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Séries para todos os gostos

Sendo grandes amantes de séries ou não, a verdade é que já todos começámos a ver uma série sem saber bem o que esperar desta. Muitas das vezes, isto resulta num sentimento de desilusão porque aquilo que vimos não nos preencheu as medidas. Posto isto, deixamos-te aqui algumas sugestões de séries para veres nos tempos livres:

  1. Game of Thrones (2011), David Benioff e D. B. Weiss

Adaptada dos livros escritos por George R. R. Martin, esta série causou furor desde o momento em que foi lançada. Conquistou fãs em todo o mundo e com os mais variadíssimos gostos e interesses, devido à perfeita articulação entre intrigas, poder, amor, honra e fortuna.

O enredo passa-se há muito tempo, num tempo já esquecido, e numa terra na qual cada verão e inverno pode durar vários anos. Depois de um verão de 10 anos, o inverno que se aproxima traz consigo um futuro sombrio e cheio de ameaças. “The winter is coming” é talvez a frase mais icónica desta série que já conta com 7 temporadas. Esta foca-se no Reino dos Sete Reinos e nas disputas entre as famílias reais que desejam o Trono de Ferro, o símbolo do poder absoluto.

Não existe atualmente nenhuma série do mesmo estilo. Apesar de falar de fantasias medievais, de dragões e outros seres de fábulas, a verdade é que Game of Thrones consegue ser bastante realista. A qualidade de cada cena e episódio é inegável, tendo sido investido em média um valor de 9 milhões de euros por cada episódio da sexta temporada, por exemplo.

Quem à primeira vista não se deixa impressionar com esta série, por misturar Aventura/Drama/Fantasia, com certeza se irá maravilhar com a surpresa que terá. Ao descobrir a complexidade da história que envolve toda esta série, é quase impossível não vibrar com cada acontecimento, por mais pequeno que seja, que afete alguma das personagens, que nunca estão seguras.

 

  1. Grey’s Anatomy (2005), Shonda Rhimes

Um drama médico? Parece, à primeira vista, uma aposta fácil para uma série que se aguente durante 2 temporadas antes de se tornar demasiado monótona. Grey’s Anatomy, que tem este nome devido ao livro de anatomia de Henry Gray, é tudo menos isto. Não é por acaso que já vai a meio da 14º temporada.

A série centra-se nas vidas profissionais e pessoais dos médicos do hospital que inicialmente se chama Seattle Grace. Em cada episódio são contadas as histórias dos novos doentes e a forma como estes serão tratados pelos médicos, sendo possível ver cada episódio sem ser preciso ter visto o episódio anterior. No entanto, a parte apelativa da série assenta na exploração da vida pessoal de cada personagem. Esta série faz com que o espectador se apaixone pelas personagens nas quais se foca o enredo.

Ao acompanhar as felicidades e os infortúnios da vida destes médicos há mais de 10 anos, o espectador cria uma ligação com cada um deles e sofre com eles. É uma série que deixará, certamente, os mais sensíveis a nadar numa piscina de lágrimas. Grey’s Anatomy é, portanto, considerada um dos grandes dramas da última década.

 

  1. Body of Proof (2011-2013), Christopher Murphey

Tendo como personagem principal Megan Hunt (interpretada por Dana Delany), uma das maiores neurocirurgiãs do país, o enredo foca-se na sua vida após um acidente de carro que a impede de entrar novamente numa sala cirúrgica. Como não se pode matar quem já está morto, Megan torna-se médica-legista. Procura reerguer-se sem, no entanto, abandonar a sua postura autoritária.

A partir do momento em que isto acontece, Megan passa a ser surpreendida por diversos casos de homicídios, acidentes e quebra-cabeças que terá de resolver. Apesar de tudo isto, não é uma série pesada e pode ser vista até pelos mais sensíveis. São mostrados corpos, sangue e cortes, no entanto, a série nunca se foca na violência destes acontecimentos. O intuito desta é provocar diversas emoções ao espectador: momentos de diversão, tensão, angústia e satisfação. Tudo isto conseguido, em grande parte, pela profunda exploração que é feita à personagem de Dana Delany.

Para além do aspeto profissional, a narrativa debruça-se também sobre a vida pessoal da Dra. Hunt: a tentativa de reaproximação à sua filha, os amores e os desamores e a tumultuosa relação que nutre pela mãe. Body of Proof junta o melhor dos dois mundos.

 

  1. Modern Family (2009), Steven Levitan, Christopher Lloyd

A comédia familiar que promete pôr qualquer um a rir. A série é gravada como se fosse um documentário e segue o dia-a-dia da família Pritchett. Isto remete para uma espécie de reality show, pois são acompanhadas as peripécias de cada personagem junto da sua família e são ainda mostradas entrevistas individuais a estas.

Divertida e leve, esta série conjuga um leque de variadíssimas personagens, muitas vezes estereotipadas e julgadas pela sociedade. Desta forma, retrata situações hilariantes que se julgam típicas em determinados seios familiares. No entanto, o objetivo dos criadores é que estes estereótipos desapareçam e que as pessoas se tornem menos críticas em relação às escolhas de vida dos outros. Apesar de ser uma história cómica, tem um objetivo bastante importante.

