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Restrições ao consumo de água no Algarve

A seca extrema no Sul de Portugal, especialmente na zona do Algarve, obrigou à implementação de medidas de restrição do consumo de água em diversos setores por parte do Governo.

Nos últimos meses, a região do Algarve e do Alentejo tem enfrentado uma crise preocupante devido à falta de água. A escassez de chuvas e as altas temperaturas têm exacerbado as condições já áridas do Algarve e do Alentejo, resultando em reservatórios de água cronicamente baixos, prejudicando maioritariamente a agricultura e o consumo doméstico, mas também muitos outros setores.

António Eusébio, presidente das Águas do Algarve, reconheceu a acentuada falta de água na região que tem gerado um cenário crítico nas barragens do Algarve. No Encontro Nacional de Entidades Gestoras da Água (ENEG) constatou-se que, no seu todo, as barragens algarvias atingem apenas 56 hectómetros cúbicos (hm3), quando a expectativa é uma média de aproximadamente 115 hm3. No final de 2023, António Eusébio já tinha alertado para uma grande dificuldade a ter de ser enfrentada em 2024 – não ter água suficiente para todo o ano.

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Medidas e soluções

Desta forma, o Governo reuniu-se para acordar medidas de implementação para a prevenção deste cenário. Por um lado, foram tomadas medidas a curto-prazo. Assim sendo, dá-se a redução de 15% do consumo urbano na região face ao ano anterior, bem como a redução total de 25% no abastecimento agrícola.

A esta segunda redução está compreendida a redução de 50% do volume reservado para a rega no perímetro do Sotavento, tal como a redução de cerca de 40% do volume de água utilizado para rega na Albufeira do Funcho e a redução de 15% da captação de água subterrânea para rega. Já no setor do Turismo, ficou decidida a redução de 15% do consumo nos empreendimentos turísticos, assim como a redução em 15% da captação de água subterrânea. 

Por outro lado, foram criadas medidas de caráter estrutural a médio-longo prazo. Será dado início à construção de uma dessalinizadora em Albufeira, com capacidade para tratar 16hm3/ano e que poderá vir a atingir uma capacidade de 24hm3/ano, medida que atualmente está em processo de Avaliação de Impacte Ambiental. Adicionalmente, haverá a realização de um aumento das afluências à barragem de Odeleite, através da captação do Pomarão, que irá trazer mais 30hm3, medida esta que também está atualmente em processo de Avaliação de Impacte Ambiental.

Além disso, dar-se-á o aumento da capacidade útil da barragem de Odelouca, através da descida do nível de captação, o que já está atualmente em curso. Ainda assim, será realizado um reforço da interligação do sistema de abastecimento público do Barlavento/Sotavento, o que também está atualmente em curso, bem como a execução de um aumento da disponibilização de Água para Reutilização para a rega de campos de golfe e agrícola e a redução das perdas no setor urbano e no setor agrícola, nos perímetros hidroagrícolas.

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Consequências

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) já veio condenar a ação do Governo, por considerar as medidas injustas, sobretudo para os agricultores. A CAP relembrou que em causa estão muitos empregos, bem como a viabilidade de várias empresas, apelando à realização de um plano específico de apoio a todas as empresas que ficarão sem rendimentos, devido à situação. Além disso, salientou a importância de agir rapidamente face à situação, sendo já estas medidas tardias para a resolução da escassez de água e tendo consciência de que tenderá a manter-se e a piorar. 

Por tudo isto, em março deste ano haverá um aumento significativo do preço da água em praticamente todos os escalões de consumo doméstico, bem como nas áreas do comércio, hotelaria e indústria. Segundo António Pina, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) e da Câmara de Olhão, em declarações ao Expresso, o aumento do preço só não irá afetar o primeiro escalão: “no segundo escalão, onde estão a maioria dos consumidores, o aumento será de 15%. No terceiro, o aumento é mais significativo, de 30%, porque estamos a falar de usos para além daquilo que é razoável para uma família”.

Tal como quem tem uma piscina,“no quarto escalão, o aumento será de 50%”. O objetivo é garantir mais uma vez que a água armazenada chegue até ao final do ano de 2024.

Exemplo prático das alterações climáticas

A persistência desta seca extrema não só expõe a vulnerabilidade das regiões à variabilidade climática, como também serve de lembrete incontestável de que a ação humana desempenha um papel crucial para a resolução deste cenário. As alterações climáticas provocam padrões meteorológicos extremos, como a falta de chuvas e temperaturas elevadas, tornando imperativo a adoção de medidas significativas para mitigar estes efeitos com antecedência. 

É crucial a criação de uma sensibilização e consciencialização global para a necessidade de preservarmos os recursos naturais, adotando hábitos diários sustentáveis, que irão prevenir cenários críticos num futuro próximo. A seca no sul de Portugal, em especial no Algarve, não é apenas um desafio local, mas um aviso global para a ação e mudança. Somente através do compromisso conjunto e da consciencialização podemos estar aptos a superar os desafios impostos pelas alterações climáticas e garantir um futuro sustentável para as gerações vindouras. 

Fonte da capa: Público

Artigo revisto por: Mariana Céu

AUTORIA

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A Madalena está no último ano da licenciatura em Audiovisual e Multimédia. Antes disso, já esteve em Engenharia Mecânica e em Relações Públicas. Tudo tem algo de interessante para a Madalena, o que faz com que queira aprender sobre tudo, por isso, também ser Redatora na ESCS Magazine, pelo seu gosto e interesse pela escrita. E a seguir a Audiovisual e Multimédia? Com certeza que irá aprofundar mais algum dos seus variados gostos... será Biologia? Música? Cinema?