Desporto

O percurso de Elisabete Jacinto, a piloto portuguesa que venceu o ‘Rali Africa Eco Race’.

Elisabete Jacinto conquistou, pela primeira vez na sua carreira desportiva, a vitória na categoria camião do ‘Africa Eco Race’.

A piloto portuguesa Elisabete Jacinto, em MAN (marca do veículo), ganhou pela primeira vez a prova de todo-o-terreno ‘África Eco Race’, ao terminar na segunda posição nos camiões à 11.ª etapa da competição, que decorreu na Mauritânia, localizado no Noroeste de África.

“Hoje correu tudo bem. Apesar de ainda termos feito algumas travessias de dunas, logo nos primeiros quilómetros, a especial era curta e muito rápida. Não tivemos problemas a assinalar e conseguimos imprimir um bom andamento. Alcançámos o segundo lugar nesta especial, que é muito positivo, e estamos verdadeiramente felizes com a nossa prestação nesta África Race”, destacou a piloto portuguesa, em comunicado.

Elisabete Jacinto vence categoria camião do Africa Eco Race

Legenda: A equipa de Elisabete Jacinto venceu a categoria camião do ‘Africa Eco Race’.

Fonte: Sapo Desporto.

A equipa lusa, composta por Elisabete Jacinto, José Marques e Marco Cochinho, cumpriu em 2:02.09 horas os 217,69 quilómetros cronometrados da especial deste sábado, que ligou Akjout e Fimlit, na Mauritânia, ficando a apenas 1.49 minutos do checo Tomas Tomecek, vencedor da corrida. O trio português terminou esta corrida especial, a última que integra a tabela classificativa, uma vez que a jornada do Lago Rosa já não entra nas contas finais, resultado que permite à piloto portuguesa assegurar a 5ª posição da geral. Elisabete Jacinto, José Marques e Marco Cochinho alcançaram a liderança da sua categoria no final da 5ª etapa desta grande maratona africana, posição que conseguiram manter firmemente até ao fim da corrida.

Na classificação final, Elisabete Jacinto ficou com uma diferença de 2:42.00 horas para o segundo classificado, o belga Noel Essers. A piloto portuguesa tem no seu historial vários triunfos entre os T4 (camiões) nas mais diversas provas africanas (Rali de Marrocos e Rali da Tunísia), mas nesta longa maratona de todo-o-terreno, uma das maiores da atualidade, a sua melhor classificação tinha sido até agora o segundo lugar da classe que alcançou em dois anos consecutivos, 2011 e 2012.

Elisabete Jacinto iniciou a sua carreira no mundo das motos e, posteriormente, iniciou-se nas corridas de camiões.

Elisabete Jacinto estreou-se como piloto de todo-terreno em moto, em 1992, ao participar no Grândola 300 com uma Suzuki DR 350, que não terminou devido a uma queda. Ao longo desse ano participou em várias provas e foi a 9ª classificada da Classe 5 (Motos a 4 tempos até 350cc) no primeiro Troféu de Todo-o-Terreno.

Em 1994, participa no Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno, com uma Honda XR 250, ficando em 12º da classe 5. Nesse ano, participa pela primeira vez numa prova do Campeonato de Todo-o-Terreno espanhol, a Baja de Alta Alcarria, obtendo o 5º lugar na Classificação Geral, e na Baja de Aragon, prova da Taça do Mundo com 650 km de extensão. Nos anos seguintes continua a participar no Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno e em provas espanholas, com Suzuki RMX250, e, em 1997, inicia-se em África ao participar no Rali da Tunísia com a Suzuki DR 350, onde obteve o 2º lugar da Classe Maratona até 400cc.

