Música

O Regresso dos Paramore: uma nova imagem com rostos antigos

Por mais de uma década, enquanto se estabeleciam como uma das bandas rock mais comerciais do novo milénio, Haley Williams tornou-se das figuras mais emblemáticas do universo pop-punk dos primeiros anos da década de 2000. Ano após ano, os Paramore conseguiram captar uma audiência bastante polarizada: a evolução da banda mudou-se dos cabeça de cartaz das Warped Tours aos palcos de grandes festivais musicais, como o Reading & Leeds.

Enquanto banda, e ao longo de quatro trabalhos de estúdio bastante diversos, os Paramore evoluíram enquanto pessoas. Da inocência agridoce de All We Know Is Falling, para a revolta ambígua de Riot!, passando pela melancólica, mas assertiva e voraz declaração de Brand New Eyes, a banda tinha chegado ao seu apogeu com Paramore, o disco autointitulado que não só lhes deu aclamação por grande parte dos críticos e fãs – venceram um Grammy até para a música “Ain’t It Fun”, o primeiro da carreira -, como uma nova e necessária imagem.

Mas, para além deste sucesso, os Paramore tiveram para acabar inúmeras vezes. A banda, ao longo dos anos, teve vários problemas com os seus membros, sendo Haley, a vocalista, o único membro desde o início da mesma. Ela tem conseguido manter este grupo vivo por mais de doze anos de existência. Mas, ao chegar aos 28 anos de idade, a realidade tem sido bastante diferente. No ano passado, enquanto passava por uma grave depressão (também devido à saída de Jeremy Davis, o ex baixista da banda), a cantora optou por se manter fiel aos princípios da banda e direcioná-la para um caminho completamente diferente: “não podemos fugir dos fumos das ações que fizemos no passado para sempre. A realidade volta sempre para nos bater na cara e, algumas vezes, fá-lo com bastante força”, contou Williams à revista New York Times: “pensei que pudesse haver uma alternativa. Não estava pronta para desistir”.

E, de alguma maneira, não o fez. No próximo dia 12 de maio, os Paramore vão editar o quinto disco de estúdio chamado “After Laughter”; desta vez, com um novo som, com uma nova atitude, mas com membros antigos. Zac Farro, o baterista dos tempos de “That’s What You Get” e “Ignorance”, voltou ao alinhamento inicial e ajudou os restantes membros – Haley e Taylor York, o guitarrista – a adotarem uma nova sonoridade a este novo trabalho. Podemos esquecer os power chords de guitarra e os vocais hiperativos e zangados. Agora os Paramore mergulharam em texturas mais cristalinas, ritmadas e sintetizadas dos anos 70 e 80, buscando influências a New Wave e Syhnthpop. As obsessões são bem visíveis já no primeiro single, “Hard Times”, lançado a 19 do mês passado: a atitude de Debbie Harry, produção à Talking Heads e postura à Cyndi Lauper deram uma nova pele a esta banda camaleónica.

“Hard Times” é provavelmente a música mais viciante que a banda lançou desde “Misery Business”, o single que os projetou a uma escala mundial, há precisamente dez anos. Este novo híbrido de “demasiado rock para o pop e demasiado pop para o rock” parece-se encaixar bem com a nova imagem dos Paramore e a banda não se importa com tal descrição: “musicalmente, nós podemos fazer tudo aquilo que quisermos, é isso que define os Paramore. Chegámos a um ponto com a nossa música em que já não queremos abanar as nossas cabeças”, contou a vocalista.

“After Laughter” é, então, uma nova afirmação da banda que já passou por tanto, mas que, no final, se ri de tudo – tal como a música indica: “Hard Times/ Gonna make you wonder why you even try/ Hard Times/ Gonna take you down and laugh when you cry”. O alinhamento do novo disco já está disponível, e, a uma primeira imagem, os títulos não são tão desoladores ou ferozes:
1. Hard Times
2. Rose-Colored Boy
3. Told You So
4. Forgiveness
5. Fake Happy
6. 26
7. Pool
8. Grudges
9. Caught In The Middle
10. Idle Worship
11. No Friend
12. Tell Me How

A banda já está a planear a próxima tournée mundial, que começará em Dublin, Irlanda, a 15 de junho. Irá, depois, percorrer as Américas e Ásia. Ainda não há uma data para Portugal, mas os festivais de cá ainda têm nomes por anunciar. “After Laughter” chegará às lojas a 12 de maio, pela gravadora Fueled By Ramen. A rir ou a chorar, ansiamos o regresso desta banda, que nos acompanha desde os nossos tempos de ensino médio.