Cinema e Televisão

Requiem For a Dream: O retrato da dependência como não o esperamos

Requiem For a Dream, ou A Vida Não é Um Sonho (em bom português), é um dos épicos filmes de Darren Aronovsky. O realizador dos filmes Black Swan, Mother!, entre muitos outros, não põe mãos à obra para desiludir e esta obra do fim do século XX (ano 2000) não foi exceção. Conhecido por gerar controvérsia através do drama e do terror psicológico, Aronovsky não produz filmes para todos os gostos, mas não é isto que impede o enorme sucesso do mesmo. O filme em questão conta com a participação dos brilhantes Jared Leto e Jennifer Connelly, que interpretam as personagens principais Harry e Marion, Ellen Burstyn, que participou na icónica película Exorcista, e Marlon Wayans, estrela da saga Scary Movie.

A trama gira em torno de quatro personagens – a mãe solitária que procura algo a que se possa agarrar para passar os seus dias de forma mais fácil, o filho distante e sonhador, a namorada que não se consegue tornar independente e o amigo que nada de bom acrescenta – todos eles viciados, embora não na mesma coisa.

Fonte: Screengeek

Darren dividiu o filme em três estações: verão, outono e inverno. No verão, reina a felicidade, a euforia, os sonhos e planos para os concretizar. Onde tudo parece bonito e alcançável, refletindo-se todos estes sentimentos na atmosfera típica da estação – o calor abrasador e o sol reluzente que incentivam a liberdade de espírito ambicionada. É no outono que a decadência se inicia. A ausência de luz remete para o descer à realidade e para a tomada de consciência de que o futuro não será tão perfeito como outrora parecera. Na última parte – o inverno – o descalabro total dá-se, ditando o final de todas as personagens, com planos repletos de indícios trágicos (a noite, a escuridão, a chuva).

Requiem For a Dream leva-nos a refletir sobre o impacto que os vícios têm na nossa vida, ainda que muitos destes nos pareçam inofensivos. É-nos dado um retrato completo do que é a mente e o quotidiano de uma pessoa viciada, acompanhando as personagens desde a sua golden era até baterem no fundo do poço.

Assim como os outros de Aronovsky, também este filme não se adequa a toda a gente. Devo confessar que, inicialmente, achei o filme tedioso: facilmente me desconcentrava e pensava várias vezes se o filme estaria sempre naquele registo, mas, sem me dar conta de tal, o filme acabou em menos de nada. A forma como se foram dando os acontecimentos; a mudança de planos; a euforia das luzes, dos sons, da banda sonora; o declínio de cada uma das personagens; a mudança tanto física como psicológica dos mesmos; e tudo isto misturado com uma realidade retratada que nos é tão próxima fez com que me colasse ao ecrã de uma forma que nunca pensei ser possível nos primeiros cinco minutos de filme.

Dito isto, e sem querer revelar muito mais, se ponderarem ver esta obra-prima é necessário ter em atenção o facto de que não estão aqui presentes planos bonitos e muito menos um final feliz. Se já conhecem um bocadinho da cinematografia de Aronovsky e gostam (tal como eu) da mesma, go for it! Se não for esse o caso e quiserem saber mais sobre este, então aguardem, pois trarei o assunto à baila novamente!

Artigo redigido por Filipa Amaro

Artigo revisto por Miguel Bravo Morais

Fonte da imagem de destaque: IMDb

AUTORIA

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Quase ingressou no curso de cinema aquando do início da sua jornada no ensino superior, porém, à última hora, decidiu que afinal queria enveredar pelo mundo do jornalismo. Veio da área dos números, mas após a sua entrada na ESCS Magazine - que tomou como um desafio - descobriu um gosto imenso pela escrita. Agora, enquanto editora da Secção de 7ª Arte, ambiciona proporcionar o conforto que sentiu quando entrou na Magazine a todos aqueles que, tal como ela, são apaixonados por cinema.