Música

O regresso de Miguel Araújo e António Zambujo aos palcos nacionais

Um portuense e um alentejano entram na Altice Arena com duas guitarras nas mãos. Podia ser o início de uma anedota qualquer, mas foi o que aconteceu por duas noites na capital. Miguel Araújo e António Zambujo juntaram-se, sete anos depois, para concertos em Lisboa e no Porto. Após 28 datas esgotadas em 2016, entre o Coliseu do Porto e de Lisboa, a dupla maravilha volta a juntar-se para encantar a capital e a cidade invicta, mas desta vez em salas maiores, como a Altice Arena e a Super Bock Arena. No passado dia 7 de outubro deram o segundo concerto em Lisboa, e a ESCS Magazine marcou presença.

A sala estava praticamente esgotada, com público de idades variadas. Pouco depois da hora marcada, os “Ujos” entram em palco, recebidos com palmas que pareciam não terminar. Soaram as guitarras, começando o concerto com “Fadista Louco” (música de António Mourão). De seguida, cantaram  “Catavento da Sé”, de Zambujo, e “A Incrível História de Gabriela de Jesus”, de Araújo. 

Com as vozes aquecidas com os dois êxitos das suas carreiras individuais, cantam e encantam com  “Romaria das Festas de Santa Eufémia”, numa versão já bem conhecida do público do tempo dos Coliseus de 2016. 

Durante o concerto, a questão sobre o caráter intimista que se podia perder pela passagem de Coliseus para a maior sala de espetáculos do país foi desaparecendo, pois Araújo e Zambujo têm o dom de fazer sentir qualquer um em casa quando se juntam para cantar e tocar. 

Fonte: Francisco Paraíso

Soou ainda um “cheirinho” de Cidade – o novo álbum de António Zambujo composto pelo amigo Miguel – com as músicas “Nas Bocas do Mundo” e “Sagitário”. Miguel explicou esta última música: “É sobre não aceitar ou não abraçar a postura da pessoa que entra na idade adulta. Somos crianças em corpos de senhores de idade”. Foi mais ou menos isso que se assistiu na Altice: dois miúdos, dois amigos de longa data, a partilhar histórias através da música. 

Houve ainda um momento em que cada um escolhia uma música do reportório do outro para cantar. Zambujo foi o primeiro, optando pela música “Desenhos Animados”, d’Os Azeitonas, banda onde Miguel foi compositor e guitarrista até 2016. Araújo escolheu  “Valsa Urgente”. Numa outra parte, movida pelo saudosismo dos tempos de juventude, Miguel Araújo recordou “Romeo & Juliet” dos Dire Straits, e António Zambujo a música “Rosinha dos Limões” de Artur Ribeiro.

Fonte: Francisco Paraíso

Soaram ainda êxitos das suas carreiras a solo, como  “Zorro” de Zambujo e  “Balada Astral” de Araújo, “com a lamparina lá no alto”, como pediu Miguel, iluminando a sala com as lanternas dos telemóveis. 

Segue-se um dos momentos mais aguardados da noite, o tão esperado “Rancho Fundo”. A plateia rendida aos encantos dos “Ujos” cantou como um coro. O jeito peculiar de cantar de Zambujo e de tocar de Araújo não deixou ninguém indiferente, fazendo deste momento um dos mais memoráveis da noite. 

Então, os dois largam as guitarras. Miguel senta-se ao piano e toca “Lua”, acompanhado por António na voz. Em seguida, cantam “Dá-me uma Gotinha de Água”, Zambujo com a mão no peito como alentejano orgulhoso que é, e são acompanhados, mais uma vez, pela voz do público. 

Soou ainda “Fui Comer uma Romã” e “Lote B”, com passagem subtil para a “Recantiga”. Cantaram “Dia da Procissão”, música do último CD de Miguel, Chá Lá Lá. Tocaram “Flagrante” e “Pica do Sete” com boas palminhas do público português. 

Despediram-se do público com uma ovação ensurdecedora que durou até voltarem para o palco. “Anda Comigo Ver os Aviões”, “Lambreta” e “Foi Deus” (de Amália Rodrigues) fizeram o encore. Os “Ujos” despediram-se do público lisboeta e nós deles. Esta dream team mostrou que conseguem fazer com que o público se sinta em casa, independentemente do tamanho da sala, durante duas horas de concerto. Com um copito ou outro foram fazendo a festa, e nós a festa com eles.

Fonte da capa: NiT

Artigo revisto por Beatriz Santos

AUTORIA

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A Maria João tem 24 anos e é aluna de Mestrado em Jornalismo. Desde cedo manifestou amor às artes e à escrita, entrando assim para o Jornalismo Cultural. Sempre acompanhada de um livro, a pensar em frases icónicas de filmes e séries, ou a cantarolar uma música qualquer, encontrou na ESCS Magazine a oportunidade de escrever sobre os seus temas preferidos!