Entusiasmada com o seu resultado no Rali da Tunísia, Elisabete lança-se nas provas do deserto, participando pela primeira vez, em 1998, no Rali “Paris-Dakar, numa Suzuki DR 650, mas abandona a prova na 7ª etapa, devido a problemas mecânicos resultantes de uma preparação inexperiente. Em 2000, obteve a grande vitória da sua carreira ao concluir o Rali Dakar-Cairo, fazendo equipa com o piloto Mário Brás, em KTM Rallye. Classificou-se em 49º lugar da geral e vence a Taça de Senhoras. Ainda nesse ano faz a sua primeira experiência numa prova ao volante de um automóvel de Todo-o-Terreno, na Baja TT Optiroc, tendo como co-piloto a apresentadora de televisão Cecília Carmo.

Em 2001, participa no Rali Paris-Dakar, em equipa com Pedro Machado, naquela que foi a prova mais dura da sua vida, após o seu carro de assistência, conduzido por José Ribeiro, ter explodido sobre uma mina na fronteira de Marrocos com a Mauritânia, Elisabete realiza ela própria todas as tarefas de assistência e terminou o rali em 56ª lugar da classificação geral. Ficou, nesse ano, em 13º lugar na Taça do Mundo e foi 1ª entre as senhoras.

Em 2002, Elisabete põe fim às suas corridas em moto. Porém, decide iniciar-se na condução de Todo-o-Terreno em camiões. Em 2003, participa pela primeira vez no Rali Telefónica Dakar ao volante de um camião, tendo como navegador o belga Charly Gotlib e como mecânico o espanhol David Martin. Nesse mesmo ano participa no Rallye Aicha des Gazelles, um rali de navegação criado só para mulheres, no qual Elisabete Jacinto e Sofia Carvalhosa vencem a categoria SUV com um Renault Kangoo.

Em 2004, participa pela segunda vez de camião no Rali Paris-Dakar, num Renault Kerax 4×4, chegando em 26º lugar. Torna-se numa das primeiras mulheres do mundo a concluir este rali em camião. Participa em outras provas da Taça do Mundo e, no Rallye Optic Tunisie, torna-se na primeira mulher do Mundo a ganhar uma corrida “especial” ao volante de um camião. Em 2005, volta a participar de camião no “Dakar”, com Olivier Jacmart e Rui Porêlo, classificando-se em 24º da geral. Participa pela primeira vez no Rali ASMV Shamrock e vence a categoria camião.

Em 2006, a partida do “Dakar” efetua-se em Lisboa, Elisabete faz a prova a um bom ritmo de andamento, mas desiste devido a uma rotura do eixo da frente do seu Renault Kerax, que a obriga a passar dois dias e duas noites junto do veículo. Elisabete termina assim o seu contrato com a Renault Trucks. Associa-se à MAN Portugal e passa o ano a preparar o seu novo camião tendo em vista a sua participação no Lisboa-Dakar 2007.

No Lisboa-Dakar de 2007, Elisabete Jacinto, no seu novo camião MAN M2000, ascende ao 21º lugar da classificação geral e ao 7.º da classificação dos camiões com menos de 10 litros.
No ano de 2009, o Rali Dakar realiza-se pela primeira vez no Continente Sul Americano, tomando o nome de Dakar Argentina-Chile”. Elisabete ruma com a sua equipa ao novo continente e obtém um excelente 11º lugar à geral no primeiro dia de rali. Contudo, a sua participação ficou marcada pelo incêndio do seu camião durante a quinta etapa. As densas nuvens de pó e a degradação do piso, que provocava a imobilização dos automóveis na pista, estiveram na origem do seu embate na traseira do buggy do Ivan Muller, provocando o incêndio total dos dois veículos.

Elisabete adquire então um novo camião, o MAN TGS e dedica o ano de 2009 à sua preparação. Em junho de 2009, rumou a Marrocos para alguns testes, mas foi no rali de Marrocos que estreou o seu TGS em competição. Ganhou duas especiais e foi a segunda classificada entre os camiões. Desde 2011 até à presente data, Elisabete dedicou-se, entre outras coisas, à condução de camiões nas mais diversas competições, com destaque para o ‘Africa Eco Race’.

Revisto por: Beatriz Pardal