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Portugueses nas ruas de Angola por dólares

Captura de ecrã 2015-12-8, às 02.07.03
Com poucas possibilidades para obter euros ou dólares nos bancos, a solução tem passado por trocar o desvalorizado kwanza nas ruas das grandes cidades, como Luanda, pelas moedas dos Estados Unidos ou da Europa. Há uma escassez de dólares e ao que parece são necessários até 120 dias para que se façam os câmbios nos bancos. Isto tem criado complicações para a comunidade portuguesa: tem sido cada vez mais difícil enviar remessas a partir de Angola para o nosso país.

Com uma moeda que não se usa em mais nenhum lugar do mundo, Angola deixou de ser para muitos um destino para melhorar as condições de vida que não conseguem garantir em Portugal. A queda do preço do petróleo, de 81 dólares, no ano passado, para os 47 dólares atuais dificultou a situação do Estado, das empresas e da banca angolana, e levou a uma diminuição dos dólares disponíveis para a população e para a comunidade lusa que lá vive.

A solução tem passado por comprar dólares e euros a pessoas que, apesar de parecem estar a passear, estão nas ruas apenas para vender moeda. Fazem parte de uma solução ilegal, mas tem sido a mais rápida para os estrangeiros poderem «exportar dinheiro». Em alguns casos, segundo avança o Observador, 150 kwanzas nos bancos compravam um dólar, mas na rua o mesmo dólar equivale a 270 kwanzas. A situação tem-se revelado complicada para os portugueses, até porque não consideram vantajoso levar kwanzas para fora de Angola. Mais nenhum país do mundo usa a moeda e a conversão na banca do país é demorada, mostrando-se desvantajosa.

Dificulta o envio de remessas para as famílias que estão em Portugal e implica que trabalhem mais, já que comprar dólares e euros nas ruas implica uma desvalorização ainda maior da moeda angolana.

Em 2014, os portugueses que lá viviam enviaram perto de 248 milhões de euros, bem menos do que os 304 milhões do ano anterior. A estes números estão ainda associados os 80 mil que saíram de Portugal, que agora estão com ordenados em atraso, trabalhando na construção civil e representando cerca de 40% de todos os trabalhadores da área em Angola.