Cinema e Televisão

PRÉMIOS SOPHIA: A noite do Cinema

No passado dia 2 de Abril, decorreu mais uma cerimónia de entrega dos Prémios Sophia, que pretende, à semelhança dos prémios existentes noutros países, distinguir o melhor do cinema português. A ESCSMAGAZINE esteve presente e revela-te tudo o que aconteceu.

A escsiana Cláudia Semedo foi a anfitriã da cerimónia. A apresentadora e actriz referiu que os Prémios Sophia “são importantíssimos, porque o cinema é cultura e a cultura serve para reforçar a nossa identidade, para intervir quando as coisas não estão bem, e o cinema tem tido sempre esse papel. Portanto é muito importante celebrá-lo.”

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Noite de Homenagens
A noite do Cinema tornou-se numa noite de homenagens a personalidades que contribuíram para o Cinema Português. Manoel de Oliveira, que havia falecido no próprio dia da cerimónia, foi o primeiro homenageado da noite, logo no início da entrega de prémios, evocando a vida e obra do cineasta com a passagem de algumas imagens dos seus filmes. O presidente da Academia Portuguesa de Cinema refere que “para nós [Academia Portuguesa de Cinema] é, de facto, uma grande perca, mas ao mesmo tempo é lembrarmo-lo no dia em que nós celebramos o Cinema.”

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Também a actriz Dalila Carmo mencionou “eu estreei-me no Cinema com Manoel de Oliveira, no Vale Abraão. Para mim é um dia muito triste, apesar de achar que só conseguimos encontrar razões para celebrar, porque, com a idade que ele tinha e a manter-se no activo da maneira como ele manteve, acho que é um milagre da vida, e eu sinto-me muito grata por termos tido uma pessoa com a energia que ele teve para filmar até ao fim.”

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Outro dos grandes momentos emotivos da cerimónia foi a entrega do prémio carreira à actriz Eunice Muñoz, que, comovente, falou em público pela primeira vez desde que perdeu a voz. A actriz recebeu uma forte ovação por parte do público.

Após receber a homenagem, a actriz ainda emocionada referiu: “Senti-me muito feliz, quer dizer que as pessoas estão comigo e isso é muito reconfortante, e quer dizer que eu representei mais de 70 anos e que valeu a pena e que dei alguma coisa aos outros. Isso é muito importante.”

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O outro prémio carreira foi entregue a Luís Miguel Cintra, que não esteve presente na cerimónia.

Ainda foi feita uma homenagem às mulheres do Cinema Português através de um vídeo com os nomes de várias personalidades femininas ligadas ao Cinema em Portugal, ao mesmo tempo que se ouvia o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen, “O Mar dos Meus Olhos”, pela actriz Ana Bustorf.

O Vencedor: Os Gatos Não Têm Vertigens

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O filme de António Pedro Vasconcelos foi o grande vencedor da noite, conquistando nove troféus das 15 categorias para as quais estava nomeado, incluindo as quatro categorias principais: Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhores Actriz (Maria do Céu Guerra) e Actor (João Jesus) num papel principal.

Maria do Céu Guerra destaca os pontos fortes do filme: “É um filme que todos gostámos de fazer, é um filme complicado, que põe problemas, levanta questões, não é um filme doce, aliás o Cinema português gosta de pôr questões e isso é bom. É um Cinema questionador e este filme conseguiu sê-lo ao mesmo tempo que era divertido, pesado e leve, tinha um bom equilíbrio.”

A actriz destacou ainda a grande recepção por parte do público: “O público deu uma concordância ao filme. Gostou de ver tratados os problemas dos jovens, os problemas dos velhos, os problemas que existem dentro das famílias, e a liberdade das pessoas.”