 

  1. Narcos (2015), Carlo Bernard, Chris Brancato, Doug Miro e Paul Eckstein

Baseada na história verídica de Pablo Escobar (interpretado por Wagner Moura), o maior narcotraficante da história, a série conta já com 3 temporadas. É a história real dos esforços dos Estados Unidos da América e da Colômbia no combate a este traficante e ao cartel de Medellín, uma das organizações mais ricas e violentas de toda a história.

A analogia entre a história real e a dramaturgia faz com que o enredo nunca perca a força. A série é formalista, tal como deve ser. Desde objetos usados na época a localizações tropicais representativas da América Latina, grande parte da sua força deriva da reconstituição fiel à época que está a ser retratada.

Esta é uma série que tem feito bastante sucesso. Ao ser fiel à realidade, existe um entusiasmo acrescido em relação à mesma. Faz com que o espectador sinta toda a emoção adjacente ao tráfico praticado na Colômbia e a todas as ações da polícia dos Estados Unidos e na Colômbia no combate a este problema.

 

  1. Boston Legal (2004-2008), David E. Kelley

Boston Legal é um spin-off da série The Practice (1997), também de David E. Kelly, embora lhe dê uma continuidade um pouco irónica e repleta de humor negro. Centra-se nas peripécias dos advogados da Crane, Poole, and Schmidt e conta com um elenco excecional. James Spader (que interpreta Alan Shore), William Shatner (Denny Crane) e Candice Bergen (Shirley Schmidt) são só alguns dos fantásticos atores que dão vida às personagens desta série. A trilha sonora é igualmente memorável, contando com uma predominância de Blues e Jazz.

A série foca-se, portanto, na vida pessoal e profissional deste grupo de brilhantes advogados. É notável a forma como cada personagem é explorada até ao ínfimo pormenor. O criador sabe exatamente o que dar ao espectador para que a série cause o impacto pretendido. A personagem que por vezes não é muito adorada consegue, num ápice, transformar-se na personagem pela qual todos os espectadores irão desenvolver uma inesperada empatia. Cria-se uma espécie de espantoso jogo com as emoções dos espectadores.

Ao serem confrontados com problemas sociais e morais, enquanto os advogados tentam conquistar fama, fortuna e felicidade, o público nunca é, de forma alguma, subestimado. Isto é a grande qualidade que diferencia esta série das demais. Ao longo dos episódios existem pequenos momentos nos quais as personagens brincam com o facto de esta série ser uma história. É brilhante a ideia de as personagens saberem que estão dentro de uma história, ao contrário das restantes séries, nas quais as personagens estão numa fantasia que consideram realidade. O facto de as personagens terem a noção de que são apenas personagens cria toda uma nova dinâmica não habitual em séries.

Boston Legal combina mesmo o melhor dos dois mundos: diálogos impactantes, inteligentes e repletos de humor negro e sarcasmo, e boas personagens, coerentes e fortes. Os diálogos, escritos na perfeição, entoados pelo excelente leque de atores transformam-se em música para os ouvidos de todos os amantes desta série. O melhor exemplo disto é mesmo a personagem Alan Shore (interpretada por James Spader): cada fala foi cuidadosamente criada e interpretada de forma a que o espectador tenha à sua frente pura inteligência, elegância e dignidade.

Boston Legal não é “mais uma série jurídica”. Está muito acima disso. Levanta questões morais, religiosas e políticas que são abordadas de forma a que o espectador se questione acerca delas, tal como um bom advogado deve fazer. Esta série transforma cada espectador num advogado. Enquanto isto, de forma aparentemente inocente ou não, lança várias críticas ao Governo. Foi escrita a pensar no espectador, o que torna a despedida extremamente difícil.

 

  1. The Big Bang Theory (2007), Chuck Lorre e Bill Prady

Talvez uma das comédias mais inteligentes de todo o sempre. The Big Bang Theory explora a vida de quatro físicos que pouco conhecem acerca da vida fora do seu laboratório. Quando conhecem a nova vizinha, Penny (interpretada por Kaley Cuoco), a vida de todos vai alterar-se.

Os quatro físicos juntos têm uma química perfeita, não só pela inteligente construção dos diálogos, como pela interpretação dos atores. É importante destacar a atuação de Jim Parsons (como Sheldon), que interpreta fenomenalmente uma personagem impassível em relação a imensas situações e extremamente compulsiva com tudo. Para Sheldon, tudo tem de ter uma explicação lógica.

A junção de Kaley Cuoco ao elenco foi o contraste perfeito entre “nerds” e o estereótipo de loira burra. A construção desta personagem é notável pelo facto de, apesar de representar um estereótipo, não se tornar exagerada.

Apesar do elenco, que não poderia ter sido melhor escolhido, o sucesso desta série assenta em grande parte no roteiro da mesma. É notável a forma leve e natural com que são inseridas equações matemáticas, explicações e dezenas de símbolos da cultura “pop/nerd”, que conseguem até agradar aos que não têm um grande interesse em relação a estes tópicos.