnaval, espaço de muitos crimes e vícios. Portanto, o riso não passa de uma coisa vil (…)”.
Nesta genial homenagem ao morador de 221B Baker Street, Londres, Umberto Eco consegue, de forma cativante e entusiasmante, falar sobre o ambiente da Alta Idade Média, da ideologia vigente e do papel da Igreja na altura. É um quadro da época que Eco nos mostra nas páginas do livro e que nos colocam num mundo vibrante, que nos convida a participar na história.