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João Jesus venceu o prémio de Melhor Actor num papel principal com o primeiro filme em que participou. Feliz com a vitória, o actor destaca as cenas de contracena com Maria do Céu Guerra. “Na altura não percebi bem o que estava a acontecer, nós não fizemos muito para que existisse química, nem tivemos muitos ensaios, a química acabou por existir e isso não se pede. Mas eu olhava para os olhos da Maria do Céu e acreditava no que estava a acontecer e isso claro que facilita o trabalho.”

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Fernanda Serrano, nomeada para a categoria de Melhor Actriz num papel secundário, referiu que “Os Gatos Não Têm Vertigens” é um filme especial, “porque tem um argumento tão simples quanto genuíno, quanto belo, fala de valores que infelizmente já caíram em desuso, como a tolerância, a amizade, o acreditar no próximo.”

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Em representação de António Pedro Vasconcelos esteve a filha Patrícia Vasconcelos que se encontrava emocionada com a vitória do filme.

“Clandestinos do Amor”, a canção original do filme, interpretada por Ana Moura, venceu a categoria de Melhor Canção Original. A cantora, orgulhosa da sua canção, referiu que o filme a comoveu imenso ao sentir a sua voz a entrar no envolvimento da história.

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“Os Gatos Não Têm Vertigens” ganhou ainda as categorias de Melhor Montagem, Melhor Som, Melhor Banda Sonora e Melhor Argumento Original.

Já “Os Maias – Cenas da Vida Romântica” foi o segundo filme favorito, alcançando sete prémios, incluindo Melhores Actor (João Perry) e Actriz (Maria João Pinho) Secundários.

Prémios Sophia
Os Prémios Sophia surgiram em 2012 pela Academia Portuguesa de Cinema, pretendendo distinguir o melhor do Cinema Português em várias categorias. Recentemente foi também criado o prémio Sophia Estudante, entregue pela primeira vez nesta cerimónia. A actriz Joana Verona, júri deste novo prémio, afirma que “a Academia está a distinguir os jovens realizadores que ainda estão nas escolas, o que é fundamental para o papel de uma academia nacional.”

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Dalila Carmo foi um dos nomes que esteve na criação dos Prémios. A actriz faz um balanço do percurso destes troféus: “A ideia dos Sophias é precisamente homenagear o Cinema e os profissionais do Cinema. É um evento que está a ganhar cada vez mais credibilidade e notoriedade. Começámos discretamente e como tudo há um longo caminho. É uma grande vitória que a RTP passe em directo esta cerimónia pela primeira vez. A partir de agora é preciso fazer Cinema para que se mantenha e justifique este acontecimento.”

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Nesta noite dedicada ao Cinema, a ESCSMAGAZINE conseguiu descobrir um pouco mais sobre o novo projecto do realizador de “Florbela” Vicente Alves do Ó, que está a rodar “Amor Vadio”, uma comédia romântica, a estrear no final do ano, com actores conhecidos e novos actores, sobre um modelo diferente de produção.

Também Ruben Alves, realizador de “Gaiola Dourada”, desvendou que tem em mãos um projecto de música que envolve essencialmente o Fado.

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A Academia Portuguesa de Cinema anunciou ainda a criação do prémio Bárbara Virgínia, um troféu que, a partir do próximo ano, vai distinguir uma mulher portuguesa que se destaque na Sétima Arte.

AUTORIA

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Jaime Lourenço nasceu em 1993 e estuda Jornalismo. Desde muito cedo que adquiriu o gosto pela escrita e pelo universo do jornalismo. Aos 12 anos publicou o seu primeiro artigo no jornal Gazeta Escolar e passou a exercer funções no mesmo jornal. A partir daí o seu gosto pelo mundo dos media foi crescendo bem como a sua capacidade criativa e de redacção. É licenciado em Relações Públicas e Comunicação Empresarial pela Escola Superior de Comunicação Social. Actualmente além de estar a frequentar o Mestrado de Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social, é apresentador do programa de televisão E2 e tem participado em vários projectos e formações profissionais relacionadas com os Media. Em Maio de 2014 publicou o primeiro livro da sua autoria.