Os Capitão Fausto já saíram de debaixo das saias da mãe
“Trabalhar nunca me fez bem nenhum, mas é melhor que ver o tempo a passar”, assim começam os Capitão Fausto, na primeira noite das suas duas datas esgotadas no Lux.
Para arrancar o concerto, que superou a hora e meia, “Morro Na Praia”, também a faixa inaugural do seu novo CD.
É fácil perceber que o destaque principal da noite seria o mais recente trabalho, mas pelo coro, entoado pelo público, ninguém diria que se tratava de músicas novas. “Semana Em Semana”, “Corazón” e “Os Dias Contados” foram trauteadas facilmente e sem hesitações. Músicas diretas ao assunto mas com novas camadas que resultam especialmente bem ao vivo.
Se a lotação da sala não fosse suficiente, esta foi a confirmação da apreciação por parte do público pelo novo trabalho da banda lisboeta.
Não podemos também esquecer as várias visitas a “Pesar O Sol” e “Gazela”, os discos anteriores dos Capitão Fausto. A setlist criada, saltando de álbum em álbum, brilhou tanto pela sua diversidade como pela sua harmonia e soube, sabiamente, dar ao público pequenas prendas dos CDs anteriores. Prendas essas retribuídas mil vezes pelo coro afinadíssimo em “A Célebre Batalha de Formariz”, “Litoral”, “Supernova” e “Santa Ana”.
O concerto continuou para um encore, “Nunca esquecer que a mocidade para nós chegou ao fim” foi o mote para “Alvalade Chama Por Mim”, um momento mais calmo da noite que abriu caminho para “Maneiras Más” e “Verdade”, que terminaram assim o repertório.
Usando a expressão empregada pelos próprios em “Os Dias Contados”, os Capitão Fausto saíram, de facto, das saias da mãe. A banda está mais madura e confiante mas sem nunca perder o carisma a que nos tem habituado.