Editorias, Opinião

Wage Gap?

Não há nada melhor para celebrar este sempre fofinho dia da Mãe do que uma boa dose de extrema polémica. Vamos falar de disparidades salariais entre os sexos? Vai ter de ser.

É muito frequente ouvirmos que as mulheres são injustamente menos remuneradas do que os homens. Diz a sabedoria popular que, por cada euro que um homem ganha, uma mulher ganha 77 cêntimos. O problema é o contexto destas estatísticas – elas só se verificam quando comparamos diretamente o salário médio da população ativa masculina com o da feminina em empregos full time. Mas, como os números também mentem, há uma negligência, quiçá propositada, na filtração de fatores relevantes, como o tempo de permanência no emprego em causa, o número de horas de trabalho semanais, as qualificações escolásticas, entre outros.

As feministas modernas, especialistas em vitimologia, afirmam que, mesmo considerando estes fatores, as mulheres continuam a receber em média menos do que os homens. É uma verdade mentirosa.

Tomemos como exemplo a profissão médica. Se observarmos a média salarial entre os sexos verifica-se uma aberrante discrepância. Claramente as mulheres recebem salários mais baixos do que os homens neste ramo! Novamente temos aqui gato com rabo de fora.

A verdade é que, seja por motivos de mentalidade ou de ordem biológica, as mulheres tendem a escolher especialidades médicas de mais baixa remuneração: pediatria, medicina familiar, psicologia e veterinária, por exemplo. Os homens dirigem-se mais para a cardiologia, a anestesiologia e outras especialidades médicas em que o cheque ao fim do mês é mais chorudo.

Outro aspeto descurado frequentemente é o da licença de maternidade. É muito difícil argumentar neste terreno, porque o mais microscópico passo em falso leva a acusações graves de sexismo. Fico-me por este gráfico, que apresenta uma potencial correlação proporcional entre a baixa por gravidez e o dito wage gap.

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Depois de todas as contas feitas, esta disparidade sexual entre os géneros quase desaparece. Não obstante, há cerca de 7-8% de falhas remunerativas que não têm aparente explicação económica. É extremamente provável que o verdadeiro sexismo esteja aqui. É onde devemos focar o combate. Mas temos de ser realistas e não criar falsos abismos entre os sexos. Esse tipo de mitologias só serve para agravar o atrito ideológico que se sente cada vez mais entre homens e mulheres.

Este artigo é escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico

AUTORIA

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João Carrilho é a antítese de uma pessoa sã. Lunático, mas apaixonado, o jovem estudante de Jornalismo nasceu em 1991. Irreverente, frontal e pretensioso, é um consumidor voraz de cultura e um amante de quase todas as áreas do conhecimento humano. A paixão pela escrita levou-o ao estudo do Jornalismo, mas é na área da Sociologia que quer continuar os estudos.